Os caminhos das escolas
Os jornais de hoje estão repletos de informações e comentários sobre os dados fornecidos pelo Ministério da Educação ácerca do aproveitamento dos alunos dos estabelecimentos de ensino secundário, nomeadamente os números da classificação interna de frequência e os resultados dos exames nacionais. É o impropriamente chamado "ranking das escolas".
Sempre envolta em polémica, alegadamente pelos equívocos e más interpretações que proporciona, a mim sempre me pareceu utilíssima. Basta fazer uma breve análise das informações disponibilizadas para se concluir que permitem observações interessantes e valiosas sobre o nosso ensino e as nossas escolas. Quanto a interpretações ignorantes ou superficiais, não creio que esse perigo constitua argumento contra a divulgação pública: nesse caso todos os dados estatísticos teriam que ser secretos.
Entretanto, chamo a atenção para outra notícia, esta de Inglaterra: foi anunciada a "tolerância zero" nas escolas.
Concretamente, a partir das propostas de um grupo de trabalho constituído por professores, de que Alan Steer se tornou a cara conhecida, foi legislado no sentido de atribuir aos professores e às escolas inglesas mais poderes para castigar alunos indisciplinados e pais desinteressados.
Também por lá, o mau comportamento escolar tinha sido considerado um problema nacional. O relatório da comissão Steer (obviamente tornado público) propôs dar aos professores "direitos claros e inquestionáveis" para conseguir deter os maus comportamentos dos alunos, defendendo que deviam ser claramente definidos os "direitos e responsabilidades de professores, alunos e pais." A Associação de Professores apoiou, e considera o relatório "o primeiro passo para equilibrar a equação entre os direitos individuais de cada aluno e os direitos colectivos da comunidade escolar." Um inquérito realizado entre os professores ingleses revelou que 80% consideram que os problemas disciplinares resultam da falta de controlo dos pais e quase três quartos dizem apoiar a abordagem "tolerância zero" para o mau comportamento.
Em Portugal, quem trabalhe em contacto com qualquer Direcção Regional de Ensino sabe dos números extraordinários de baixas, depressões, esgotamentos, juntas médicas...
Todavia, é de bom tom só falar nas consequências, e discretamente. As causas não podem ser referidas, para não ferir as vacas sagradas das doutrinas pedagógicas oficiais (e únicas).
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