Afinidades electivas
Depois de ter encontrado em diversos locais indubitavelmente esquerdistas várias referências carinhosas ao que os autores chamam "a direita culta, inteligente e civilizada" creio ter entendido com algum rigor qual é a coisa a que corresponde a designação. A "direita culta, inteligente e civilizada", a que a esquerda repetidamente se refere, corresponde à direita sociológica que absorveu e interiorizou sem crítica ou objecção a "formatação mental" que define a esquerda.
É aquela burguesia urbana que partilha com a esquerda, por inteiro, as referências culturais, a "forma mentis", os valores, o estilo de vida, o consumo de toda a parafernália de bens colocados no mercado pela produção industrial a que a esquerda se dedica há muito nos terrenos que vão desde o campo artístico e literário até ao mero lazer e entretenimento.
Quando se dedica a actividades intelectuais, essa direita limita-se com naturalidade a passear o intelecto pelo universo esquerdista. No terreno previamente demarcado, aceita a distribuição de papéis: uns são de esquerda, outros são de direita. Mas dentro dos limites dados pelo quadro mental prédefinido.
A relação entre a esquerda e essa direita é assim necessariamente íntima, feita de cumplicidades e subentendidos: os pressupostos são os mesmos, só uns gostos, umas manias e uns afectos é que provocam divergências. Mesmo quando momentaneamente entram em polémica, persiste sempre entre uma e outra mais ou menos a mesma relação que existe entre os Drs. Miguel Portas e Paulo Portas. Entre a esquerda caviar e a direita catita a diferença resulta por vezes, apenas, de qual foi o primeiro filme a impressionar-lhes a imaginação juvenil.
É aquela burguesia urbana que partilha com a esquerda, por inteiro, as referências culturais, a "forma mentis", os valores, o estilo de vida, o consumo de toda a parafernália de bens colocados no mercado pela produção industrial a que a esquerda se dedica há muito nos terrenos que vão desde o campo artístico e literário até ao mero lazer e entretenimento.
Quando se dedica a actividades intelectuais, essa direita limita-se com naturalidade a passear o intelecto pelo universo esquerdista. No terreno previamente demarcado, aceita a distribuição de papéis: uns são de esquerda, outros são de direita. Mas dentro dos limites dados pelo quadro mental prédefinido.
A relação entre a esquerda e essa direita é assim necessariamente íntima, feita de cumplicidades e subentendidos: os pressupostos são os mesmos, só uns gostos, umas manias e uns afectos é que provocam divergências. Mesmo quando momentaneamente entram em polémica, persiste sempre entre uma e outra mais ou menos a mesma relação que existe entre os Drs. Miguel Portas e Paulo Portas. Entre a esquerda caviar e a direita catita a diferença resulta por vezes, apenas, de qual foi o primeiro filme a impressionar-lhes a imaginação juvenil.
2 Comments:
Análise certeiríssima!
De tirar o chapéu...
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