O combate total
O que nos leva a um círculo vicioso: a actividade dos intelectuais contribui para a ruína do consenso geral; o alastrar das ideologias subversivas acrescenta-se às falhas intrínsecas dos regimes pluralistas; de seguida, quanto mais se desintegra e se desmorona o consenso, tanto mais a procura ideológica - (a actividade dos intelectuais responde a isso precisamente) - aumenta. Correlativamente, o poder, constitucionalmente obrigado a ter em conta as mudanças da opinião pública, e ele próprio seduzido pelas miragens da moda e pelos dons da intelligentzia, favorece muitas vezes este processo de substituição de valores, do qual acabará por ser vítima. Assim aparece, sob a acção do poder cultural, a formação de uma maioria ideológica.
Como conclusão, direi que, em minha opinião, é de todo em todo inútil lamentar a «politização» (e ideologização) de todas as esferas do pensamento e da acção, que observamos hoje. Podemos considerar como um facto, de agora em diante, que tudo se encontra engagé e é muito pouco provável que no futuro, possamos voltar atrás. A política, levada para longe do estreito campo dos negócios de Estado, prolifera por todo o lado, invade todos os campos. A Neutralidade torna-se impossível, pela simples razão que acaba por promover a acção dos que não são neutros. Sendo as coisas como são, qualquer actividade intelectual ou científica, qualquer acontecimento cultural, qualquer obra artística ou literária apoia indirectamente um partido ou um grupo de opinião, acrescentando-se assim a uma qualquer concepção específica do mundo. Qualquer «aspecto» do pensamento, tanto quanto intervém para colocar o real em perspectiva, refere-se a uma interpretação da realidade, a uma visão específica. Qualquer espectáculo ou conversa tanto quanto organiza o mundo segundo um determinado ponto de vista, está na linha da ideologia - a suprema astúcia da metapolítica é não ter dúvidas da falta de clareza com que se apresenta.
Assim, é necessário, enquanto se conserva um sistema de pensamento aberto, portanto não dogmático, saber tomar um partido, aprender a distinguir a forma pela qual o «político» e o «metapolítico» ou o cultural estão correlacionados. É necessário, em face de um discurso que possui em tudo a sua coerência, elaborar e apresentar um outro discurso que possua também, em si, a sua própria coerência. Sem uma teoria precisa não pode haver uma acção eficiente. Não podemos economizar uma ideia ou uma concepção do mundo. E primeiro que tudo não podemos pôr o carro à frente dos bois. Todas as grandes revoluções históricas, só reduziram a factos uma evolução, já adquirida de uma maneira subjacente, nas mentalidades. Não podemos, por assim dizer, ter um Lenine antes de um Marx. Uma das tragédias do que hoje chamamos a «Direita», é não ter compreendido a necessidade de uma acção a longo prazo. A direita não se apercebeu da ameaça que o poder cultural representa para o Estado, ainda não pressentiu que o poder cultural actua nos valores implícitos que são o suporte da homogeneização do consenso, necessário à perenidade do poder político, não entendeu que o ataque político frontal tira proveito da guerra ideológica de posições. Através de constantes acções a curto prazo acabamos sempre por falhar a «longo prazo». E para ganhar a longo prazo é preciso criar ou recriar, metapoliticamente, o clima geral, o espírito geral, em relação ao qual, o discurso político directo apareceria mais «autenticamente» verdadeiro. Mas, semelhante tarefa, só é possível quando se sustenta numa teoria (quando uma linha justa e referências precisas tenham sido delineadas). Só então, podemos efectivamente falar em «prática teórica». E é esta «prática teórica» que eu espero (que nós esperamos) se testemunhe em acção no futuro.
