sexta-feira, janeiro 27, 2006

Doctorow, federados e confederados

O comentador Nelson Buiça, liberal-vermelho de fina sensibilidade, fiel aos seus princípios e aos seus sentimentos, sempre generoso e idealista, respondeu às minhas angústias surgidas a propósito do livro "The March", de E. L. Doctorow: a gente do Sul americano mereceu amplamente o que lhe aconteceu na guerra, they were asked for it...
Uma vez não são vezes, vou responder brevemente ao identificado comentador, alinhavando à pressa umas linhas.
Por acaso, é hoje uma posição praticamente unânime que os estados do Sul perderam a guerra precisamente porque a conduziram como uma guerra à maneira antiga, uma guerra entre os guerreiros, entre cavalheiros, sujeita a códigos de conduta que não lhes permitia enquanto soldados destruir cidades, atacar populações civis, incendiar searas e campos de cultivo, resolver na rectaguarda o que se disputava na frente de batalha.
Os generais do Norte, mais livres de preconceitos, decidiram que para ganhar a guerra era preciso exactamente fazer o contrário: atacar na rectaguarda, destruir todas as estruturas civis, incendiar as cidades e os campos, aterrorizar as populações...
Os militares sulistas acabariam por não ter outro remédio senão voltar para casa ao saber que atrás deles as suas mulheres e filhos, as suas casas e as suas plantações, tudo era selvaticamente atacado.
Esas orientações estratégicas desequilibraram a balança. Os militares do Sul, que combateram na ilusão de combater militares, numa guerra clássica, tiveram que se submeter perante a realidade da guerra moderna: sem regras nem limites.
O Sul caiu por força do êxito dessa opção de esquecer os militares e ir bater onde eles não estavam; o que está muito de acordo com a mentalidade vencedora, mas seria impensável para a mentalidade vencida.
Soma-se que para a gente do Sul era uma guerra que não tinham desejado, e onde não queriam conquistar nada. Apenas estavam em guerra porque os atacaram, não lhes reconhecendo mais os direitos básicos em que tinha assentado a fundação da União: cada um era livre de entrar e sair, cada um era livre de seguir o seu destino como entendesse...
Os conquistadores do Norte não tinham essa perspectiva: era preciso submeter o Sul, dominá-lo e obrigá-lo a viver sob as normas ditadas pelos vencedores, moldar ali uma sociedade conforme a queriam.
É todo um mar de diferenças.
Mas o Buiça não tem uma visão hemiplégica, não senhor... usa é óculos de ver pouco.

6 Comments:

At 1:58 da tarde, Blogger reconquista said...

Excelente exposição. Tal e qual! Quase se poderia dizer que a "guerra moderna" foi inaugurada em 1860 pelo génio "militar" dos despudorados e descontraídos nortistas. Mas, talvez tenhamos de recuar aos tempos dos "patriotas" da revolução de 1789, com os seus afogados de Nantes, na pobre Vendeia et j'en passe. Guerras civis são assim, dirão os bem pensantes. E não foi a II Mundial guerra civil? E quase todas as guerras europeias? A diferença está na educação dos generais. Onde se viu fuzilar um soldado por abusar de uma rapariga do outro lado? Certamente não, do lado vermelho; mas viu-se acontecer, por sistema, do lado dos "porcos nazis". Pois é, Azinhal. O cavalheirismo sim, como distinção, atitude. Mas já não, nunca mais, como método.

 
At 4:02 da tarde, Blogger vs said...

Não retiro nada ao que disse.

Essa de fazer dos sulistas umas pobres vítimas do Norte só pode ser para rir.

"uma guerra à maneira antiga, uma guerra entre os guerreiros, entre cavalheiros, sujeita a códigos de conduta que não lhes permitia enquanto soldados destruir cidades, atacar populações civis, incendiar searas e campos de cultivo, resolver na rectaguarda o que se disputava na frente de batalha."

Excelente anedota.
Está a brincar, só pode.
Quer dizer então que quase se pode dizer que os exércitos de Grant foram os 'founding fathers' desta horrenda guerra moderna?!
Francamente....

