quarta-feira, dezembro 19, 2007

Modernidade

De Carlos Bobone, na Alameda Digital:

Fernando Pessoa, em dois curtos e incisivos ensaios, “O Provincianismo Português” e “O Caso Mental Português”, datados de 1928 e 1932, classificava a mania da modernidade como um sintoma de inferioridade mental, de “provincianismo”. Segundo o poeta da “Mensagem”, o provinciano é aquele que pertence a uma civilização sem tomar parte no desenvolvimento superior dela. Segue-a, pois, “mimeticamente, com uma subordinação inconsciente e feliz”. O provinciano não vê luzes e sombras, pontos altos e pontos baixos na civilização de que se quer mostrar parte integrante. Limita-se a admirá-la sem limites, a pasmar das coisas que vê, como quem as não produziu. Enquanto o verdadeiro civilizado vive dentro da civilização com a naturalidade de quem a usa, de quem a produz, sem se admirar, sem a ambição de a absorver servilmente, o provinciano manifesta uma admiração sem reservas pelas grandes cidades, pelas ideias de progresso e de moderno. “Os civilizados criam o progresso, criam a moda, criam a modernidade; por isso lhes não atribuem importância de maior. (...) O provinciano, porém, pasma do que não fez, precisamente porque o não fez; e orgulha-se de sentir esse pasmo. Se assim não sentisse, não seria provinciano”.

3 Comments:

At 11:25 da tarde, Blogger isabel mendes ferreira said...

posso?



concordo!!!!


e se não fossemos "largamente" provincianos .... ... ....muitos outros "mares" desbravaríamos...



boa noite.


________________pode.se voltar? dezembrinamente?

 
At 12:03 da manhã, Blogger Rui Caetano said...

O ser provinciano marca a nossa forma de ser e de nos comportarmos em tantas siuações deste país.

 
At 12:35 da manhã, Blogger Je maintiendrai said...

Um excelente texto.

 

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