Um socratismo muito antigo
Suspeito seriamente que em Portugal não há lugar para mais do que um partido.
A sociedade portuguesa é pequena e pobre, não dá para alimentar mais do que um.
Por isso a tendência é sempre para a formação de "união nacional", declarada ou oculta, expressa ou tácita.
Os poucos momentos históricos que parecem desmentir a regra, pela proliferação de partidos, mais servem para a confirmar.
Se olharmos bem, vemos que esses períodos foram curtíssimos. O último episódio foi o pós-25 de Abril, e veja-se a sua duração e a sua relevância histórica ou sociológica.
Por uns momentos parecia que estava tudo a partir-se; o país abanou, a sociedade assustou-se. E reagiu, refez o centrão. Sem grande demora tornou-se ao consenso habitual, ao viver histórico e habitual.
Como é evidente nos tempos de rotativismo, isto implica um entendimento essencial segundo o qual nunca se tira a gamela a ninguém. Nem todos podem estar no governo, mas sempre se arranja um lugar numa empresa pública.
A "união nacional" vigente durante toda a primeira república, protagonizada pelos "democráticos", antecedeu aquela que vigorou durante umas décadas de salazarismo e caetanismo.
Mas o tempo do rotativismo monárquico, com a coexistência alternante de dois grandes partidos, não se apresenta substancialmente diferente desse viver unipartidário - e parece-se ainda mais com o actual regime PS/PSD.
As alturas históricas de perturbação, como foi essa aludida fase do após 25 de Abril, ou terá sido a época após 28 de Maio, ou o período do 5 de Outubro, ou antes disso o setembrismo, assemelham-se a momentos de ajustamento. Passam depressa e depois volta tudo ao normal.
Estabelece-se um círculo relativamente limitado onde tudo se passa, onde todos se conhecem e onde os interesses de cada um dependem do equilíbrio do todo. Depois, os lugares vão-se negociando à medida das voltas e reviravoltas da política - que é precisamente reduzida a esse processo negocial permanente.
Fala-se muito em divórcio entre os governados, a massa, e essa classe governante. Também não é novo, sempre se falou.
A sociedade portuguesa é pequena e pobre, não dá para alimentar mais do que um.
Por isso a tendência é sempre para a formação de "união nacional", declarada ou oculta, expressa ou tácita.
Os poucos momentos históricos que parecem desmentir a regra, pela proliferação de partidos, mais servem para a confirmar.
Se olharmos bem, vemos que esses períodos foram curtíssimos. O último episódio foi o pós-25 de Abril, e veja-se a sua duração e a sua relevância histórica ou sociológica.
Por uns momentos parecia que estava tudo a partir-se; o país abanou, a sociedade assustou-se. E reagiu, refez o centrão. Sem grande demora tornou-se ao consenso habitual, ao viver histórico e habitual.
Como é evidente nos tempos de rotativismo, isto implica um entendimento essencial segundo o qual nunca se tira a gamela a ninguém. Nem todos podem estar no governo, mas sempre se arranja um lugar numa empresa pública.
A "união nacional" vigente durante toda a primeira república, protagonizada pelos "democráticos", antecedeu aquela que vigorou durante umas décadas de salazarismo e caetanismo.
Mas o tempo do rotativismo monárquico, com a coexistência alternante de dois grandes partidos, não se apresenta substancialmente diferente desse viver unipartidário - e parece-se ainda mais com o actual regime PS/PSD.
As alturas históricas de perturbação, como foi essa aludida fase do após 25 de Abril, ou terá sido a época após 28 de Maio, ou o período do 5 de Outubro, ou antes disso o setembrismo, assemelham-se a momentos de ajustamento. Passam depressa e depois volta tudo ao normal.
Estabelece-se um círculo relativamente limitado onde tudo se passa, onde todos se conhecem e onde os interesses de cada um dependem do equilíbrio do todo. Depois, os lugares vão-se negociando à medida das voltas e reviravoltas da política - que é precisamente reduzida a esse processo negocial permanente.
Fala-se muito em divórcio entre os governados, a massa, e essa classe governante. Também não é novo, sempre se falou.
Mas provavelmente tem que ser mesmo assim: no círculo que delimita o estabelecimento não cabe mais ninguém. Os recursos só dão para garantir alimento aos que estão, e mesmo assim a níveis pouco satisfatórios para as expectativas de boa parte deles. E o fenómeno não é grave, nem implica instabilidade: quem está de fora pesa muito pouco, conta muito pouco.
As crises, quando as houve, vieram sempre de dentro.
1 Comments:
Ora aqui está o cerne da questão. E se isto é assim, aliás, a história prova a impossibilidade do feudalismo, problema de espaço e de pão, a verdade é que não convém esquecer a existência da Igreja como parceiro político privilegiado, além daquela velha máxima - podemos sempre piorar!
Não sei se antigamente era impossível, como agora é, nascer, viver e morrer no interior do país!?
A resposta que as autonomias regionais poderão dar para podermos ser um pouco mais parecidos com as outras nações, também não será de desprezar.
Mas mantém-se essa dura realidade: para sermos independentes como país, tivemos (e temos) sempre que restringir alguns direitos - a possibilidade de podermos alimentar dois galos nesta capoeira, é uma dessas restrições.
Temos que nos organizar numa espécie de 'união nacional' o mais alargada possível, onde todos tenham a sensação de uma leve pertença.
Daí a indispensabilidade do Rei.
Grande tema.
Um abraço.
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