quarta-feira, abril 18, 2007

A mega operação caça-fascistas

Ao escrever o texto que ficou ali um pouco mais abaixo, com algumas pretensões a sarcástico, não esperava que os acontecimentos viessem tão depressa corroborar o meu pressentimento.
Deve ser da experiência, bem vivida em montagens e inventonas desde o longínquo Setembro de 1974, agora parece que até de olhos fechados os topo à distância.
Com efeito, pouco tempo tinha passado sobre o meu pequeno escrito quando começaram a aparecer na imprensa electrónica as notícias sobre a "mega-operação da Polícia Judiciária" que se desenrolou na madrugada de hoje, trazendo a lume o facto-político a que eu tinha feito alusão no meu prognóstico jocoso.
O que veio a público não pode passar sem alguns comentários, mesmo a quente e sem outra informação que não seja a que foi possível encontrar nos jornais digitais, tão evidentes me parecem os factos.
Segundo as notícias, a PJ reuniu mais de 100 agentes, devidamente enquadrados, para fazerem buscas domiciliárias em algumas 60 residências diferentes, em diversos pontos do país, sobretudo na zona de Lisboa mas também no Porto e em Braga, ao que se noticiou.
É notável: para quem conhece os recursos humanos dessa polícia, isto significa que praticamente tudo o resto foi preterido em favor desta prioridade das prioridades que foi a operação em referência. Agentes de todas as directorias, de todo o país, foram mobilizados para tão gigantesca operação. Não sei há quanto tempo a PJ não realizaria uma acção desta envergadura - desde o desmantelamento das FP-25?
São inevitáveis as perguntas. Não parece provável que a decisão para avançar com a operação tenha sido tomada a nível da hierarquia da PJ. A polícia tem mais que fazer, e não se afigura a ninguém com juízo que isto fosse a sua máxima preocupação em matéria de combate ao crime.
De onde veio então a pressão para pôr em marcha neste preciso momento uma iniciativa destas? Pode ter sido transmitida através da Procuradoria-Geral da República, agora transformada numa espécie de delegação governamental sob a responsabilidade de Pinto Monteiro. Mas como é óbvio a ideia não veio daí.
Tratou-se então de criar ambiente para um ritual colectivo de exorcismo antifascista, para satisfazer as reclamações dos devotos, sofredores após a vitória de Salazar no concurso e mais o fiasco de Santa Comba? Não parece ser apenas isso, embora seja verdade que os sentimentos antifascistas andavam carentes.
Tratou-se de antecipar as mobilizações previstas para dia 21, marcadas para LIsboa, de forma a desferir um golpe decisivo no PNR e nos que militam à sua volta, através do efeito intimidatório e do alarme público? Também não parece que seja apenas isso.
Será então uma resposta ao ruído mediático à volta dos famosos cartazes sobre a imigração, para popularizar o governo entre a sua clientela esquerdista e impaciente? Também não parece que seja só isso, nem mesmo que seja isso mais os factores anteriormente apontados.
O que parece, atendendo ao contexto, é que a razão decisiva para esta montagem foi efectivamente oferecer à comunicação social e à opinião pública alimento que a desviasse dos escândalos que ultimamente a têm entretido.
Por outras palavras, estamos perante uma operação típica de intoxicação, manipulação, propaganda, executada com recurso ao aparelho policial-judicial mas pensada e decidida ao nível político mais elevado.
Não parece que tenha resultado e que vão de repente desaparecer os pesadelos de Sócrates; mas tudo indica que foi esse o cálculo fundamental.
E outras perguntas incómodas têm que ser feitas. De acordo com as notícias, os mandados de busca teriam sido fundamentados em suspeitas de crimes de "discriminação racial". Será que o crime de "discriminação racial" é daqueles que se provam com buscas domiciliárias? Esse crime traduz-se em provas materiais? Quais? São livros, discos, CD's, panfletos? E como foram escolhidos os alvos? Por fotografias nos jornais, ou filmes da televisão? Por indicação do SIS? Por informadores seguros que relataram a sua "discriminação racial"? Por fontes idóneas que atestaram o seu indiciário fascismo?
Algumas notícias deram conta de que tinham sido apreendidas algumas "armas ilegais". Não era essa a justificação legal para as diligências, mas convém também esclarecer o que é que foi encontrado. Uns corta-unhas? Umas fisgas?
Já agora, acrescente-se que para além dos domicilios também foi efectuada busca à própria sede do PNR, na baixa de Lisboa. O PNR é um partido político devidamente legalizado. Isto pode acontecer? O que é que ali foi encontrado que justificasse acto tão excepcional?
Finalmente, dizem as mesmas notícias que algumas dezenas de pessoas foram detidas para ser presentes a interrogório. Por terem os tais livros, a tal "propaganda nazi" a que se referem as notícias? Por terem feito alguma coisa? Por detenção das tais armas? Ou por serem alguma coisa?
Independentemente das respostas a estas perguntas, que duvido tenham resposta pronta e clara, o que pode ver quem não seja cego de todo é que estamos face a um escândalo político de todo o tamanho. É uma monstrusidade. E monstruosidade é também tentar branquear o que não tem desculpa.

