sexta-feira, janeiro 20, 2006

Delinquência juvenil


10 de Junho de 1977 (setenta e sete): a cabeça da manifestação convocada pela "Comissão Nacionalista para o Dia de Portugal", vinda da Rua do Carmo, passa frente à livraria do Diário de Notícias, no Rossio.

8 Comments:

At 9:44 da tarde, Blogger Jansenista said...

Diabos! Parece-me vislumbrar por ali um sósia meu, pessoa muito mais velha com que por vezes sou confundido. Foi nesta Manif. que houve tiroteio na Calçada do Combro (com uma vítima da UDP, o Camarada Caracol, e o porta-bandeira da foto a ser tratado em Sta. Maria)? Contaram-me de um muito organizado grupo de ciganos que alinhou pelo "lado certo"...

 
At 2:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tanta gente... depois acabaram os cursos, namoro, casamento, emprego, empréstimo para comprar casa (hipotecou-se o seu futuro...) e actualmente... por onde andarão? E ainda se recordarão?

 
At 9:46 da manhã, Blogger Manuel said...

Nesta intervenção, e tanto quanto sei, o Jansenista não acertou nem uma (só não posso desmentir se ali está ou não algum sósia dele).
Esta manifestação decorreu pacificamente, com toda a Lisboa torrando nas praias.
E já agora acrescento que no ano em que efectivamente houve violentos confrontos no Largo Camões, que se estenderam ainda ao Largo do Calhariz (não até à Calçada do Combro), e morreu realmente um militante da UDP (atingido por disparos da PSP que embateram no Arco da Rua da Rosa) não existiu ali nenhum "grupo de ciganos". Tenho toda a autoridade para o desmentir, e considero uma infâmia semelhante insinuação. Nada mais longe da verdade do que a simples ideia de contratação de guarda-costas: quando as tropas de choque da UDP atacaram a concentração no Camões, em ataque organizado vindo do Largo do Calhariz, os caceteiros entraram como faca quente em manteiga. Os que estavam ali, rodeando a estátua de Camões (eu estava) eram quase só estudantes ainda no Liceu, mais alguns jovens, universitários ou não, com algumas pessoas mais velhas à mistura (lembro-me que ao pé de mim caiu ferido na cabeça o Campos e Sousa, que tinha comparecido à última hora por morar ali muito perto, e o Brigadeiro Abecassis, único careca que vi por lá. Estavam também no centro do tabuleiro alguns timorenses, que tinham sido convidados poucos dias antes, tendo à frente Alexandrino Corte Real (neto do célebre D. Aleixo).
Se quiser eu conto-lhe todos os pormenores do que aconteceu.
Mas para quem viveu o que se passou (o carácter genuíno daquela manifestação juvenil) essa conversa dos ciganos, insinuando dinheiro, mercenariato, organização profissional, é primeiro ridícula e depois infamante.
Lamento muito que o Jansenista antes de escrever isso não pense como ofende e magoa.
Pode o Jansenista fixar bem a rapaziada desta fotografia: verifique o que lá está. Garanto-lhe que em 1978 os presentes eram precisamente coincidentes com o retrato de 1977: jovens, adolescentes, alguns ainda bem miúdos, num acto que foi deles e apenas deles, com uma autenticidade como poucas vezes terá sido possível observar.

 
At 10:53 da manhã, Blogger Jansenista said...

Não, meu caro, a referência a ciganos, ao menos da minha parte, nada tem de infamante. Lembro-me de alguns (eu também estava lá, confesso) e salvo erro prestavam serviço na segurança de um partido mais ao centro. Não estavam pagos, que eu saiba, que os ciganos também têm convicções, políticas, morais e patrióticas.
Vê como não quis ofender ou magoar? Só espero que nenhum cigano tenha lido o seu comentário...

 
At 12:06 da tarde, Blogger Manuel said...

É infamante porque é mentira.
A referência a "um muito organizado grupo de ciganos" só pode ser entendida como eu a entendi.
Não se trata de aludir a algum eventual elemento de etnia cigana que estivesse entre os presentes (o que obviamente não posso esclarecer com certeza).
Quando se fala em "um muito organizado grupo de ciganos" não é isso que se quer dizer. E o que eu entendi, que coincide com o que estava escrito, é, totalmente, mentira. Não havia nenhum "grupo de ciganos", nem muito nem pouco organizado. E a pobre da organização nem pensava nessas coisas... A "segurança" éramos nós...
A referência aos ciganos que trabalharam na segurança do CDS (contratados e pagos, designadamente quando por lá andou um General Pavão de Melo) só reforça o meu sentimento de ofendido. Eram marginais e mercenários, que obedeciam a quem lhes pagasse.
Como quer que tivessem algo em comum com a juventude que ali estava? Pode parecer romântico e idealista em excesso, mas de facto não éramos compatíveis com essas "ciganices". E não venha com a rasteira do "racismo": percebeu muito bem que não era nada disso que estava em questão. Orgulhei-me em dizer que estavam ao meu lado os timorenses que mencionei, então refugiados no Vale do Jamor; e teria com igual orgulho mencionado a presença de qualquer cidadão de qualquer outra etnia, se o encontrasse ali movido por igual devoção à mesma bandeira.
Eu acredito sinceramente que o Jansenista não queria magoar ou ofender; o que constato é que não parece querer entender o que é que magoa e ofende nos comentários que fez, o primeiro e o segundo. A minha tristeza é essa.

 
At 6:48 da tarde, Blogger o engenheiro said...

Eu cá não queria meter-me na conversa mas confesso que não resisto. O cornélio jansenista, gálico estrangeirado, segundo presumo, deve estar a confundir os ciganos com o Alcides Heiss, o que prova que não pertenceu à forcadagem mais camarada. Gostava que o Manel lembrasse que seguramente teria havido mais mortos da UDP, não fora a resoluta e humana intervenção do V.V. que desarmou o apavorado PSP, impedindo-o de atingir mais gente.
A atitude do V.V., que havia estado quase sempre preso, em períodos sucessivos desde o 25 de Abril de 74 a Dezembro de 75, ilustra bem a diferença de comportamentos entre as posturas humanas dos nossos e dos intrisecamente esquerdistas.

Que será feito do meu querido Joãozinho que tão bem se destingue na foto, logo à frente com as calças arregaçadas para mostrar o tiro que levou ?
Era igualmente bom lembrar a estes peralvilhos que a responsabilidade pelo que aconteceu deve ir exclusivamente (para além dos provocadores da UDP, alguns deles metidos hoje em altos cargos da magistratura e das empresas públicas)para o Governo Civil alertado atempadamente par o alto risco da Manifestação

 
At 11:52 da manhã, Blogger o engenheiro said...

Já toparam o Rogeiro de mão dada com um menino da Casa Pia ?

 
At 1:48 da tarde, Blogger Manuel said...

Sem conotações negativas, claro!
Estamos todos de mãos dadas com a rapaziada da Casa Pia.

 

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