quinta-feira, novembro 10, 2005

O programa liberal

Digam sinceramente os leitores se não reconhecem o discurso dos nossos liberais, repetido incessantemente nestas últimas décadas, nos versos satirizantes de Guerra Junqueiro, que bem os topou cem anos antes:

Que precisamos nós? Libras! Libras, dinheiro!
Libras d`oiro a luzir! Onde as há? No estrangeiro?
Muito bem; o remédio é claríssimo, é visto:
Obrigar o estrangeiro a tomar conta disto.
Impérios d`além-mar, alquilam-se, ou então
Sorteados - em rifa ou à praça - em leilão.
E o continente é dá-lo a um banqueiro judeu,
Para um casino monstro e um bordel europeu.
Fazer desta cloaca, onde a miséria habita,
Um paraíso por acções, - cosmopolita.
Dar jogo ao mundo, ao globo! uma banca tremenda!
Calculo eu daí uns mil milhões de renda.

5 Comments:

At 1:07 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Caro Manuel Azinhal

Guerra Junqueiro foi um mau poeta e um péssimo carácter.
Fico admirado de o ver em destaque no seu distinto blogue.

 
At 2:41 da manhã, Blogger vs said...

O Junqueiro era um pândego.

Ao ler estas linhas, podemos constatar os profundíssimos conhecimentos de Ciências Políticas e Económicas do dito cujo.
UM ASSOMBRO!


O que interessa é que, mais de cem anos volvidos, aqui estamos nós, com o Liberalismo (finalmente, aleluia!) a erguer-se, em crescendo, por entre as ruínas fumegantes do pouco que resta do Socialismo (coitado).

Desejo muitos e bons anos de vida ao Manuel, para que possa vislumbrar a ascensão.
Até porque vai haver festança (e da grossa) e, como se sabe, não há festa nem festança, em que não apareça a Constança.

uma nota: nunca percebi essa associação 'insistente' de banqueiro+judeu.
Serão os banqueiros todos judeus?
E os judeus, serão todos banqueiros?

E, em jeito de aggiornamento, porque não 'dá-lo a um banqueiro árabe'?!...que são agora quem mexe os cordelinhos de muita da grande finança (petro-dólares oblige).

Enfim, são fetiches, e cada um tem os que quer...

 
At 9:34 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Não me envolvendo em juízos 'após a morte' - limitações de crente - direi que aí Junqueiro foi de facto Poeta profeta. Bendito quem tem boa memória e a lembra aos outros. Um abraço e bem haja.

 
At 11:22 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Subscrevo a saudação, ao Azinhal, pela memória oportuna. Eu, que quero ser libertário, liberal não sou. Esquecem os liberais que, sendo bom, o Negócio, antes do Negócio há a Produção e para haver produção tem de haver Povo e Nação e, do que se alimenta em corpo e espírito, a Nação, tem de haver Pátria. Dizem os liberais: "O carro é para andar!". E tocam de voar a 200 à hora. Num instante se acaba com o carro e o condutor. Não subscrevo, pois claro, a carroça do socialista. Mas que o condutor saiba o que faz, conheça o carro e a estrada, é o mínimo a que se pode aspirar.

O Junqueiro podia ser mau caracter mas não era burro. Eu tambem estou cada vez pior... não é por mal, pelo contrário; confrange-me é ver os "meus brother" (agora é moda fadista falar assim entre os "jovens") tão capazes na Indústria e noutras virtudes básicas, estarem tão cegos. Uns querem "uma sociedade mais justa" outros "uma sociedade mais rica". Nem uns nem outros reparam que, por este andar, não haverá, simplesmente, Sociedade. Isto enerva! Pobre Junqueiro, pobres de nós!

Um abraço ao Azinhal do João Baptista (reconquista.do.sapo.pt)

 
At 3:48 da tarde, Blogger Flávio Santos said...

http://santoscasa.blogspot.com/2005/11/renda-dinheiro-aces-cosmopolitismo.html

 

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