segunda-feira, outubro 23, 2006

A revista “Itinerário”

Vem a propósito então fornecer uma breve explicação do que foi a revista “Itinerário”.
Em minha opinião, que julgo bem acompanhada, a mais elevada e conseguida publicação dos sectores intelectuais conotados habitualmente com a direita situada fora do regime, ou extrema direita, desde a segunda grande guerra até à actualidade, foi o “Tempo Presente”, que dominou o período situado entre 1959 a 1961 e marcou todas as gerações posteriores. A altíssima qualidade da produção inserida nos seus vinte e sete números permanece bem patente para quem se disponha a investigar.
Depois disso, durante os anos sessenta, os mesmos sectores só passaram a ter expressão pública com o jornal “Agora”, naturalmente centrado muito mais no imediato, virado que era para o combate político – isto para além de alguma colaboração solta, no “Diário da Manhã” ou n' “O Debate”. Mas isto passava-se em Lisboa.
Entretanto, em Coimbra, mantiveram-se sempre importantes e valiosos núcleos de uma direita (sobretudo académica, mas não só) doutrinada e interveniente, apoiada nalguns mestres como Miranda Barbosa e Braga da Cruz, e activada por novos protagonistas que iam chegando.
A primeira publicação de relevo, por volta de 1961 e 1962, foi o jornal “Combate”, de que foi director o então muito jovem José Valle de Figueiredo.
O “Itinerário”, revista de actualidade cultural, foi a mais importante realização da direita coimbrã no período que vai de 1965 até ao aproximar do fim dos anos sessenta.
Aproximando-se e entrando a década de setenta temos que considerar como tal a “Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra” e a “Cooperativa Livreira Cidadela”, centros polarizadores da actividade intelectual da direita, na cidade do Mondego, no fim dos anos sessenta e até ao 25 de Abril – sublinhando-se aqui a fronteira definida pela tempestade da crise académica de 1969, embora naturalmente vamos encontrar numa e noutra fase muitos nomes que marcam a continuidade, tal como aconteceria também se considerássemos os primeiros anos de sessenta, estes assinalados pelo referido “Combate”, dirigido por José Valle de Figueiredo.
O “Itinerário” tinha como proprietário Aníbal Pinto de Castro, e teve sempre como Director e Editor o escritor João Conde Veiga.
O Conselho de Redacção era constituído por António Leite da Costa, Armando Luiz, Carlos Alberto de Faria, João Bigotte Chorão e José Pinto Mendes.
Os redactores eram Amiel Bragança Miranda, José Ávila Costa, J. Carlos Falcão Lucas e Manuel Cirilo da Rocha.
Colaboraram com a revista, pelo menos, Álvaro Bastos Araújo, Álvaro Ribeiro, Aníbal Pinto de Castro, António Ayres, António Carlos de Carvalho, António d’Oliveira Santos, António Leite da Costa, António Manuel Couto Viana, António Quadros, António de Sèves Alves Martins, Armando Luiz, Armor Pires Mota, Arnaldo Miranda Barbosa, Artur Lambert da Fonseca, Azinhal Abelho, Carlos Alberto de Faria, Fernando de Freitas Coroado, Fernando Guedes, Fernando Pacheco de Amorim, Francisco Lucas Pires, Gonçalo Sequeira Braga, Guilherme Braga da Cruz, Heitor Chichorro, Horácio Caio, João Bettencourt, João Bigotte Chorão, João Conde Veiga, José Manuel Pereira da Silva, José Pinto Mendes, José Valle de Figueiredo, Jorge Ramos, Juan Soutullo, Lobiano do Rego, Luís Amoroso Lopes, Luís Andrade de Pina, Manuel Gama, Maria de Lurdes Hortas Moreira, Mário António, Miguel Anacoreta Correia, Miguel Freitas da Costa, Navarro de Andrade, Nuno de Miranda, Nuno de Sampayo, Paulo Novais, Pedro Madeira, Pinharanda Gomes, Rodrigo Emílio, Ruy Galvão de Carvalho, Victor Cepeda Mangerão e Zarco Moniz Ferreira – fora os que esqueço.
Além dessa colaboração, a revista publicou ainda textos inéditos ou traduzidos de D. António dos Reis Rodrigues, Natércia Freire, Raul Leal, Gustave Thibon e Michel de Saint Pierre – também ressalvando as faltas.
Eis o que me ocorre – a partir dos arquivos da memória e de uns papéis velhos. As falhas não são intencionais.

1 Comments:

At 7:52 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Obrigado.

Cumprimentos.

 

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