segunda-feira, outubro 15, 2007

Passos passados


Quando eu tinha 19, 20 anos, morava na Barbosa du Bocage. O Saldanha, o Monumental, eram logo ali.Quando lembro o Berna lembro Peter Sellers em Mr. Chance, quando lembro o Monumental lembro Jack Nicholson em Shinning, quando lembro o Nimas lembro Chariots of Fire e a poderosa música de Vangelis... não sei porquê cada cinema traz associada uma recordação precisa. Ou talvez não, agora de repente estão a aparecer várias ao mesmo tempo. Fiquemos no Monumental.

2 Comments:

At 3:15 da tarde, Blogger �ltimo reduto said...

Aqui tirava eu fotografias nas sessões de carnaval logo por alturas do final da longa noite escura...! Mais logo vou ver se encontro alguma que seja publicável...

 
At 7:01 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O Monumental... Olho para esta fotografia e vêem-me logo à memória os crimes arquitectónicos (e outros) perpetrados pelos 'grandes democratas' de primeiríssima água que ainda para aí rastejam, tudo feito com requintes de malvadez e perícia inigualáveis. Enquanto não destruíram este edifício não desistiram. Para, como sempre acontece, colocarem no mesmo lugar aquele mamarracho que se conhece e que os faz rebentar d'orgulho, pois claro. Porque, como todos sabemos, o que eles queriam mesmo era vingar-se de Vasco Morgado e de Laura Alves, empresário de inegável sucesso e actriz muito popular e querida, ambos ligados ao 'regime execrável' deposto. Não lhes importou mìnimamente que V.M. tivesse sido o maior empresário teatral português da sua época - gostasse-se ou não dele era uma verdade irrefutável. Ainda menos lhes importou que L.A. tivesse sido uma das maiores actrizes de comédia do nosso País - gostasse-se ou não dela, era uma verdade incontestável. Qual quê! Tudo quanto cheirasse a 'fascismo' era para ser varrido do mapa. Os grandes empresários que traziam riqueza ao país, que davam trabalho a imensos artistas, que traziam a Portugal artistas de renome internacional, que davam prestígio ao teatro e enchiam-nos de público; e as enormes actrizes que mantinham peças em cena meses e meses seguidos e quase sempre com lotação esgotada em todas as sessões, não tinham interesse algum para os novíssimos 'grandes democratas' e menos ainda para o povo embrutecido por anos e anos de obscurantismo. Eles é que mandavam agora no país, mas sobretudo no povo e no que este deveria ou não ver, nem que cada peça por eles levada à cena tivesse como audiência meia dúzia de espectadores. Assim é que era, mostrar ao povo nem que fosse à força, o que ele devia ver para assim melhor aprender o que era o 'verdadeiro teatro'. As "peças, a encenação e a distribuição de papéis" pertencer-lhes-iam na totalidade e literalmente a partir dessa altura, a eles e a mais ninguém. A maldade não tem limites. Porque não os quiseram destruir doutra maneira (ou não lhes deram a importância suficiente para o fazer), tanta a V.M. como a L.A., as notícias insidiosas, mentirosas, ofensivas, cruéis, desgastantes e quase diárias, que iriam aparecer em tudo quanto era jornal ou revista, propaladas pelos obedientes servidores da malta brava que tomou d'assalto o país, arruinaram-lhes a saúde provocando-lhes uma morte precoce. Laura Alves chegou a afirmar e sabe-se que é verdade porque morava próximo do Monumental, que de sua casa avistava o edifício e que via todos os dias "o que estão a fazer àquele querido edifício corta-me a alma porque foi ali que passei grande parte da minha vida como se de minha casa se tratasse e o facto de o irem deitando abaixo a pouco e pouco e não de uma só vez e já andam nisto há anos sem fim e sabem que eu de minha casa posso observá-lo, até as paredes semi-destruídas dos camarins incluíndo o meu, eu vejo da minha janela, é isto tudo que me pôs doente e me há-de levar à morte e é isso mesmo que eles desejam, para que o meu querido público me esqueça".
Os fazedores de democracias rápidas tinham que deitar abaixo preferecialmente tudo o que cheirasse (e principalmente lembrasse ao povo) a antigo regime, como se o anterior regime não tivesse existido ou se tivesse por magia eclipsado. É o que tentaram fazer por cá como igualmente noutros países, naqueles onde isso lhes foi possível. Pensando que os povos, todos os povos, são parvos e que vão esquecer tudo o que viveram de bom e de menos bom, para trás, sob regimes ditatoriais ou autoritários, só porque uns iluminados cobiçosos das enormes riquezas acumuladas à custa de sacrifícios imensos desses mesmos povos, que aliás eles desprezam e de seus dirigentes que eles sistemàticamente difamam e menorizam mas dos quais, invariàvelmente, eles sentem uns ciùmes e inveja incontroláveis, lhes vêem anunciar qual boa nova, que eles é que são os seus verdadeiros amigos deles, infelizes povos, que eles é que lhes vão trazer riqueza e bem-estar, paz e felicidade eternas, democratas de gema que se consideram e proclamam ser. Pobres dos povos que acreditam nestes maltêses.

O interior deste edifício era uma maravilha em espaço e com uma decoração elegante, ainda que um pouco austera na minha opinião. Os lustres eram enormes, impressionantes. E, segundo os actores que lá trabalharam, os cenários eram grandiosos e os camarins de um conforto imenso.
Não sendo exteriormente um edifício imponente, longe disso, era, não obstante e comparativamente às porcarias arquitectónicas com que temos sido presenteados nas últimas décadas, uma autêntica obra-prima.

Pela minha parte agradeço-lhe a bonita fotografia.

Maria

 

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