Séculos e séculos das mais vis atrocidades e pilhagens sobre populações civis e a culpa, naturaliter....é do Grant.
O Grant comandava certamente os exércitos que na tarde de 15 de Julho de 1099 conquistaram Jerusalem e massacraram grande parte da sua população (para gáudio dos cronistas) e, por certo, os Yankees estavam também no cerco de Béziers.
E isto só para falar em dois episódios bem antigos.

Os Confederados sabiam, perfeitamente, qual seria o resultado de todo o embróglio.
Davies não era nenhum tolinho nem era inimputável.
O Sul desejava a confrontação e sabia-a inevitável.
Nada de 'santidades' ou 'ingenuidades' aqui.

(As suas referências a 'Democracia' e , neste post, são totalmente desprovidas de sentido, pois ambos os lados se estavam competamente a cagar para a Democracia ne tal ideia lhes ocorreu. A confirmar isto mesmo podemos constatar, por mais que doa, que ainda hoje, os EUA NÃO SÃO, uma Democracia. Espero que desta vez a mensagem tenha passado. Repito, os EUA não são e JAMAIS FORAM uma Democracia: são uma República).
Os Estados do Sul não eram Repúblicas menos 'democráticas' que os do Norte.

E, repito, os exércitos confederados cometeram velhacarias de fazer grande concorrência às colunas nortistas.
Não lhes ficaram atrás em nada.

Folgo muito em saber que o Manuel é contra estes exércitos modernos que cometem todas estas arbitrariedades.
Estou algo surpreendido, mas satisfeito.
Continuo a notar, no entanto, a fantástica tendência do Manuel para diabolizar sempre um dos lados e santificar 'outros'.
Consegue mesmo a 'proeza' de ser mais sectário do que eu. Está de parabéns, pois é tarefa difícil, reconheço.

Respondo também aqui ao Viriato.
Sim, rapaz, conheço muito bem a figura histórica do general Lee. Conheço tão bem que até lhe posso dizer que Lee se mostrava desagradado com a escravatura.
Espero que o Viriato dê alguns conselhos a alguns 'rednecks' portugueses que andam aí com a 'Old Dixie' pespegada em tudo quanto é sítio, convencidos que lhes dá um grande atestado de racismo quando, no fundo, se calhar, nem por isso.
A escravatura começou no Norte (Massachussets, Nova Inglaterra, Nova Iorque, etc...) e foi por lá muito acarinhada e por lá se fizerma fortunas com ela. Só foi abandonada porque não correspondia ás realidades fundiárias e económicas dos estados do Norte.

A guerra civil americana deveu-se a um confronto emtre duas vias de entender o futuro da Federação e de interpretar a fundação dos EUA.


PS: O comentário do Reconquista é táo grotesco e contém tamanhas e tão tremendas estropiações históricas que nem vale a pena qualquer resposta.

 
At 6:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Querido Don Nelson:

Lo primero de todo es que no sé lo que ha apartado de las arenas blogosféricas, ni tampoco tengo por qué saberlo. Pero sí quiero que sepa que me alegro mucho de volverle a tener entre nosotros. Sea lo que fuere, es una alegría que no le hayamos perdido.
Y ahora vamos a la faena, amigo Buiça, porque de esta -mucho me temo- va a salir un poquito trasquilado.

Buiça: "Essa de fazer dos sulistas umas pobres vítimas do Norte só pode ser para rir."
Respuesta: La "risa" es que toda la Guerra de Agresión Yanqui se desarrolló en territorio confederado, de principio a fin, porque se planteó como una guerra defensiva. ¿Quién sufrió más?

Azinhal: "uma guerra à maneira antiga, uma guerra entre os guerreiros, entre cavalheiros, sujeita a códigos de conduta que não lhes permitia enquanto soldados destruir cidades, atacar populações civis, incendiar searas e campos de cultivo, resolver na rectaguarda o que se disputava na frente de batalha."
Buiça: "Excelente anedota.
Está a brincar, só pode.
Quer dizer então que quase se pode dizer que os exércitos de Grant foram os 'founding fathers' desta horrenda guerra moderna?!
Francamente...."
Respuesta: Totalmente de acuerdo con Manuel Azinhal. Buiça se equivoca. El inventor de la guerra total, de la guerra sin principios, de la guerra donde se violentaba completamente cualquier mínimo atisbo, es el maldito General Sherman. Jamás, insisto, jamás, los confederados hicieron nada parecido. Dígame que Sherman tuvo un precedente en Napoleón. Hasta ahí le admito. Pero incluso en las guerras napoleónicas hubo un atisbo de humanidad. Con Sherman ninguno.

