Salazar e a História
Eu não sei, obviamente, se Salazar foi o maior português de sempre. Nem conheço critério para tirar essas medidas. Na ausência de padrão que possa avaliar essas grandezas, com um mínimo de rigor e objectividade, também não me parece provável que se chegue a resultados que mereçam aceitação geral.
O que posso dizer é que numa observação empírica, olhando para trás e procurando avaliar as dimensões dos vultos como quem olha à distância os diferentes pontos de uma paisagem, Salazar surge inequivocamente como o mais relevante português do século XX. Podemos descortinar aqui e ali algumas pequenas elevações, antes dele ou depois dele. Mas é ele a montanha que ocupa majestosamente o centro da paisagem.
Ao fazer-se a história do século XX português, tudo se mede com referência a Salazar. O que se passou antes, parece uma sequência agitada de múltiplos acontecimentos e de inúmeras personalidades que parecem ter o sentido de abrir caminho à mais sólida e duradoura realização política do século: o regime salazarista, mal ou bem personalizado na figura de Salazar. Depois dele, de novo deparamos com umas décadas de alucinante busca, em que o único sentido coerente das infindáveis movimentações e personagens parece ser apenas o de procurar, ou construir, um Portugal sem Salazar.
Em qualquer caso, o ponto de referência é sempre ele – e todas as avaliações são feitas irresistivelmente por comparação. Nunca é possível encarar qualquer figura histórica desta época sem a medir por essa forma, nem falar de qualquer realidade desse período da nossa existência sem ter em conta essas balizas: há Salazar, o antes de Salazar e o depois de Salazar. Os termos em análise impõem-se generalizadamente, até sem que os sujeitos se apercebam disso. Os discursos frequentemente atraiçoam o que os discursantes querem negar.
O que posso dizer é que numa observação empírica, olhando para trás e procurando avaliar as dimensões dos vultos como quem olha à distância os diferentes pontos de uma paisagem, Salazar surge inequivocamente como o mais relevante português do século XX. Podemos descortinar aqui e ali algumas pequenas elevações, antes dele ou depois dele. Mas é ele a montanha que ocupa majestosamente o centro da paisagem.
Ao fazer-se a história do século XX português, tudo se mede com referência a Salazar. O que se passou antes, parece uma sequência agitada de múltiplos acontecimentos e de inúmeras personalidades que parecem ter o sentido de abrir caminho à mais sólida e duradoura realização política do século: o regime salazarista, mal ou bem personalizado na figura de Salazar. Depois dele, de novo deparamos com umas décadas de alucinante busca, em que o único sentido coerente das infindáveis movimentações e personagens parece ser apenas o de procurar, ou construir, um Portugal sem Salazar.
Em qualquer caso, o ponto de referência é sempre ele – e todas as avaliações são feitas irresistivelmente por comparação. Nunca é possível encarar qualquer figura histórica desta época sem a medir por essa forma, nem falar de qualquer realidade desse período da nossa existência sem ter em conta essas balizas: há Salazar, o antes de Salazar e o depois de Salazar. Os termos em análise impõem-se generalizadamente, até sem que os sujeitos se apercebam disso. Os discursos frequentemente atraiçoam o que os discursantes querem negar.
7 Comments:
Manuel Azinhal, excelente Postal.
Parabéns.
Inegável, é mesmo isso!
Ainda hoje em dia, na escola (universidade) à cadeira de Economia Portuguesa, não há trabalho que não tenha o tema pré, durante e pós Salazar/Estado novo.
Gostei do postal. Atenção que o postal do Corcunda sobre este tema também está muito bom.
Caro Manuel
Houve pelos menos 2 portugueses mais relevantes durante o sec.XX:Fernando Pessoa e Agostinho da Silva.
Sem dúvida. Fernando Pessoa e Agostinho da Silva foram eminentes, tais como outros que não cabe aqui enumerar. Todavia, nenhum deles teve semelhante estatura nem a proeminência de Salazar.
Quer se queira ou goste, quer não.
Sim, foi relevante, de um modo muito infeliz. Mais valia que não tivesse sido, que a mãezinha dele tivesse abortado, por exemplo. Pensem só no que o país teria ganho.
O ponto decisivo, sr. Narciso, é que no caso de a sua própria mãezinha ter tomado a decisão que refere o facto seria inteiramente irrelevante. Não se ganhava nem perdia coisa nenhuma. Nada. Tudo ficava exactamente na mesma.
Percebeu?
Como anónimo escrevi:
«Anonymous said...
Sem dúvida. Fernando Pessoa e Agostinho da Silva foram eminentes, tais como outros que não cabe aqui enumerar. Todavia, nenhum deles teve semelhante estatura nem a proeminência de Salazar.
Quer se queira ou goste, quer não.»
7:46 AM
Suponho que, em resposta, "CN" escreveu:
«CN said...
Sim, foi relevante, de um modo muito infeliz. Mais valia que não tivesse sido, que a mãezinha dele tivesse abortado, por exemplo. Pensem só no que o país teria ganho.»
Aparentemente, você é um defensor do aborto. Se calhar, você é um frustrado a deitar culpas na boa da sua mãe porque não o abortou a si. Tem que se conformar e viver a vida que Deus lhe deu, procurando, se possível, além de não chatear ninguém, alcançar o que todos nos desejamos: a Salvação.
Nuno Soares Franco
Enviar um comentário
<< Home