Marcelo e "O Sol"
Um sinal inequívoco da renovação da nossa vida pública seria a passagem a uma era pós-marcelista.
Há trinta e mais alguns anos que o país político e jornalístico vive ao ritmo dos comentários de Marcelo, dos boatos de Marcelo, das intrigas de Marcelo, das ficções de Marcelo.
O actor e a personagem entranharam-se de tal modo na paisagem que já é difícil imaginar o fluir quotidiano da nossa existência colectiva sem essa presença obsidiante.
O borbulhar efervescente daquela cabeça onde não cabe qualquer desígnio sério, o irrequietismo travesso e lúdico que vai desfrutando a Corte sem nada trazer à Cidade, estão omnipresentes na história portuguesa das últimas décadas (pequena história, que outra não houve nem noutra teria cabimento a figura).
Por tudo isso, repito, um acontecimento simbólico e marcante que ficaria a assinalar uma esperança de regeneração seria o afastamento do Prof. Marcelo para a galeria das curiosidades do passado, uma personalidade pitoresca que ficaria para os romancistas que quisessem retratar a época em que foi gente.
Infelizmente, não há sinal de que esteja à vista esse marco de viragem. O Prof. Marcelo continua pomposamente a encher os domingos, disparando sentenças sobre tudo o que mexa - qual Conselheiro Acácio para quem tudo de súbito se tivesse tornado prodigiosamente simples.
Nas suas elocubrações na mais recente edição do "Semanário", o dono e director deste, Rui Teixeira Santos - uma espécie de sub-marcelo -, dá como certo que entre os responsáveis do anunciado "Sol" e o famigerado Marcelo estaria acordado que este ocuparia lugar de honra no periódico. A ser verdade o que ali se escreve, Marcelo daria o tom ao jornal; ocuparia o espaço nobre do comentário político, tornaria aquilo logo à nascença um novo púlpito para as suas homilias.
Não pode ser verdade. Rui Teixeira Santos deve estar a intrigar, a criar factos políticos, copiando o estilo que tornou famoso o outro.
A confirmar-se, bem podem os arquitectos do Sol limpar as mãos à parede. Mais valia que estivessem quietos. Para não dizer que mais valia meterem o jornal num sítio que até nem digo.
Há trinta e mais alguns anos que o país político e jornalístico vive ao ritmo dos comentários de Marcelo, dos boatos de Marcelo, das intrigas de Marcelo, das ficções de Marcelo.
O actor e a personagem entranharam-se de tal modo na paisagem que já é difícil imaginar o fluir quotidiano da nossa existência colectiva sem essa presença obsidiante.
O borbulhar efervescente daquela cabeça onde não cabe qualquer desígnio sério, o irrequietismo travesso e lúdico que vai desfrutando a Corte sem nada trazer à Cidade, estão omnipresentes na história portuguesa das últimas décadas (pequena história, que outra não houve nem noutra teria cabimento a figura).
Por tudo isso, repito, um acontecimento simbólico e marcante que ficaria a assinalar uma esperança de regeneração seria o afastamento do Prof. Marcelo para a galeria das curiosidades do passado, uma personalidade pitoresca que ficaria para os romancistas que quisessem retratar a época em que foi gente.
Infelizmente, não há sinal de que esteja à vista esse marco de viragem. O Prof. Marcelo continua pomposamente a encher os domingos, disparando sentenças sobre tudo o que mexa - qual Conselheiro Acácio para quem tudo de súbito se tivesse tornado prodigiosamente simples.
Nas suas elocubrações na mais recente edição do "Semanário", o dono e director deste, Rui Teixeira Santos - uma espécie de sub-marcelo -, dá como certo que entre os responsáveis do anunciado "Sol" e o famigerado Marcelo estaria acordado que este ocuparia lugar de honra no periódico. A ser verdade o que ali se escreve, Marcelo daria o tom ao jornal; ocuparia o espaço nobre do comentário político, tornaria aquilo logo à nascença um novo púlpito para as suas homilias.
Não pode ser verdade. Rui Teixeira Santos deve estar a intrigar, a criar factos políticos, copiando o estilo que tornou famoso o outro.
A confirmar-se, bem podem os arquitectos do Sol limpar as mãos à parede. Mais valia que estivessem quietos. Para não dizer que mais valia meterem o jornal num sítio que até nem digo.
2 Comments:
Será a verdade, perdão, o ‘Sol’ a que temos direito…
Isto é, mais do mesmo.
PPortas também virá a ser convidado?
Então é que o caldo, perdão, a sopa estaria entornada.
O Portas?
Nem pensar! Esse é dos que não têm direito a este Sol...
Enviar um comentário
<< Home