quinta-feira, agosto 24, 2006

Memórias de Marcello Caetano

Continuei a ler com interesse as "Memórias de Marcello Caetano" que Nuno Rogeiro está a publicar na "Sábado", e que hoje tiveram a sua segunda parte.
Não contendo obviamente nenhuma revelação sensacionalista, nem em boa verdade obrigando a alterar as imagens conhecidas de Marcello (parece-me que todos podem ali encontrar argumentos para reforçar a sua) o certo é que o trabalho constitui um importante contributo para o conhecimento da personalidade do falecido Presidente do Conselho e, se não do ambiente político em que ele se movia, ao menos da sua forma mentis. Testemunho tanto mais valioso quanto é proveniente do conhecimento pessoal e do olhar arguto e inteligente de quem a este respeito, e ao longo da sua já extensa obra de publicista, tinha mantido até agora notória e compreensível reserva.
Só uma pequena nota: a dado passo escreve Nuno Rogeiro que Marcello "desabafava não querer regressar a Portugal, por estar ainda em vigor, segundo ele, uma norma que o levaria à prisão, até ao fim dos seus dias". Com efeito, era verdade: formalmente não tinha sido revogada, apesar de repetidas declarações de inconstitucionalidade em sentenças judiciais, a Lei n.º 8/75. Esta logo no seu art. 1º condenava o antigo Presidente do Conselho em pena de prisão maior entre 8 e 12 anos, explicando no prólogo que prescindia da prova de matéria criminal por esta se traduzir em "factos públicos e notórios". Ao eventual julgador competiria apenas a fixação da pena concreta, dentro dos limites da moldura fixada.

2 Comments:

At 12:55 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O Prof. Marcello Caetano fez muito bem em não voltar para junto destes políticos infames nem vir a assistir a esta bandalheira de regime. Nada me liga a este Senhor pelo modo como fui educada, muito pelo contrário como já o escrevi aqui várias vezes, mas não suporto injustiças sejam de que espécie forem, venham donde vierem e pratiquem-nas quem as praticar. Se estas criaturas que nos desgovernam há 3 décadas tivessem um mínimo de vergonha desapareciam deste País para sempre. Quem redigiu essa Lei devia fazer o mea culpa urgentemente, quanto mais não fôra porque todos os crimes nela tipificados foram incomensuràvelmente ultrapasados em gravidade, dimensão, abjecção e traição, impensáveis pelo menos por quem preza a íntegridade como um dos valores máximos do ser humano e acima de todos os outros. Ele, o que redigiu essa Lei e todos os outros que por trás ou ao lado dele estiveram, começando e acabando nessa indescritível e acobardada criatura que chegou a ser presidente do nosso País, imagine-se!, e que a aprovou e promulgou, Costa Gomes, bem assim como esse bando de energúmenos que a instigou, nos impingiu e fêz-nos tragar esta "esplendorosa democracia" vergonhosa à custa de mentiras, falcatruas, hipocrisías e traições e que conduziu Portugal ao estado deplorável em que se encontra.

O Prof. Veríssimo Serrão - grande amigo, creio, do Prof. M. Caetano, mas mesmo que o não fosse, o seu nobre gesto classifica-o como um ser de integridade, dignidade e formação moral ímpares, afinal as qualidades humanas que mais contam nesta vida e sem as quais nem sequer vale a pena virmos a este mundo - a determinada altura do exílio deste último no Brasil e se não estou em erro no ano em que ele veio a falecer, escreveu uma carta aberta e publicada nos jornais, ao Ministro dos Estrangeiros da altura, Freitas do Amaral e atendendo à sua qualidade de ex-protegido daquele, pedindo-lhe que tivesse em consideração a idade e a saúde precária do antigo Presidente do Conselho e autorizasse a sua vinda para Portugal. E aquele que havia sido o menino querido, protegido e acarinhado do Prof. Marcello Caetano, que lhe ficou a dever múltiplos favôres de toda a ordem e espécie, que beneficiou da sua protecção, ajuda e apoio nos estudos anos a fio, que beneficiou de cedências de casa e gabinetes privilegiados do Estado para estudar, estatuto, etc., etc., etc. e que, além de ter sido sua obrigação tê-lo feito muito antes, o poderia ter feito num ápice e nem teria sido preciso receber carta ou pedido algum, fôra ele um indivíduo com uma rectidão de carácter mínima, sentido de justiça, reconhecimento dos favôres recebidos, coluna vertebral vertical e ainda por cima dizendo-se e fingindo-se "de direita" (uma ova é que ele é de direita, não é nem nunca o foi, aliás ele não é coisíssimna alguma, um grandessíssimo traste, cobarde, hipócrita, cínico e mal agradecido é o que ele é no mínimo!), fez ouvidos de mercador, nem se dignou responder ao Prof. V. Serrão e não mexeu uma única palha para resolver a questão, acagaçado que estava (continuou e continua a estar) sempre a querer agradar ao bando do sistema não fôra ele ser afastado da governança (e da não pouca abastança) pela esquerda alta e já agora também pela média e baixa!

O Prof. Marcello Caetano - com todos os seus defeitos era um homem íntegro e patriota, estas duas qualidades ninguém lhas pode tirar, exatamente as mesmas que faltam a estes "grandes democratas" de meia tigela, que continuam a destruir Portugal de todas as maneiras e feitios, a juntar a todos os outros defeitos deploráveis de que eles são genèticamente possuídores - fez muitíssimo bem em não querer voltar a este País nem querer vir misturar-se aos novíssimos políticos mas velhíssimos traidores à Pátria, ou ficar a dever favôres a pigmeus, cambada de pulhas, canalhas, hipócritas e pedófilos e os maiores coveiros de Países e Povos que Portugal jamais conheceu, relativamente aos quais os "pides" eram simples aprendizes e ficam de tal modo a perder de vista em maquiavelismo e maldade que, comparando a dimensão dos crimes duns e doutros, estes últimos poderão HOJE ser considerados heróis, mais que não seja e há muitas outras razões, porque sempre defenderam Portugal e os portugueses, não mandaram assassinar milhões de inocentes e NUNCA atraiçoaram a Pátria que os viu nascer.

Parabéns Manuel pela transcrição dessa Lei hipócrita e vergonhosa e é-o - sabendo nós o que sabemos hoje e depois de padecermos o inimaginável - porque espelha fiel e exemplarmente a mente tortuosa e malvada daqueles que a engendraram, redigiram, aprovaram e promulgaram.


Maria.

 
At 2:17 da manhã, Blogger Bigmac said...

Eis um facto sensacionalista que pode mudar a vida do Nuno Rogeiro AQUI

 

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