quarta-feira, abril 09, 2008

Cenas da vida real

Ainda espanta como tão frequentemente passam despercebidos acontecimentos cheios de significado para a compreensão da nossa realidade política.
Ontem decorreu mais uma sessão do julgamento de Fátima Felgueiras. Foram ouvidas cinco testemunhas abonatórias, arroladas pela defesa da respeitável matrona.
Os abonadores foram Mesquita Machado, Mário de Almeida, Narciso Miranda, o antigo vice-governador civil do Porto Raul de Brito, e ainda Armando Vara – tudo gente que não precisa de apresentações.
Como era suposto que fizessem, pois para isso lá estavam, todos procuraram ilibar Fátima Felgueiras de qualquer responsabilidade criminal e atestaram superlativamente o carácter e a honestidade da arguida.
Na próxima sessão será ouvida outra testemunha abonatória: Paulo Teixeira, presidente da Câmara de Castelo de Paiva (eleito pelo PSD). Também foi indicado como testemunha de defesa o actual Primeiro-Ministro, José Sócrates, mas esse não comparecerá: vai fazer uso da prerrogativa legal de depôr por escrito. Também será interessante ler o que ele vai escrever.

1 Comments:

At 2:26 da tarde, Anonymous Anónimo said...

São todos farinha do mesmo saco. Era bom que a falta de vergonha pagasse imposto, isso é que era fenomenal. Deveria até ser obrigtório por lei, já que ela é 'legalmente' permitida. Essa desinibida Felgueiras está perfeitamente à vontade com todos os supostos crimes cometidos, já que ela os cometeu com o beneplácito do partido e em seu (dela e dele) benefício, como aliás claramente o afirmou nas televisões logo no início deste escândalo. Se neste arremedo de julgamento por hipótese absurda ela fôr ao fundo, leva uns poucos de comparsas atrás e a pouca credibilidade, se é que ainda lhe resta alguma, do partido a que pertence. E eles sabem-no, mas o que eles temem sobremaneira é a sua língua afiada, pelo que ela tem vindo a ser tratada com punhos de renda desde sempre. Pelos políticos, pelos juízes que a deixaram fugir para o Brasil e agora por estes que a estão a 'julgar'. É que esta criatura é de faca na liga, sabe muitos podres do partido e dos que o dirigem e se lhe chegar a mostarda ao nariz não se vai calar. A menos que a silenciem, o que também já tem acontecido. Ela que se cuide e, já agora, que continue sem papas na língua é o mínimo que se lhe pede. Como aliás disse alto e bom som que o faria caso fosse levada a julgameto. Ela que pense no ditado muito português "perdido por cem perdido por mil" e avance. Prestaria um serviço incomensurável ao povo português. Será que tem coragem para tanto? Não, não parece. As contrapartidas para ficar calada deverão ser bilionárias e irrecusáveis.
Quanto ao facto de Sócrates ir "depôr" por escrito usando das suas prerrogativas, esta é mais uma para rebentar a rir. Ele vai escrever, vai (e não depôr), mas para instruir os juízes de como deve ser conduzido o julgamento e qual a sentença a ser decretada e não para testemunhar coisíssima alguma. Ou alguém que porventura conheça de perto esta politicagem de baixíssimo extracto e a Justiça que lhe está submetida, acreditaria diferentemente? Quem não os conheça que os compre.
E nisto andamos. Nesta monumental mascarada, quero eu dizer. Em que os julgamentos são de fachada e os 'condenados', quando raramente os há, sentenciados a 'penas' prèviamente combinadas com os arguidos, após ordens rigorosas vindas de cima ou, se se preferir, do topo da pirâmide. Como no processo Casa Pia ou, mais concretamente, no Caso pia baixinho.

Maria

 

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