Holocausto em Angola
O livro que tanto impressionou António Barreto (v. Público, de 13.04.2008):
"Holocausto em Angola -Memórias de entre o cárcere e o cemitério", de Américo Cardoso Botelho.
Dada a importância do autor e do texto, transcreve-se integralmente o texto de António Barreto.
Angola é nossa!
Só hoje me chegou às mãos um livro editado em 2007, Holocausto em Angola, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega). O subtítulo diz: "Memórias de entre o cárcere e o cemitério". O livro é surpreendente. Chocante. Para mim, foi. E creio que o será para toda a gente, mesmo os que "já sabiam". Só o não será para os que sempre souberam tudo. O autor foi funcionário da Diamang, tendo chegado a Angola a 9 de Novembro de 1975, dois dias antes da proclamação da independência pelo MPLA. Passou três anos na cadeia, entre 1977 e 1980. Nunca foi julgado ou condenado. Aproveitou o papel dos maços de tabaco para tomar notas e escrever as memórias, que agora edita. Não é um livro de história, nem de análise política. É um testemunho. Ele viu tudo, soube de tudo. O que ali se lê é repugnante. Os assassínios, as prisões e a tortura que se praticaram até à independência, com a conivência, a cumplicidade, a ajuda e o incitamento das autoridades portuguesas. E os massacres, as torturas, as exacções e os assassinatos que se cometeram após a independência e que antecederam a guerra civil que viria a durar mais de vinte anos, fazendo centenas de milhares de mortos. O livro, de extensas 600 páginas, não pode ser resumido. Mas sobre ele algo se pode dizer.
O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam "julgamentos populares", perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores. A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A acção deliberada, outra. O que fizeram as autoridades portuguesas durante a transição foi crime de traição e crime contra a humanidade. O livro revela os actos do Alto-Comissário Almirante Rosa Coutinho, o modo como serviu o MPLA, tudo fez para derrotar os outros movimentos e se aliou explicitamente ao PCP, à União Soviética e a Cuba. Terá sido mesmo um dos autores dos planos de intervenção, em Angola, de dezenas de milhares de militares cubanos e de quantidades imensas de armamento soviético. O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República. Diz ele: "Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela".Estes gestos das autoridades portuguesas deixaram semente. Anos depois, aquando dos golpes e contragolpes de 27 de Maio de 1977 (em que foram assassinados e executados sem julgamento milhares de pessoas, entre os quais os mais conhecidos Nito Alves e a portuguesa e comunista Sita Valles), alguns portugueses encontravam-se ameaçados. Um deles era Manuel Ennes Ferreira, economista e professor. Tendo-lhe sido assegurada, pelas autoridades portuguesas, a protecção de que tanto necessitava, dirigiu-se à Embaixada de Portugal em Luanda. Aqui, foi informado de que o vice-cônsul tinha acabado de falar com o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Estaria assim garantido um contacto com o Presidente da República. Tudo parecia em ordem. Pouco depois, foi conduzido de carro à Presidência da República, de onde transitou directamente para a cadeia, na qual foi interrogado e torturado vezes sem fim. Américo Botelho conheceu-o na prisão e viu o estado em que se encontrava cada vez que era interrogado. Muitos dos responsáveis pelos interrogatórios, pela tortura e pelos massacres angolanos foram, por sua vez, torturados e assassinados. Muitos outros estão hoje vivos e ocupam cargos importantes. Os seus nomes aparecem frequentemente citados, tanto lá como cá. Eles são políticos democráticos aceites pela comunidade internacional. Gestores de grandes empresas com investimentos crescentes em Portugal. Escritores e intelectuais que se passeiam no Chiado e recebem prémios de consagração pelos seus contributos para a cultura lusófona. Este livro é, em certo sentido, desmoralizador. Confirma o que se sabia: que a esquerda perdoa o terror, desde que cometido em seu nome. Que a esquerda é capaz de tudo, da tortura e do assassinato, desde que ao serviço do seu poder. Que a direita perdoa tudo, desde que ganhe alguma coisa com isso. Que a direita esquece tudo, desde que os negócios floresçam. A esquerda e a direita portuguesas têm, em Angola, o seu retrato. Os portugueses, banqueiros e comerciantes, ministros e gestores, comunistas e democratas, correm hoje a Angola, onde aliás se cruzam com a melhor sociedade americana, chinesa ou francesa. Para os portugueses, para a esquerda e para a direita, Angola sempre foi especial. Para os que dela aproveitaram e para os que lá julgavam ser possível a sociedade sem classes e os amanhãs que cantam. Para os que lá estiveram, para os que esperavam lá ir, para os que querem lá fazer negócios e para os que imaginam que lá seja possível salvar a alma e a humanidade. Hoje, afirmado o poder em Angola e garantida a extracção de petróleo e o comércio de tudo, dos diamantes às obras públicas, todos, esquerdas e direitas, militantes e exploradores, retomaram os seus amores por Angola e preparam-se para abrir novas vias e grandes futuros. Angola é nossa! E nós? Somos de quem?