Como conclusão, direi que, em minha opinião, é de todo em todo inútil lamentar a «politização» (e ideologização) de todas as esferas do pensamento e da acção, que observamos hoje. Podemos considerar como um facto, de agora em diante, que tudo se encontra engagé e é muito pouco provável que no futuro, possamos voltar atrás. A política, levada para longe do estreito campo dos negócios de Estado, prolifera por todo o lado, invade todos os campos. A Neutralidade torna-se impossível, pela simples razão que acaba por promover a acção dos que não são neutros. Sendo as coisas como são, qualquer actividade intelectual ou científica, qualquer acontecimento cultural, qualquer obra artística ou literária apoia indirectamente um partido ou um grupo de opinião, acrescentando-se assim a uma qualquer concepção específica do mundo. Qualquer «aspecto» do pensamento, tanto quanto intervém para colocar o real em perspectiva, refere-se a uma interpretação da realidade, a uma visão específica. Qualquer espectáculo ou conversa tanto quanto organiza o mundo segundo um determinado ponto de vista, está na linha da ideologia - a suprema astúcia da metapolítica é não ter dúvidas da falta de clareza com que se apresenta.
Assim, é necessário, enquanto se conserva um sistema de pensamento aberto, portanto não dogmático, saber tomar um partido, aprender a distinguir a forma pela qual o «político» e o «metapolítico» ou o cultural estão correlacionados. É necessário, em face de um discurso que possui em tudo a sua coerência, elaborar e apresentar um outro discurso que possua também, em si, a sua própria coerência. Sem uma teoria precisa não pode haver uma acção eficiente. Não podemos economizar uma ideia ou uma concepção do mundo. E primeiro que tudo não podemos pôr o carro à frente dos bois. Todas as grandes revoluções históricas, só reduziram a factos uma evolução, já adquirida de uma maneira subjacente, nas mentalidades. Não podemos, por assim dizer, ter um Lenine antes de um Marx. Uma das tragédias do que hoje chamamos a «Direita», é não ter compreendido a necessidade de uma acção a longo prazo. A direita não se apercebeu da ameaça que o poder cultural representa para o Estado, ainda não pressentiu que o poder cultural actua nos valores implícitos que são o suporte da homogeneização do consenso, necessário à perenidade do poder político, não entendeu que o ataque político frontal tira proveito da guerra ideológica de posições. Através de constantes acções a curto prazo acabamos sempre por falhar a «longo prazo». E para ganhar a longo prazo é preciso criar ou recriar, metapoliticamente, o clima geral, o espírito geral, em relação ao qual, o discurso político directo apareceria mais «autenticamente» verdadeiro. Mas, semelhante tarefa, só é possível quando se sustenta numa teoria (quando uma linha justa e referências precisas tenham sido delineadas). Só então, podemos efectivamente falar em «prática teórica». E é esta «prática teórica» que eu espero (que nós esperamos) se testemunhe em acção no futuro.
1 Comments:
É bem! E que tal se os jovens de hoje, se cultivassem um pouco mais, se lêssem um pouco mais e se intervissem culturalmente um pouco mais e em todas as esferas da sociedade civil.
As regras do jogo não se chamam agora a tal cidadania? Então será por aí que deveremos intervir.
Não é por eleições que o políticamente correcto clama? Então concorramos às eleições e tomemos o máximo de instituições possível!
Caso contrário, o problema já não reside em nada disso, reside sim no amorfismo que se realça e cada vez mais na chamada direita.
A intervenção não é só através dos arraiais, de manifestações, de festas mas sim num combate diário, e em todas as esferas, e porque não, começar-se a infiltrar em tudo o que é sítio e tomar a cúpula das instituições, é simplesmente o que faz a esquerda. Que se calhar falam menos e sorrateiramente agem mais e quando nos damos conta, já é tarde...
Para os mais jovens, do secundário, se se organizassem e começassem a tomar as associações de estudantes, que é por onde as máquinas políticas como os do Partido Socialista ou os Comunistas vão buscar uns dinheirinhos extra. E que tal se organizassem e começassem a tomar as do ensino superior? Nunca ou pouca acção vi por exemplo no ISEG, ISCTE ou na Faculdade de Ciências de Lisboa etc... que é só comunagem. Que tal se começassem a tomar associações? Ou como o exemplo dos blogs, começassem em cada grupo, criar associações juvenis, como fazem os PC's e daí intervirem no Conselho Nacional de Juventude? Em que lá existe uma boa dose de comunagem, socialistas e tachistas...
De que estão à espera hoje, os jovens Portugueses?
Chega de lamentos e partam para a Guerra, "se a esquerda anda com guarda-costas ataquemo-los de frente!"
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