O socialismo Armani
Não pude deixar de sorrir ao ler as alusões Do Portugal Profundo à maternidade de Cascais.
Efectivamente, essa não fechará. Ainda que obviamente esteja abrangida entre as que iriam fechar, se os critérios da decisão fossem apenas os proclamados.
E tem graça a imagem do socialismo Armani.
Toca numa das características mais interessantes da classe política socialista, que é um fascínio rendido perante o que vêem como o “beautiful people”, ou simplesmente os colunáveis, ou de modo mais prosaico os poderosos, os ricos…
Sobretudo os ricos. Não há nada que deslumbre mais os socialistas do que um rico. Tanto mais quanto mais rico for. Os pobres e todos aqueles que na visão socialista deviam ser ricos e não são, os pouco ricos, os falhados, esses são objecto de um desprezo por vezes furioso.
Daí a tempestade que se abate sobre as classes médias, em contraste absoluto com os desvelos e atenções que merecem os que são verdadeiramente ricos, ou que conseguem fazer-se passar por tal.
A nível local, atinge-se um ridículo de opereta: basta aparecer uma Lili Caneças com uns fumos de glória na imprensa cor de rosa para que todos os notáveis do aparelho socialista concorram em vénias e homenagens. Venha um qualquer Príncipe da Transilvânia a agitar miríficos milhões e toda a nomemklatura se esfalfa a desenrolar passadeiras vermelhas.
O socialismo Armani não se identifica com a velha “gauche caviar”, já há muito estudada. Esta era aquela esquerda confortavelmente burguesa que se vestia de esquerdista para adequar a figura com o sentimento, sem nunca renunciar ao estatuto.
Era uma casta bem conhecida: “ceux qui ont le coeur à gauche et le portefeuille à droite”. Desta ainda se encontram muitos exemplares, sobretudo no Bloco de Esquerda, mas a espécie surge um tanto anacrónica.
O que está a dar mesmo é o socialismo Armani. Este une no deslumbramento do poder e no frenesim dos negócios gente das origens mais diversas e inesperadas. O que caracteriza os espécimens é essencialmente uma sôfrega ânsia de ascensão social, traduzida nos enriquecimentos rápidos, no exibicionismo parolo, na humilhação basbaque perante os modelos invejados.
Há uns tempos num círculo de amigos ironizava o sr. Luís Champalimaud a propósito dos métodos de despacho e decisão dos actuais titulares dos poderes públicos que aos outros ainda era preciso às vezes convidá-los para umas caçadas mas a estes basta em geral convidá-los para um jantar…
Eu lamento a pouca consideração, mas sei que ele tem razão. Eles desfazem-se logo.
Efectivamente, essa não fechará. Ainda que obviamente esteja abrangida entre as que iriam fechar, se os critérios da decisão fossem apenas os proclamados.
E tem graça a imagem do socialismo Armani.
Toca numa das características mais interessantes da classe política socialista, que é um fascínio rendido perante o que vêem como o “beautiful people”, ou simplesmente os colunáveis, ou de modo mais prosaico os poderosos, os ricos…
Sobretudo os ricos. Não há nada que deslumbre mais os socialistas do que um rico. Tanto mais quanto mais rico for. Os pobres e todos aqueles que na visão socialista deviam ser ricos e não são, os pouco ricos, os falhados, esses são objecto de um desprezo por vezes furioso.
Daí a tempestade que se abate sobre as classes médias, em contraste absoluto com os desvelos e atenções que merecem os que são verdadeiramente ricos, ou que conseguem fazer-se passar por tal.
A nível local, atinge-se um ridículo de opereta: basta aparecer uma Lili Caneças com uns fumos de glória na imprensa cor de rosa para que todos os notáveis do aparelho socialista concorram em vénias e homenagens. Venha um qualquer Príncipe da Transilvânia a agitar miríficos milhões e toda a nomemklatura se esfalfa a desenrolar passadeiras vermelhas.
O socialismo Armani não se identifica com a velha “gauche caviar”, já há muito estudada. Esta era aquela esquerda confortavelmente burguesa que se vestia de esquerdista para adequar a figura com o sentimento, sem nunca renunciar ao estatuto.
Era uma casta bem conhecida: “ceux qui ont le coeur à gauche et le portefeuille à droite”. Desta ainda se encontram muitos exemplares, sobretudo no Bloco de Esquerda, mas a espécie surge um tanto anacrónica.
O que está a dar mesmo é o socialismo Armani. Este une no deslumbramento do poder e no frenesim dos negócios gente das origens mais diversas e inesperadas. O que caracteriza os espécimens é essencialmente uma sôfrega ânsia de ascensão social, traduzida nos enriquecimentos rápidos, no exibicionismo parolo, na humilhação basbaque perante os modelos invejados.
Há uns tempos num círculo de amigos ironizava o sr. Luís Champalimaud a propósito dos métodos de despacho e decisão dos actuais titulares dos poderes públicos que aos outros ainda era preciso às vezes convidá-los para umas caçadas mas a estes basta em geral convidá-los para um jantar…
Eu lamento a pouca consideração, mas sei que ele tem razão. Eles desfazem-se logo.
1 Comments:
Só agora vi a referência, Manuel. Grato.
Esta é a segunda edição da "gente guapa" lusa. Mais sofisticada do que os gordos guterristas, com mais estilo. Talvez também por isso, o sucesso que têm tido.
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