Buiça: "Séculos e séculos das mais vis atrocidades e pilhagens sobre populações civis e a culpa, naturaliter....é do Grant."
Respuesta: le repito de nuevo si quiere leer historia militar. Sherman es el inventor de la guerra total, que luego varios generales (entre ellos Grant) aplicaron. Los precedentes, que los hubo en la Vendeé, en Irlanda con Cromwell, etc., ni siquiera llegaron a tanto.

Buiça: "O Grant comandava certamente os exércitos que na tarde de 15 de Julho de 1099 conquistaram Jerusalem e massacraram grande parte da sua população (para gáudio dos cronistas) e, por certo, os Yankees estavam também no cerco de Béziers.
E isto só para falar em dois episódios bem antigos."
Respuesta: ¿Merece la pena responder a tan pomposa como incorrecta aseveración, querido amigo? Lea, por ejemplo, una historia de las Cruzadas como la de Sandoval publicada por CriterioLibros y esta afirmación suya cae como lo que es: un castillo de naipes.

Buiça: "Os Confederados sabiam, perfeitamente, qual seria o resultado de todo o embróglio.
Davies não era nenhum tolinho nem era inimputável.
O Sul desejava a confrontação e sabia-a inevitável.
Nada de 'santidades' ou 'ingenuidades' aqui."
Hasta un historiador completamente pro-yanqui como McPherson le criticaría esto. El Sur no deseó la confrontación y la evitó durante más de 30 años. El Sur evitó la Guerra en 1854, cuando hubiera sido más probable que hubiera tenido más oportunidades de victoria. El Sur fue provocado con una guerra de tarifas donde el norte anuló la economía de los estados sureños. Lea los discursos de Calhouln en el Congreso y las respuestas de los sureños a ese partido seccionalista norteño que era el partido republicano. ¡Por amor de Dios, Buiça! ¡Sea serio!
Además, si el Presidente Jefferson Davies no era inimputable: ¿cómo es que no le fusilaron y acabaron de sacarlo de la cárcel después de pasar allí años sin celebrarse juicio contra él? La respuesta está en que el execrable Lincoln tenía amplia experiencia en la suspensión sectaria y arbitraria del Habeas Corpus y cualesquiera otras garantías procesales.

Buiça: "As suas referências a 'Democracia' e , neste post, são totalmente desprovidas de sentido, pois ambos os lados se estavam competamente a cagar para a Democracia ne tal ideia lhes ocorreu. A confirmar isto mesmo podemos constatar, por mais que doa, que ainda hoje, os EUA NÃO SÃO, uma Democracia. Espero que desta vez a mensagem tenha passado. Repito, os EUA não são e JAMAIS FORAM uma Democracia: são uma República).
Os Estados do Sul não eram Repúblicas menos 'democráticas' que os do Norte."
Respuesta: La visión del amigo Buiça es tan idílica como falsa a día de hoy. Cierto que los EE.UU. nacen como una República, no como una Democracia. La implementación de las doctrinas hamiltonianas tras la Redestrucción (creo que sus detestables amigos yanquis le llaman 'reconstruction'), llevada a cabo por Lincoln, hacen de los EE.UU. el paradigma de las democracias. Sin el radicalismo de la democracia norteamericana no hubiera llegado el mundo a donde está. Una explicación de esto está en "The Radicalism of the American Revolution", un libro que ganó el Pullitzer y donde demuestra bien a las claras que la Revolución de 1776 ya tenía bien a las claras los gérmenes de transmutación de cualquier República en una Democracia de corte radical. Los EE.UU. fueron una República en algún momento. A partir de 1865 son, sin duda, una democracia. Y una democracia que ha exportado política nefasta, por cierto.

