A corrupção que não há
Como já perceberam hoje comprei o "Expresso", e encontrei-lhe mais interesse do que as minhas expectativas anteviam.
Por exemplo sobre essa temática da corrupção, a que aludi no postal anterior, encontra-se abundante matéria.
Sobre o universo futebolítico nem falo. Já nada nos espanta. Ao contrário, aquele senhor deputado que há uns tempos ficou famoso pela mala cheia de dinheiro não cessa de nos espantar.
Digam-me sinceramente se não parece cena de filme burlesco dos anos cinquenta aquela ideia de comparecer na sessão marcada pelo Ministério Público para recolha de autógrafos levando o braço convenientemente engessado - ao que parece de alto a baixo!
Tinha-lhe sido diagnosticada nesse mesmo dia uma flebite, e o médico que detectou a gravosa situação, no Hospital de Santa Marta, de imediato lhe colocou o gesso salvador. E a provar como nunca são demais os louvores à instituição familiar, verifica-se que o médico é cunhado do doente.
Só devemos estimar-lhe as melhoras, um político tão promissor. Tem todas as possibilidades de ascensão, jovem, talentoso e influente como é. Pelo caminho que leva atingirá rapidamente o patamar do seu colega que fazia ponto de honra em só fazer depósitos em dinheiro vivo, incompatibilizado de todo com os cheques, e que em menos de um ano conseguiu depositar praticamente um milhão de contos - que logo foram sendo transferidos para uma ilhas remotas de nome esquisito. Estão a ver as cenas, o cavalheiro sempre a carregar notas, dez mil hoje, vinte mil amanhã, cinquenta mil depois - e a assegurar que é tudo normalíssimo, simplesmente os clientes querem manter o sigilo e ele por força dos seus elevados princípios deontológicos também não pode revelar quem sejam, nem quais os serviços prestados...
Podem acreditar, li no "Expresso".
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