terça-feira, janeiro 15, 2008

Inevitabilidades

Ao acompanhar os noticiários ficamos com a sensação de que temos mais probabilidades de influenciar o clima do que as decisões políticas fundamentais que nos afectam. Em se tratando de arrefecimentos ou aquecimentos, mesmo globais, todos nos dizem que a responsabilidade é nossa e que dos nossos actos está dependente o futuro. Sendo a governação o assunto, a impressão que nos transmitem (desde o pedestal presidencial à autoridade dos comentadores encartados) é que sobre questões tão sérias não se pode arriscar instabilidade: superiormente se decide, longe da populaça.
A bem dizer, a agitação estéril a que a actividade política se foi reduzindo é apenas o espectáculo necessário para manter as ilusões e entreter as massas. Não espanta assim que se esteja a entrar numa era em que o estilo telenovelesco, para não falar do big-brother ou da "casa das celebridades", passa a marcar a vida política (a que se desenrola aos olhos do público). Os profissionais descobriram as potencialidades da imprensa cor-de-rosa, ou esta invadiu e dominou a outra, e os episódios do género Sarkozy-Carla Bruni e Chávez-Naomi Campbell são capazes de estar para ficar.
Quanto ao que importa, não se pode fugir ao sentimento de inevitabilidade. Sócrates decidiu que não haveria referendo sobre o tratado europeu, porque assim estava estabelecido há muito. Ouvem-se algumas críticas rituais a que não é possível deixar de reagir com um sorriso amarelo: fosse Luís Menezes o Primeiro-Ministro, ou Santana Lopes, ou Durão Barroso, e a situação seria a mesma - e nenhum de nós tem dúvidas a esse respeito.
Perante o "huis clos" em que nos fecharam, é natural o cansaço e a vontade de desistir de todos os que voluntarísticamente se propunham fazer política em nome de ideais, de sonhos, ou de simples projectos que não sejam meramente profissionais.

1 Comments:

At 7:49 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O que a gentinha está à espera é da publicação, nas revistas "cú de rosa", da mancebia entre o Pinócrates e a "putinha" Câncio, que, se calhar, já cançou o "animal feroz".
Será que essa coisa continua? A criada cá de casa diz que o tal Pinócrates dá para os dois lados por que toda a gente sabe que o coiro tem um amante.
Se calhar, até é verdade.
O nosso Povo até se rebola de gozo.
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