Buiça: "E, repito, os exércitos confederados cometeram velhacarias de fazer grande concorrência às colunas nortistas.
Não lhes ficaram atrás em nada."
Respuesta: No. Las atrocidades cometidas por los sureños son las inherentes a cualquier guerra. No fueron parte de un plan organizado, como las del norte. No confunda la debilidad de la ira, el pecado del soldado, con la premeditación satánica de la destrucción total y del sufrimiento inútil del inocente, táctica esta última elevada al manual de operaciones del Ejército Yanqui. Amigo Buiça, aunque le duela, en todo hay clases. De la dignidad de un Robert E. Lee o un "Stonewall" Jackson a la indignidad de un bárbaro como Sherman o un alcohólico como Grant hay mucha diferencia.

Buiça: "Folgo muito em saber que o Manuel é contra estes exércitos modernos que cometem todas estas arbitrariedades.
Estou algo surpreendido, mas satisfeito.
Continuo a notar, no entanto, a fantástica tendência do Manuel para diabolizar sempre um dos lados e santificar 'outros'.
Consegue mesmo a 'proeza' de ser mais sectário do que eu. Está de parabéns, pois é tarefa difícil, reconheço."
Respuesta: Para empezar Vd. no es sectario. Es un hombre que quiere forzar la realidad en los estrechos esquemas liberal-ilustrados que Vd. mismo se aplica. Lo cual, evidentemente, no le funciona, como no podía ser de otro modo. Y ahora dígame esto de Don Manuel, porque le sigo diariamente en O Sexo dos Anjos y no logro ver por ningún lado ese maniqueísmo del que Vd. nos habla. ¿No será, quizás, que Azinhal tiene la ventaja de estar bastante menos ideologizado?

Buiça: "Respondo também aqui ao Viriato.
Sim, rapaz, conheço muito bem a figura histórica do general Lee. Conheço tão bem que até lhe posso dizer que Lee se mostrava desagradado com a escravatura.
Espero que o Viriato dê alguns conselhos a alguns 'rednecks' portugueses que andam aí com a 'Old Dixie' pespegada em tudo quanto é sítio, convencidos que lhes dá um grande atestado de racismo quando, no fundo, se calhar, nem por isso.
A escravatura começou no Norte (Massachussets, Nova Inglaterra, Nova Iorque, etc...) e foi por lá muito acarinhada e por lá se fizerma fortunas com ela. Só foi abandonada porque não correspondia ás realidades fundiárias e económicas dos estados do Norte.
A guerra civil americana deveu-se a um confronto emtre duas vias de entender o futuro da Federação e de interpretar a fundação dos EUA."

Buiça: "PS: O comentário do Reconquista é táo grotesco e contém tamanhas e tão tremendas estropiações históricas que nem vale a pena qualquer resposta."
Respuesta: Calma. No tan grotesco. El ejército soviético promovía la violación de las mujeres de los territorios ocupados. El ejército alemán era escrupulosísimo. Pregunte, por ejemplo (yo he tenido la suerte de poderlo hacer repetidas veces), a testigos rumanos que sufrieron las dos invasiones y que le digan quién se portaba mejor.

Permítame, por favor, una recomendación. Lea los trabajos del Profesor Andrew Gallagher sobre la Guerra Interestatal o, mejor, Guerra de Agresión Yanqui. Y quede tranquilo: Gallagher es norteño de nacimiento y enseña en una universidad del noreste. Eso sí, es un hombre informado y veraz. Sus juicios no son los de un simpatizante del Sur, como lo soy yo, pero sí son los de un hombre que se rinde a la verdad y hace alarde de imparcialidad.

Lo dicho, Don Nelson.
Un abrazo de todo corazón y bienvenido de nuevo,

Rafael Castela Santos

 
At 6:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Se me olvidó esta respuesta:

