terça-feira, novembro 07, 2006

Seringas e prisões

A autoridade do Estado, e a segurança dos cidadãos.

3 Comments:

At 7:03 da tarde, Blogger JSM said...

Li na fonte que me indicou e comentei. Quanto à questão de fundo, interessava abrir mais 'alas livres de drogas' nas prisões, onde fosse possível dar oportunidade de tratamento aos reclusos dependentes. A troca de seringas visa a redução de danos e esse desígnio é difícil de contrariar em termos retóricos. Seremos sempre acusados de não nos preocuparmos com a potencial infecção de algum recluso que ainda não o esteja. Por isso, insisto, existem muitas outras acções a desenvolver antes desse último acto de rendição.
Em questões de segurança, sabemos que é sempre possível furar o esquema, portanto não é por aí que passa a alternativa à troca de seringas.
Um abraço.

 
At 7:46 da tarde, Blogger Manuel said...

"Seremos sempre acusados de não nos preocuparmos com a potencial infecção de algum recluso que ainda não o esteja."
Pois!!!
Mas essa preocupação é uma das razões para a oposição à livre circulação de seringas no meio prisional. E só essa razão chega para dizer não a tal medida. Nomeadamente, assim acontece com os presos: na esmagadora maioria estão em revolta contra isso. Está a ver o que é viver fechado com uns quantos maníacos drogados que nunca se sabe para onde lhes dá a pancada? A generalidade dos presos têm medo. E os guardas também. Eu se lá estivesse também não ficaria tranquilo com seringas à solta por ali.

 
At 10:01 da tarde, Blogger Vítor Sequinho dos Santos said...

Obrigado pelo comentário (JSM) e pelos links (Manuel Azinhal).

Estou de acordo com o Manuel Azinhal em tudo.
O meio prisional é extremamente complexo, pelo que as questões a ele atinentes não podem ser abordadas de forma superficial e simplista, como me parece estar a acontecer com o programa da troca de seringas nas prisões.
É uma medida bonita de enunciar, "passa bem" para alguns sectores da opinião pública, mas será, com enorme probabilidade, um desastre (nunca reconhecido, como é hábito) na sua aplicação prática.
Quem conhecer minimamente o que é o meio prisional tem uma ideia das dificuldades e riscos - desde logo para os restantes reclusos e os guardas prisionais - que um programa destes envolve.
Rejeito a acusação de não me preocupar coma potencial infecção de algum recluso que ainda não o esteja.
Muito pelo contrário: é por estar preocupado com a saúde dos reclusos e dos guardas prisionais que a medida da troca de seringas em meio prisional me repugna.

Discordo do JSM apenas quando afirma que não é pela segurança das prisões que passa a alternativa à troca de seringas.
Nenhum sistema de segurança é infalível, seja ele qual for e em que âmbito for.
Mas sabemos que o risco diminui na proporção da perfeição dos sistemas de segurança.
No caso em apreço, se as prisões adoptarem sistemas de segurança eficazes (e, sem entrar em detalhes, porque não posso nem devo, garanto-lhe que as falhas actualmente existentes são gritantes), a quantidade de droga que entrará será, senão nula, pelo menos tão diminuta que a generalidade dos reclusos não terá acesso a ela (também nas prisões funcionam as leis do mercado - quando a procura excede largamente a oferta, o preço sobe...)
Portanto, acredito que a adopção de medidas de reforço do controlo do que entra nas prisões serão um importante contributo para a resolução do problema, sem prejuízo de outras medidas, como aquela que o JSM propõe.
Aliás, a verdadeira solução é tratar estas pessoas e não facilitar-lhes o consumo de drogas.
Troca de seringas é que não, pelo menos sem esgotar todas as outras soluções possíveis.

Por último: Este problema tem inúmeras vertentes que não vi, ainda, tratadas. O que vejo, na esmagadora maioria dos casos, são abordagens simplistas, meramente emocionais e/ou determinadas por opções ideológicas, sem se analisar - porque para isso é preciso conhecer - os inúmeros problemas que a "solução" agora "encontrada" envolve.

 

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