O paradigma maçónico
Como expliquei em dois postais anteriores, há entre nós uma prática longamente sedimentada que faz com que as pessoas que atingem os mais altos escalões da vida pública em regra só o façam pela sua inserção em redes clientelares de que nunca podem depois libertar-se, pois tudo lhes devem e os credores são zelosos. Como consequência, os homens livres estão excluídos à partida do acesso a qualquer posição relevante e aqueles que ascendem aos lugares do poder não são homens livres, pois que enredados na teia que ali os conduziu, de onde resulta a impossibilidade prática de definir uma política sustentada que vá além da gestão dos equilíbrios de poder necessários à subsistência dos próprios e do grupo em cada hora que passa.
É o que chamarei o paradigma maçónico.
Da realidade que tenho vindo a descrever resulta normalmente que em Portugal quem não tiver loja não é ninguém, e que quem tiver talento para se movimentar apropriadamente nesse meio tem todas as condições para chegar longe.
Porém, as mesmas forças que impulsionam essa facilidade de ascensão e conquista também fragilizam e limitam todo o poder adquirido. Os compromissos, os pactos, as peias de todo o tipo criam uma situação em que o governante súbito se encontra o menos livre dos homens.
Atingir o poder surge como relativamente fácil, fazer alguma coisa com ele é tarefa quase impossível. A loja encara sempre o titular aparente das rédeas do poder como um delegado, um representante, um administrador provisório, um feitor ou um distribuidor. Os membros da loja nunca permitem que se esqueça que uma quota daquele poder a eles é devida, e do que se faça com ele há que dar-lhes contas a todo o momento.
Este o drama da mentalidade maçonizante e a raiz da disfuncionalidade do paradigma maçónico que tem dominado a nossa vida pública desde há mais de dois séculos.
Habitualmente em Portugal o poder não pertence efectivamente a quem o detém do ponto de vista formal, mantendo-se enleado nas redes de interesses que determinaram a investidura. Desse modo é muito pouco provável que alguém só por sentar-se nas cadeiras da governação possa levar a cabo as políticas em que realmente acredita e que quereria levar à prática. Ou faz o que espera quem o conduziu ao lugar (o que frequentemente não é possível) ou a precariedade da sua situação vem rapidamente ao de cima.
Nestes últimos 250 anos só estou a ver um governante que tenha efectivamente conseguido cimentar um poder próprio, libertando-se assim das dependências e condicionantes inerentes ao modelo.
Esse caso raro de homem livre na governação portuguesa foi Salazar. Obviamente que para governar teve muitas vezes que arbitrar e negociar, e levar em conta os poderes fácticos que o rodeavam na sociedade portuguesa, desde a Igreja às Forças Armadas e destas às inevitáveis maçonarias de diversa ordem que nunca deixaram de pesar. Mas tinha poder exclusivamente seu com que negociar, e por isso foi o mais livre dos nossos governantes durante o longo período que tenho vindo a considerar. Consequentemente, foi também aquele que teve maior capacidade de realização, erguendo um Estado e um regime e levando à prática as políticas que tinha como adequadas.
Mas isso só foi possível porque Salazar foi o governante que mais longe esteve do paradigma maçónico que tenho vindo a descrever.
É o que chamarei o paradigma maçónico.
Da realidade que tenho vindo a descrever resulta normalmente que em Portugal quem não tiver loja não é ninguém, e que quem tiver talento para se movimentar apropriadamente nesse meio tem todas as condições para chegar longe.
Porém, as mesmas forças que impulsionam essa facilidade de ascensão e conquista também fragilizam e limitam todo o poder adquirido. Os compromissos, os pactos, as peias de todo o tipo criam uma situação em que o governante súbito se encontra o menos livre dos homens.
Atingir o poder surge como relativamente fácil, fazer alguma coisa com ele é tarefa quase impossível. A loja encara sempre o titular aparente das rédeas do poder como um delegado, um representante, um administrador provisório, um feitor ou um distribuidor. Os membros da loja nunca permitem que se esqueça que uma quota daquele poder a eles é devida, e do que se faça com ele há que dar-lhes contas a todo o momento.
Este o drama da mentalidade maçonizante e a raiz da disfuncionalidade do paradigma maçónico que tem dominado a nossa vida pública desde há mais de dois séculos.
Habitualmente em Portugal o poder não pertence efectivamente a quem o detém do ponto de vista formal, mantendo-se enleado nas redes de interesses que determinaram a investidura. Desse modo é muito pouco provável que alguém só por sentar-se nas cadeiras da governação possa levar a cabo as políticas em que realmente acredita e que quereria levar à prática. Ou faz o que espera quem o conduziu ao lugar (o que frequentemente não é possível) ou a precariedade da sua situação vem rapidamente ao de cima.
Nestes últimos 250 anos só estou a ver um governante que tenha efectivamente conseguido cimentar um poder próprio, libertando-se assim das dependências e condicionantes inerentes ao modelo.
Esse caso raro de homem livre na governação portuguesa foi Salazar. Obviamente que para governar teve muitas vezes que arbitrar e negociar, e levar em conta os poderes fácticos que o rodeavam na sociedade portuguesa, desde a Igreja às Forças Armadas e destas às inevitáveis maçonarias de diversa ordem que nunca deixaram de pesar. Mas tinha poder exclusivamente seu com que negociar, e por isso foi o mais livre dos nossos governantes durante o longo período que tenho vindo a considerar. Consequentemente, foi também aquele que teve maior capacidade de realização, erguendo um Estado e um regime e levando à prática as políticas que tinha como adequadas.
Mas isso só foi possível porque Salazar foi o governante que mais longe esteve do paradigma maçónico que tenho vindo a descrever.
3 Comments:
Claro que está correctíssimo em tudo quanto escreveu e, se me permite a ousadia, até peca por defeito. O pior é a tristeza e a incerteza que consomem inapelàvelmente o Povo e o País até que tudo finalmente mude. Porque não subsistam dúvidas, o País terá forçosamente de mudar antes que desapareça do mapa.
Maria
Brilhante análise, Manuel Azinhal! Não poderia estar mais de acordo. Por vezes conversando com amigos que, ingenuamente, tendem a acreditar que este ou aquele tipo podem fazer alguma coisa respondo-lhes invariavelmente o essencial do que acabou de escrever. A minha esperança é que, como escreve a leitora Maria, serão os factos a obrigar a mudar a situação actual sob pena de o país implodir. Este mudar a situação actual comportará inevitavelmente a queda do regime que, porque maçónico, abomino visceralmente.
Excelente e lúcida análise.
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