Buiça: "Respondo também aqui ao Viriato.
Sim, rapaz, conheço muito bem a figura histórica do general Lee. Conheço tão bem que até lhe posso dizer que Lee se mostrava desagradado com a escravatura.
Espero que o Viriato dê alguns conselhos a alguns 'rednecks' portugueses que andam aí com a 'Old Dixie' pespegada em tudo quanto é sítio, convencidos que lhes dá um grande atestado de racismo quando, no fundo, se calhar, nem por isso.
A escravatura começou no Norte (Massachussets, Nova Inglaterra, Nova Iorque, etc...) e foi por lá muito acarinhada e por lá se fizerma fortunas com ela. Só foi abandonada porque não correspondia ás realidades fundiárias e económicas dos estados do Norte.
A guerra civil americana deveu-se a um confronto emtre duas vias de entender o futuro da Federação e de interpretar a fundação dos EUA."
Respuesta: absolutamente de acuerdo. Y, además, me da asco que ciertos grupos etnonazis (que se disfrazan del bonito nombre de "nacionalistas" que no son, porque son eso, nacional-socialistas) utilicen para fines inconfesables un símbolo venerable como la bandera de Dixie por el murieron centenares de hombres nobles, lo que muchos de esos racistas no son. Porque mientras los confederados lucharon por amor a la Patria y en defensa de unos principios elevados, como que el Cristianismo fuese el referente permanente de la ley en los EE.UU., estos racistas fundamentan sus presupuestos en el odio, el empecinamiento y el materialismo más grosero y ruin, a veces revestido -para peor- de neopaganismo.

Rafael Castela Santos

 
At 9:35 da tarde, Blogger O Corcunda said...

Ando a escrever sobre esse assunto... A opinião que tenho é que a Guerra Total vem de 1789! Burke descreve um momento essencial da Rev. que é o momento em que a França declara guerra a todo o mundo, considerando que os que não partilhassem a fé racionalista seriam seres infrahumanos.
Depois envio-vos que a coisa é para publicação...

 
At 3:01 da manhã, Blogger vs said...

Antes de mais, agradeço as simpáticas palavras do Rafael.
Agora, vamos lá discordar mais um bocadinho:

"A partir de 1865 son, sin duda, una democracia."

Não vejo porquê, muito sinceramente.
Se reparar é uma Democracia, quando muito, estritamente limitada e circunscrita, até pelo apertadíssimo âmbito maçónico fundacional.
Nos EUA não há, como na Europa, uma parafernália de gente que pode aceder ao poder com relativa facilidade.
Nem pensar nisso, são todos muito próximos e funcionam em circuito fechado: uma espécie de aristocracia dona da República legitimada pelo voto indirecto (note-se) de alguns eleitores.
na Europa as Democracias funcionam de modo radicalmente diferente e têm um espectro muito mais amplo.

- Os sulistas trataram muitíssimo mal os prisioneiros nortistas e as suas tropas, largamene irregulares, cometeram muitas asneiras (eufemismo).

"...transmutación de cualquier República en una Democracia de corte radical."

Pura histeria meu caro, pura histeria ideológica.
Em primeiro lugar não vejo o que é que a Democracia tenha de mau.
Em segundo lugar: aquilo em que vivemos não é bem uma Democracia, pois tal seria completamente impossível e, até, inconveniente.

A República, essa, é tendêncialmente totalitária e não democrática, como a História do séc.XX bem demonstra.

Quanto a Jerusalém e Béziers (poderia falar de muitos mais casos de guerra total, desde a Antiguidade até 13 de Julho de 1789) não restam dúvidas do que ali se passou.
Não se esqueça que em Jerusalem (e em muitos outros sítios) era preciso aplacar e saciar a sede de sangue e saque das hordas.
A população da cidade foi, na sua grande maioria, eliminada.
Béziers foi pior.

A guerra antiga era, proporcionalmente tão ou mais selvagem que a moderna.
Se desse aos antigos os meios tecnológicos da modernidade haveriam de fazer bem pior que os modernos.
Felizmente, não tinham esses meios.

Robert E. Lee (nem nuca eu disse o contrário) era um 'gentleman' e, ao contrário do que pensam certos 'rednecks', era opositor ao esclavagismo.
A guerra, como bem o Rafael sabe, não foi por causa da escravatura, como nos dizem em alguns filmes.....
Simplesmente o Sul deveria saber, como eu já referi acima, que nunca poderia saír do âmbito original de 1776 e dos princípios que iriam dar lugar à fundação da Skull & Bones.
Eles sabiam o que, faltamente, iria acontecer se não mudassem de registo.

"No será, quizás, que Azinhal tiene la ventaja de estar bastante menos ideologizado?"

Aqui é que não concordo mesmo.
Até estou firmemente convencido que é EXACTAMENTE O OPOSTO que se passa.

Um abraço ao Rafael e cordiais (embora discordantes) saudações ao dono deste blog.

 

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