terça-feira, fevereiro 06, 2007

À vontade do freguês

Como se sabe, a proposta que vai a referendo visa tornar inteiramente livre o aborto desde que a mulher o queira fazer e a gravidez esteja nas primeiras dez semanas.
Mas imagine-se que isso passava a ser a lei: todas as grávidas que estejam dentro das 10 primeiras semanas podem dirigir-se aos hospitais ou às clínicas autorizadas e pedir para abortar.
Nesse caso, alguém acredita que continuaria a haver "abortos de mais de 10 semanas"? O que se passaria é que todas as interessadas em fazer o aborto veriam registado o seu caso como "IVG, embrião de 9 semanas", ou qualquer expressão do género.
Os estabelecimentos envolvidos teriam um interesse próprio, económico, em fazer quanto mais abortos melhor. Alguém acredita que seria difícil obter a declaração médica de que se está grávida de 8 ou 9 semanas, mesmo que tenha uma barriga de 3 ou 4 meses?
Será tão difícil isso como conseguir agora os atestados médicos de que se precisa para quaisquer fins.
Acresce que nenhum mecanismo de fiscalização está previsto para o funcionamento de tais clínicas.
Quem conhece o país imagina a consequência de abrir essa porta. Não custa antever que a partir do momento em que a lei diga que é livre abortar até às 10 semanas passam todas as gravidezes a ser de 10 semanas ou menos... e aborta quem quer, a qualquer tempo.

2 Comments:

At 9:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Pois podem... Mas não é obrigatório!...

Apoio, tal qual Frei Bento Domingues, a vontade plena pelo uso da consciência liberta.

E a consciência não é colectiva...

E essa mesma consciência é o bem maior, supremo, que realmente concretiza a pessoa, para lá do ser humano, da forma de vida e de outros imaginários entes sobrenaturais.

Quando alguma tipificação sócio-ideológica tenta restringir o pleno usofruto da consciência individual sobre a própria pessoa (e numa grávida, como constata o teólogo e filósofo Anselmo Borges, só existe uma pessoa: a mãe...) a interface do indefínivel totalitarismo kafkiano emerge até à concreticidade.

E a concreticidade aqui emergente é óbvia: aqueles que pretendem impôr a TODOS (e não somente a eles próprios!) um «modo de usar» da consciência.

A isso, NUNCA.

Ao referendo do dia 11 SIM.

 
At 11:00 da manhã, Blogger DAD said...

Responda ao Quebra-cabeças Matinal em http://anti-aborto.blogspot.com/

Cumprimentos

 

Enviar um comentário

<< Home