BRIC
Há poucos anos vivia-se num mundo bipolar, teorizando-se sobre os dois blocos como se fosse essa a realidade do mundo até à eternidade. Desfeitos esses equilíbrios e essas ilusões, cedo despontou a perspectiva de um mundo unipolar, um universo globalizado onde uma única potência exercia os seus superpoderes.
O Século Americano!!!
Passaram poucos anos, e desconfia-se seriamente que o futuro não vai ser assim.
Ninguém sabe com certeza quais serão os futuros equilíbrios de forças na política internacional, mas avolumam-se os sinais de que a história não caminha para aí.
Agora fala-se cada vez em BRIC, abreviando-se na sigla as previsões da cada vez maior presença na política mundial de potências emergentes como o Brasil, a Rússia, a Índia, a China.
Realmente, como me dizia irónico Orlando Vitorino num já remoto serão no IADE, "nada no mundo é eterno a não ser o próprio mundo".
Podem as relações internacionais manter-se reguladas por um quadro desenhado no imediato pós-segunda grande guerra? Que sentido faz hoje um Conselho de Segurança com aqueles membros permanentes e aqueles direitos de veto? Será possível manter muito mais tempo um tão flagrante desfasamento da realidade? Os novos poderes continuarão a aceitar semelhante anomalia? Nem um país do Hemisfério Sul pode enfileirar entre os grandes?
A lógica da geopolítica, em face da demografia, dos territórios, da massa crítica das novas potências, obriga-nos a concluir que não. Em breve a realidade das economias, e, inevitavelmente, do poderio bélico, obrigarão também a idêntica conclusão.
Não são apenas as potências agrupadas no que se designou por BRIC. Para além do Brasil, da Rússia, da Índia, da China, outros Estados não deixarão de querer também desempenhar papéis de primeiro plano na cena internacional. O Paquistão nuclear, a Indonésia, a África do Sul, o Irão, a Venezuela...
As notícias sobre a crescente cooperação entre Irão e Venezuela, em afrontamento aos americanos, têm significado mais profundo do que as transitórias personalidades dos seus actuais dirigentes. Por enquanto, é ainda o petróleo que faz mover o mundo. O petróleo e os dólares, estamos para ver até quando.
A propósito, intrigou-me a falta do destaque devido para as notícias sobre a abundância das reservas petrolíferas brasileiras. Lembro-me de aqui há anos ser habitual comentar que o Brasil tinha tudo excepto petróleo. Agora constata-se que nem isso lhe falta. O assunto tem alcance muito maior do que a simples vantagem conseguida pela GALP. Na verdade, parece-me que a circunstância de a GALP ter ficado com a terminação releva pouco para o caso: a taluda é que importa.
Quanto tempo mais manterão a sua centralidade conflitos como o Médio Oriente ou a Irlanda do Norte? Num mundo novo em que os parceiros decisivos sejam outros, não é de crer que não mude o olhar da comunidade internacional sobre disputas que vistas de outros pontos do globo surgem inevitavelmente como brigas exóticas e desinteressantes.
O Século Americano!!!
Passaram poucos anos, e desconfia-se seriamente que o futuro não vai ser assim.
Ninguém sabe com certeza quais serão os futuros equilíbrios de forças na política internacional, mas avolumam-se os sinais de que a história não caminha para aí.
Agora fala-se cada vez em BRIC, abreviando-se na sigla as previsões da cada vez maior presença na política mundial de potências emergentes como o Brasil, a Rússia, a Índia, a China.
Realmente, como me dizia irónico Orlando Vitorino num já remoto serão no IADE, "nada no mundo é eterno a não ser o próprio mundo".
Podem as relações internacionais manter-se reguladas por um quadro desenhado no imediato pós-segunda grande guerra? Que sentido faz hoje um Conselho de Segurança com aqueles membros permanentes e aqueles direitos de veto? Será possível manter muito mais tempo um tão flagrante desfasamento da realidade? Os novos poderes continuarão a aceitar semelhante anomalia? Nem um país do Hemisfério Sul pode enfileirar entre os grandes?
A lógica da geopolítica, em face da demografia, dos territórios, da massa crítica das novas potências, obriga-nos a concluir que não. Em breve a realidade das economias, e, inevitavelmente, do poderio bélico, obrigarão também a idêntica conclusão.
Não são apenas as potências agrupadas no que se designou por BRIC. Para além do Brasil, da Rússia, da Índia, da China, outros Estados não deixarão de querer também desempenhar papéis de primeiro plano na cena internacional. O Paquistão nuclear, a Indonésia, a África do Sul, o Irão, a Venezuela...
As notícias sobre a crescente cooperação entre Irão e Venezuela, em afrontamento aos americanos, têm significado mais profundo do que as transitórias personalidades dos seus actuais dirigentes. Por enquanto, é ainda o petróleo que faz mover o mundo. O petróleo e os dólares, estamos para ver até quando.
A propósito, intrigou-me a falta do destaque devido para as notícias sobre a abundância das reservas petrolíferas brasileiras. Lembro-me de aqui há anos ser habitual comentar que o Brasil tinha tudo excepto petróleo. Agora constata-se que nem isso lhe falta. O assunto tem alcance muito maior do que a simples vantagem conseguida pela GALP. Na verdade, parece-me que a circunstância de a GALP ter ficado com a terminação releva pouco para o caso: a taluda é que importa.
Quanto tempo mais manterão a sua centralidade conflitos como o Médio Oriente ou a Irlanda do Norte? Num mundo novo em que os parceiros decisivos sejam outros, não é de crer que não mude o olhar da comunidade internacional sobre disputas que vistas de outros pontos do globo surgem inevitavelmente como brigas exóticas e desinteressantes.
1 Comments:
Seria talvez neste mundo novo, que Portugal terá de se libertar das grilhetas da visão europeísta e eurocêntrica, pois há mais mundo para além da Europa, não querendo com isto dizer virar costas à Europa. Podemos não ser os protagonistas, mas "que interessa ser o primeiro ou o segundo, se sentamos todos juntos à mesa para a refeição?" (Passe-se expressão de Chu En Lai, antigo MNE de Mao)
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