quinta-feira, março 20, 2008

A coligação

Para quem andasse distraído, as recentes intervenções de Proença de Carvalho e de José Miguel Júdice vieram recordar que na realidade a governação de Sócrates já é apoiada numa coligação. Não é obviamente uma coligação no sentido nem que ela é geralmente entendida, uma aliança formal entre partidos políticos, mas é uma verdadeira coligação, um entendimento entre múltiplos poderes fácticos que convergem na defesa de um estado de coisas que se lhes apresenta favorável aos seus interesses.
E trata-se de uma coligação muito ampla, que inclui um vasto leque de forças muito diversificadas. É o inevitável aparelhismo socialista, que vive incrustado nas autarquias, nas direcções regionais, nos gabinetes e ministérios, por toda a vasta administração pública regional e local, em tudo o que é cargo dependente de nomeação por quem tenha poder sobre o Diário da República... E é a esquerda chic, da cultura e dos subsídios, sempre colada a quem tenha as chaves dos Teatros, dos Museus e dos Cinemas, das Casas disto e daquilo... É a direita catita, em busca de lugares e consideração social... E é a direita dos negócios, pragmática e atenta, um mundo de gente que descobriu as virtudes da estabilidade e do consenso. Por outras palavras, de José António Pinto Ribeiro a Inês Pedrosa, de Pedro Mexia a João Marques de Almeida, de Daniel Proença de Carvalho a José Miguel Júdice, ou a Balsemão, tudo augura um sólido futuro ao engenheiro por correspondência. Com aquele mar de gente cuja vidinha depende directamente de quem nomeia, esteja agora na empresa de desenvolvimento do Alqueva ou no programa especial do Vale do Côa, nas administrações regionais de saúde ou de educação ou na segurança social, pode o engenheiro dormir descansado (embora convenha vigiar, porque às vezes fazem asneiras e comprometem). Com os restantes, enquanto lhes puder dar o que eles pretendem também não haverá problema. Quer-me parecer que esta coligação só pode cair por dentro. Como aliás costuma acontecer às sucessivas governações em Portugal.
Desconfio que o país tem realmente vocação para o partido único. Só cabe um de cada vez.

2 Comments:

At 6:36 da manhã, Anonymous Anónimo said...

..."as recentes intervenções de Proença de Carvalho e de José Miguel Júdice vieram recordar que na realidade a governação de Sócrates já é apoiada numa coligação...".
E quem são esses perús? E qual é a puta da coligação?
É alguma coisa de interesse?

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rodasnepervil
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At 6:38 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Ah! esquecia-me de incluir: pelo menos, o coiro do Pinócrates arranla poias onde pode. Cheiram é cada vez pior!

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rodasnepervil
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