Os moderados
Li pela manhã mais uns escritos em que os autores, admirados publicistas da nossa praça, insistem em execrar os famigerados extremistas, e, por contraste, em exaltar as virtudes dos moderados (deles, portanto).
Eu sinto uma sensação de desconforto perante essa repetida condenação. Parece-me atitude injusta e ingrata, e até, se me é permitido dizê-lo, pouco sensata.
Os articulistas deviam olhar com afecto e carinho para os extremistas que incansavelmente zurzem nos periódicos que generosamente lhes abrem as folhas (e ainda lhes pagam).
Deviam até louvá-los, encorajá-los, estimá-los como espécie a proteger e a incentivar.
Se não fossem tais extremistas, como poderia ser a sua admirável moderação?
Uma posição moderada só existe por comparação com outra mais extrema. Desaparecessem os amaldiçoados extremistas e não vejo como subsistiriam os moderados, os mesmos que vivem a esconjurar os malvados (céus, ou mudavam rapidamente de sítio ou ficavam eles a ser, na distribuição de lugares, os extremistas…).
De resto, também não lhes faria mal um pouco de moderação na própria ideia que formaram de si mesmos: ser moderado, só por si, não é certamente uma qualidade a louvar. Ninguém apresentaria como modelar um indivíduo moderadamente honesto. A moderação na virtude não é certamente uma virtude.
Quanto a mim, que sou o mais moderado dos homens, confesso: sinto-me sempre em dívida para com os extremistas e não consigo deixar de olhá-los com uma veneração envergonhada.
Eu sinto uma sensação de desconforto perante essa repetida condenação. Parece-me atitude injusta e ingrata, e até, se me é permitido dizê-lo, pouco sensata.
Os articulistas deviam olhar com afecto e carinho para os extremistas que incansavelmente zurzem nos periódicos que generosamente lhes abrem as folhas (e ainda lhes pagam).
Deviam até louvá-los, encorajá-los, estimá-los como espécie a proteger e a incentivar.
Se não fossem tais extremistas, como poderia ser a sua admirável moderação?
Uma posição moderada só existe por comparação com outra mais extrema. Desaparecessem os amaldiçoados extremistas e não vejo como subsistiriam os moderados, os mesmos que vivem a esconjurar os malvados (céus, ou mudavam rapidamente de sítio ou ficavam eles a ser, na distribuição de lugares, os extremistas…).
De resto, também não lhes faria mal um pouco de moderação na própria ideia que formaram de si mesmos: ser moderado, só por si, não é certamente uma qualidade a louvar. Ninguém apresentaria como modelar um indivíduo moderadamente honesto. A moderação na virtude não é certamente uma virtude.
Quanto a mim, que sou o mais moderado dos homens, confesso: sinto-me sempre em dívida para com os extremistas e não consigo deixar de olhá-los com uma veneração envergonhada.
4 Comments:
Bom remate de faena!
Não sei onde foste buscar essa ideia, porque li quase tudo e não vi isso que tu viste. Onde foi?
Que escritos são esses?...
Entretanto, já descobri. Penso que não teria perdido nada em chamar o(s) boi(s) pelo(s) nome(s).
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