domingo, março 16, 2008

Eleições 2009

E se Sócrates e Menezes surgissem como os grandes vencedores das eleições de 2009?
Parece uma hipótese bizarra, se considerarmos apenas o tom geral do discurso publicado destes últimos tempos.
E todavia, não parece inverosímil - se esquecermos um momento o ruído gerado à volta de tais personagens por circunstâncias que o tempo pode vir a mostrar como passageiras, meros fenómenos de superfície.
Se os movimentos eleitorais forem similares aos que ocorreram nas recentes eleições espanholas, e também nas francesas, a nota mais destacada vai ser a bipolarização. Não me espantaria: em tempos de pouca convicção, os votos distribuem-se pragmaticamente apenas tendo em conta as perspectivas de vitória que só os grandes possuem. Daí que a concentração do eleitorado nos dois agrupamentos que surgem como as únicas alternativas de governo seja uma reacção natural. Se os outros já não inspiram fé nem entusiasmo, votos também não terão.
Hão-de observar-me que para Menezes vir a beneficiar desse efeito bipolarizador não basta que o eleitorado marche para as urnas com a impressão de que o PSD é a única alternativa a Sócrates e que à direita só há um deserto. Será efectivamente preciso que Menezes sobreviva, e aguente até lá. Todavia, pensando bem, alguém está a ver como provável que dentro de uns meses, quando faltarem só seis para as eleições, uma nova equipa e um novo líder se apresentem à frente do PSD? Eu não apostaria nessa probabilidade. O mais certo é que todos se tenham que habituar a Menezes, e para já esta turbulência interna que tem marcado a agenda até pode - por paradoxal que pareça - reverter a seu favor. A política tem destas coisas.
E quanto a Sócrates, pode ter-se como possível que no tempo que falta consiga ultrapassar o desgaste e venha a surgir remoçado e revigorado na hora certa? Não é certamente impossível. Tem muitos trunfos para jogar, e os adversários têm pouco jogo. Os que se têm mostrado ultimamente parecem já não ter muito mais para jogar.
A mais séria objecção que me surge à eventual boa performance eleitoral do engenheiro por correspondência é a aparente solidez dos dois partidos à sua esquerda, que segundo todos os observadores representam neste momento e em conjunto um caso único na nossa Europa - em nenhum outro sítio se encontra um bloco eleitoral esquerdista com expressão tão elevada.
E todavia... será que essa solidez é real e duradoura? Não acontecerá que à medida que se aproxime o momento crucial a propaganda do poder e a sensação da utilidade do voto não produzirão um efeito Zapatero? Se bem conheço o actual eleitorado BE e PCP, bastará transmitir-lhes adequadamente a mensagem dos "riscos de um governo de direita" para se esboroarem os descontentamentos de meio de mandato. E na hora da contagem lá surgirá o PS a facturar, e o PCP e o BE emagrecidos até ao esqueleto.
São cenários, evidentemente. Esperemos para ver.

1 Comments:

At 6:36 da tarde, Anonymous Anónimo said...

http://daliteratura.blogspot.com/2008/03/mexia-na-cinemateca.html

 

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