quarta-feira, janeiro 02, 2008

Laranjas do Pafarrão

De Fátima para Torres Novas, descendo a Serra d'Aire. Muito antes da descoberta das dinossáuricas patadas que há anos fizeram gloriosos telejornais, havia as laranjas. Nunca fizeram certamente títulos nos jornais, mas o mundo é feito de injustiças. Que mais vale uma boa laranja do Pafarrão do que todas as pégadas deixadas nas que foram as pedreiras do Galinha.
Os laranjais lá estavam, na encosta da serra, a enfeitar o Pafarrão. E bancas de venda a bordejar a estrada. Oferecia-se para provar, com altiva segurança, a quem com relutância se propunha comprar. Paragem na peregrinação, para quem precisa de forças para a derradeira etapa. Última estação, para quem regressa. Quantos peregrinos de Fátima ficaram devotos das laranjas do Pafarrão!
Ao passar a Chancelaria já as laranjas levavam forte desbaste. Cascas pela janela, que são lixo orgânico, ecológico, e não está à vista brigada de zeladores. Entro pela Estrada do Vale, mastigando laranja. Recebem-me os muros do que foi quartel, virado em escola de polícias (no relvado em frente há agora uma curiosa estátua que parece de um mergulhador fotografado em pleno salto).
Para os torrejanos, banalidade. Para mim, forasteiro, sublime verdade: laranjas é no Pafarrão. E não há gripe ou constipação que o negue: são remédio santo. Medicina natural. Tomem pois nota, que o tempo vai para resfriados. Aviem-se no Pafarrão.

1 Comments:

At 7:54 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sou do Pafarrão e concordo inteiramente consigo. O país há-de ser outro quando descobrir as saborosas laranjas do Pafarrão.´

Um abraço.

Luís Ferreira

 

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