segunda-feira, julho 24, 2006

Chuchalistas

Do livro recentemente lançado "Bocage meu irmão", da autoria do Dr. Santana-Maia Leonardo, advogado em Ponte de Sor, recolhemos um soneto dedicado a um espécime cada vez mais conhecido de todos os portugueses (via Ponte do Sor).


O CHUCHALISTA

Não são carne, nem peixe, os chuchalistas,
São vírus parasita do sistema
Que tem no compadrio único lema
E se propaga célere nas listas

São mestres do disfarce e vigaristas,
De todas as campanhas são o tema,
Poluem um partido, entram no esquema,
Conhecem do poder todas as pistas.

Exímio defensor do capital,
Tem um perfil e pose democrata
Quando prega o amor ao social.

Ó chuchalista fino e de gravata,
Pra pregares aos pobres a moral,
Precisas de ter mesmo muita lata!

1 Comments:

At 3:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

«Uma nova historiografia revisionista entende arrombar portas de há muito abertas, insistindo em que na guerra civil espanhola não havia lado “bom”. O motivo é evidentemente político: ao se igualizar os “lados” e ao se retirar qualquer conotação moral às escolhas dramáticas da época, ajuda-se a igualizar ambos os beligerantes e a justificar quase sempre, o que ganha. Quem precisava desesperadamente desta revisão da história eram os franquistas, não os republicanos, o que também mostra a dificuldade de iludir dilemas que só nos parecem neutros porque já estamos distantes dos eventos.

Há nesta história revisionista um pequeno problema; é que se os dois lados eram maus, não era possível na época deixar de escolher um. Quem, dos muito poucos que achavam na altura que os dois lados eram maus, não o fazia explicitamente, acabava sempre por servir o mais forte que estava geograficamente do seu lado. Unamuno percebeu-o muito bem.

É que a história não dilui a moralidade, nem o dilema das escolhas feitas sob o fio da navalha, mas torna algumas coisas impossíveis a um momento dado. Há coisas que pura e simplesmente não se podem fazer em determinados momentos, sem não as fazendo, escolhermos. Os maniqueísmos não são desejáveis, mas nem sempre são evitáveis. Para alguns homens, provavelmente dos melhores, isso é de uma enorme violência, que nalguns conduziu ao suicídio, físico ou ético, e a muitos a remorsos e culpas que arrastam toda a vida. Mas a verdadeira tragédia da história é que há momentos em que não nos deixa escolhas. É mesmo assim.
(JPP in «Abrupto»)

 

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