sábado, setembro 02, 2006

As direitices dos direitistas

Já há muito dei a conhecer a minha impressão gustativa quanto à direita nova que por aí se pavoneia: é tão parecida com a direita como um bife de soja se parece com uma boa posta à mirandesa.
A minha relutância não me impede porém de seguir com atenção respeitosa as suas movimentações (como aliás também faço com a esquerda); lá por não ser para o meu paladar não posso deixar de admitir em abstracto que aquilo seja comestível.
E digo comestível sem piada para a direita alegre que, segundo consta de todos os obituários recentemente publicados ácerca de O Independente, despontou radiosa no país com o advento do finado semanário.
Confesso ainda assim que o debate narcisista que de forma recorrente assalta os diversos clubes da direita que discute a patente me provoca algum aborrecimento e indiferença.
Na verdade, se nunca senti complexos de esquerda, como em geral me é reconhecido, também nunca me senti vinculado a complexos de direita, o que parece mais difícil de fazer aceitar.
Apaixona-me e angustia-me a procura da Verdade, da Beleza, da Justiça. Nisso sinto o mesmo sobressalto e entusiasmo dos 15 anos.
Já a discussão sobre se isto ou aquilo é mais ou menos de direita, confesso, não me aquece nem me arrefece. Nunca quis a marca, e nunca tive paciência para taxinomias. Parecem-me sempre manias de coleccionador de selos ou borboletas.
Estou a pensar nestes assuntos por mor dos actuais destaques que o tema tem vindo de novo a merecer. Foi o Manifesto da Direita protagonizado por Manuel Monteiro, foi o alvitre de um novo partido de direita relacionado com Pedro Ferraz da Costa, foi o Compromisso Portugal relançado por António Carrapatoso, é um pulular de direitismos.
Foi até o recente esforço classificativo de um mancebo que apareceu com uma inovadora distinção, entre direitas "moles" e "duras". Só com relutância consigo referir aqui último desarrincanço, já que me parece ser conversa francamente imprópria para este blogue - que nunca foi dado a pornografias nem é consultório de urologia. Mas não resisto a consignar a minha perplexidade quanto às virtudes que o ilustre teorizador atribui às "moles". Que lhe faça bom proveito.

1 Comments:

At 2:23 da tarde, Blogger Mendo Ramires said...

Brilhante. Para arrumar, de uma vez por todas, com os 'intelectuais' da direitinha.

 

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