sexta-feira, março 28, 2008

VOLUTA

Abissal, absurdo, absorto,
Possesso, em absoluto, de outro círculo maior,
Parto para perto do tal porto
Onde o sonho a que regresso me confere aquele conforto
Que não ronda em meu redor.

De mártir, a Morte vem matar um morto.
(— Caso para dizer: «Tanto melhor!»)
E eu, às cegas, sigo sempre... — direito ao navio torto,
Que, a meio do mar do tempo, não é mais que um pormenor.
Descobre-o, curvo, um corvo —
Serve: um corvo — Eu sugo. Sorvo.
— Sinal de seiva e sangue. Sabor a sal e suor!

E insinuo-me até ao ponto de encontro com o teu corpo
— Corpo que estas mãos sabem de cór...

(Lembrando Rodrigo Emílio, quatro anos depois)

1 Comments:

At 10:35 da tarde, Blogger Vítor Ramalho said...

O Rodrigo estará sempre presente pelas palavras que não se ausentam. Pela postura que nos guiará.

Quando eu morrer,
não haja alarme!
Não deitem nada,
a tapar-me:
— nem mortalha.

Deixem-me recolher
à intimidade da minha carne,
como quem se acolhe a um pano de muralha
ou a uma nova morada,
talhada pela malha
da jornada...

— E que uma lágrima me valha...!
Uma lágrima — e mais nada...

 

Enviar um comentário

<< Home