domingo, novembro 04, 2007

Paquistão

No Iraque e no Afeganistão, passados estes anos, a aparência de ordem que por lá existe, mesmo frágil e precária, só subsiste enquanto os contingentes de ocupação se encarregarem de a assegurar. E não se descortina qualquer perspectiva de mudança, nem sequer uma saída airosa.
Mas continuar fica caríssimo, é incomportável.
As notícias que vêm do Paquistão são alarmantes. Ninguém sabe o que se vai passar, mas todas as apreensões são legítimas. Como noutras partes, a América para defender a democracia no mundo tem sustentado custosamente o ditador local e a clique militar em que este se apoia. Pode ter chegado o momento em que nem isso baste, e para manter de pé aquele edifício instável seja requisitado um outro tipo de empenhamento.
Será isso possível à América?
O que se tem passado com a Turquia e a frente curda, e o que se pressente nesse remoinho de tensões, tem visivelmente exasperado os governantes de Washington. O mundo é realmente complexo. Em nenhuma área os problemas aparentam estar em vias de apaziguamento. Nem na Palestina, nem no Paquistão, nem no Iraque, nem no Afeganistão, nem na Turquia.
Alguns entusiastas mais ardentes das políticas que têm triunfado nos anos mais recentes são capazes de propor, como o têm feito, que se fuja para a frente: em força para o Irão. Obviamente que nesta altura quase todos responderão instintivamente: mais do mesmo? E a Rússia, e a China (e a Síria, e a Arábia, e o Egipto... e o Líbano, a Jordânia...)???!!!.
Pode atrair alguns, isso do Irão. Mas alguém acredita seriamente que do derrube do regime dos aiatolás surgirão a calma e a estabilidade? Muito mais provável é a previsão oposta: surgirá mais uma vasta área negra, onde um turbilhão de forças se vão desencadear e colocar de novo a mesma questão - ou a América em força, ou o caos generalizado.
Poderá e quererá a América fazê-lo?
O pior risco das profecias é o de falharem, mas estou com o presentimento de que a América, com o pragmatismo que caracteriza a sua cultura anglo-saxónica, vai procurar uma solução para os seus problemas. E se os americanos se convencerem que há um nó górdio que é preciso cortar, cortam-no mesmo.
Prosseguir em frente, no mesmo rumo e no mesmo caminho, é insustentável.

2 Comments:

At 12:40 da tarde, Blogger DAD said...

Excelente comentário.

http://monarquico.blogspot.com/

 
At 1:39 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Em vez de pensar no que a América faz e desfaz no seu jogo para dominar o mundo, que tal pensar o porquê dos países ocidentais não aceitarem a abertura dos seus mercados agrícolas para a livre concorrência, evitando assim uma escravização económica dos países africanos e latinos?
É que no 1º mundo nunca se movimentou para uma economia livre no sector agrícola, porquê?

 

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