4 Comments:

At 10:58 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Workshop

Preâmbulo

Depois de debatido nos céus, o conteúdo deste conto, o deus Thoth decidiu publicá-lo.

Os meus agradecimentos ao Thoth, por me deixar postar aqui este conto de ficção:
- Certo dia recebeu, um conhecido meu (o Pedro, nome fictício), um convite para passar um fim-de-semana algures aí numa serra de Portugal. Este encontro tinha um nome engraçado, Workshop! Mas perguntam vocês, workshop de quê?
Workshop de desobediência civil!
- Como medidas de “segurança” não se levava nada com que as autoridades pudessem pegar...até porque estas “festas” são divulgadas descarada e provocatoriamente. Chegados os campistas, e depois dos abraços e saudações do costume, os “capo’s” já tinham a logística preparada e aí vai breefing. Divide-se a malta em grupos e passamos à acção (formação) política: a globalização, as multinacionais, o ambiente…depois vieram os amigos internacionais, contactos, as formas de luta (não faltaram imagens em portáteis das manife’s), etc.
- Conta o Pedro (nome fictício – com um labor bem real), que a sua principal missão era prestar atenção aos convidados estrangeiros! Um espanhol, daqueles que de Espanha não gosta nada, foi o seu principal foco de atenção!? Depois do reportório “legal” (ocupação de edifícios, cortes de estrada, contra manifestações, invasão de escolas…), vieram em tom de brincadeira e metidos ali como uma espécie de improviso (graçola de meninos) a confecção de um cocktail- molotov! A excitação aumenta, aparece logo uma garrafa, “assalta-se” um depósito de um automóvel, arranja-se um pouco de óleo, faz-se a mistura, acende-se a mecha…todos quiseram experimentar. O “espanhol” continuava atento e alguém lembra-se de lhe fazer perguntas sobre a “calle barroca!” A palavra mágica foi proferida e o êxtase era visível nas carinhas dos jovens burgueses com os cabelos compridos e sebosos (que os papás dizem com um encolher de ombros – são jovens, coitados).

Mas isto é tudo ficção, e o artigo 46 da CRP, não lhes é aplicado – pois não são fascistas nem paramilitares!...

Conto de ficção – extraído de uma história verídica, a que o deus Thoth teve acesso.

 
At 6:47 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Quem chamou pelo Deus Thoth?

 
At 6:14 da tarde, Anonymous Anónimo said...

coitada daantiga PIDE! isto e segundo eles democracia! se c os mesmos senhores n fosse!iam todos para o Campo PEQUENO! Lembram-se?''''''''''''''''''''''

 
At 8:33 da tarde, Blogger Waco said...

A desculpa do Director Nacional Adjunto da DCCB, no Tribunal, é que teria havido uma reunião entre Hammerskins, Volksfront e outro grupo qualquer na Sede do PNR, o que além de uma mentira descabida não justifica de modo nenhum esse acto inqualificável, na minha opinião.

 

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