"O Diabo" pela manhã
Leitura matutina do semanário das terças-feiras:
O famoso comentador desportivo Prof. Marcelo (agora também conhecido por São Marcelo dos Domingos) atira-se a Pina Moura, um conhecido descendente espiritual de Cristóvão de Moura (se não for descendente mesmo - usa o apelido e são da mesma região).
Diz Marcelo que "Pina Moura desprestigia a classe política", julgando "eticamente reprovável" a acumulação dos cargos de deputado da Nação e de administrador da espanhola Iberdrola, que Pina Moura ostenta. Sintetiza Marcelo que "não é possível às segundas, quartas e sextas assumir a defesa de interesses empresariais, e às terças, quintas e sábados assumir a defesa do interesse nacional".
Quer-me parecer que o vivaço rebento do velho Baltazar Rebelo de Sousa está equivocado: o tal Pina Moura não vive esse doloroso dilema, defende os mesmos interesses todos os dias.
Destaque depois para outro Professor, este o João César das Neves, o qual sublinha que "em Portugal os ricos não pagam impostos". Virgem Santa, e é preciso ser Professor de Economia para saber isso?
Realce ainda para um socialista heterodoxo, o empresário Henrique Neto, que vem mais uma vez aludir a um escândalo dos gordos que tem merecido a mais férrea indiferença da parte de toda a imprensa instalada (entenda-se, de casa e mesa posta). Afirma de novo Henrique Neto que no negócio da compra de helicópteros e submarinos por Portugal a consórcios internacionais há razões para suspeitar de interesses partidários envolvidos, referindo como indício claro o incumprimento das contrapartidas contratadas com os tais consórcios vencedores sem que ninguém dos sucessivos governos se incomode minimamente com a falta... Coisa para 50 milhões de euros...
Parece-me que este Henrique, como é de regra nestes assuntos, deve saber mais do que diz (as contrapartidas existem, serão é outras que não as que ficaram a constar da letra dos contratos...).
Ou alguém acredita que ele seja tão ingénuo que pensasse que os nossos grandes partidos vivem das quotas dos militantes? Se isso não dá nem para mudar o papel higiénico dos Palácios do Rato e da Buenos Aires!...
Enfim um esforço de elevação para terminar: o estimado Pinharanda Gomes divulga a edição em português da obra de Orósio bracarense. Se os queridos leitores querem leitura fascinante, de largo proveito e certamente mais emocionante que o enfadonho "Código da Vinci", já sabem: embrenhem-se na patrística lusitana do século V, sigam as peripécias de um mundo em que conviviam Orósio e Santo Agostinho, Prisciliano e Pelágio, Orígenes e São Jerónimo... E todos sem computador. Ai, o progresso, o progresso...
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