"Holocausto em Angola -Memórias de entre o cárcere e o cemitério", de Américo Cardoso Botelho.
Dada a importância do autor e do texto, transcreve-se integralmente o texto de António Barreto.
Angola é nossa!
Só hoje me chegou às mãos um livro editado em 2007, Holocausto em Angola, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega). O subtítulo diz: "Memórias de entre o cárcere e o cemitério". O livro é surpreendente. Chocante. Para mim, foi. E creio que o será para toda a gente, mesmo os que "já sabiam". Só o não será para os que sempre souberam tudo. O autor foi funcionário da Diamang, tendo chegado a Angola a 9 de Novembro de 1975, dois dias antes da proclamação da independência pelo MPLA. Passou três anos na cadeia, entre 1977 e 1980. Nunca foi julgado ou condenado. Aproveitou o papel dos maços de tabaco para tomar notas e escrever as memórias, que agora edita. Não é um livro de história, nem de análise política. É um testemunho. Ele viu tudo, soube de tudo. O que ali se lê é repugnante. Os assassínios, as prisões e a tortura que se praticaram até à independência, com a conivência, a cumplicidade, a ajuda e o incitamento das autoridades portuguesas. E os massacres, as torturas, as exacções e os assassinatos que se cometeram após a independência e que antecederam a guerra civil que viria a durar mais de vinte anos, fazendo centenas de milhares de mortos. O livro, de extensas 600 páginas, não pode ser resumido. Mas sobre ele algo se pode dizer.
O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam "julgamentos populares", perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores. A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A acção deliberada, outra. O que fizeram as autoridades portuguesas durante a transição foi crime de traição e crime contra a humanidade. O livro revela os actos do Alto-Comissário Almirante Rosa Coutinho, o modo como serviu o MPLA, tudo fez para derrotar os outros movimentos e se aliou explicitamente ao PCP, à União Soviética e a Cuba. Terá sido mesmo um dos autores dos planos de intervenção, em Angola, de dezenas de milhares de militares cubanos e de quantidades imensas de armamento soviético. O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República. Diz ele: "Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela".Estes gestos das autoridades portuguesas deixaram semente. Anos depois, aquando dos golpes e contragolpes de 27 de Maio de 1977 (em que foram assassinados e executados sem julgamento milhares de pessoas, entre os quais os mais conhecidos Nito Alves e a portuguesa e comunista Sita Valles), alguns portugueses encontravam-se ameaçados. Um deles era Manuel Ennes Ferreira, economista e professor. Tendo-lhe sido assegurada, pelas autoridades portuguesas, a protecção de que tanto necessitava, dirigiu-se à Embaixada de Portugal em Luanda. Aqui, foi informado de que o vice-cônsul tinha acabado de falar com o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Estaria assim garantido um contacto com o Presidente da República. Tudo parecia em ordem. Pouco depois, foi conduzido de carro à Presidência da República, de onde transitou directamente para a cadeia, na qual foi interrogado e torturado vezes sem fim. Américo Botelho conheceu-o na prisão e viu o estado em que se encontrava cada vez que era interrogado. Muitos dos responsáveis pelos interrogatórios, pela tortura e pelos massacres angolanos foram, por sua vez, torturados e assassinados. Muitos outros estão hoje vivos e ocupam cargos importantes. Os seus nomes aparecem frequentemente citados, tanto lá como cá. Eles são políticos democráticos aceites pela comunidade internacional. Gestores de grandes empresas com investimentos crescentes em Portugal. Escritores e intelectuais que se passeiam no Chiado e recebem prémios de consagração pelos seus contributos para a cultura lusófona. Este livro é, em certo sentido, desmoralizador. Confirma o que se sabia: que a esquerda perdoa o terror, desde que cometido em seu nome. Que a esquerda é capaz de tudo, da tortura e do assassinato, desde que ao serviço do seu poder. Que a direita perdoa tudo, desde que ganhe alguma coisa com isso. Que a direita esquece tudo, desde que os negócios floresçam. A esquerda e a direita portuguesas têm, em Angola, o seu retrato. Os portugueses, banqueiros e comerciantes, ministros e gestores, comunistas e democratas, correm hoje a Angola, onde aliás se cruzam com a melhor sociedade americana, chinesa ou francesa. Para os portugueses, para a esquerda e para a direita, Angola sempre foi especial. Para os que dela aproveitaram e para os que lá julgavam ser possível a sociedade sem classes e os amanhãs que cantam. Para os que lá estiveram, para os que esperavam lá ir, para os que querem lá fazer negócios e para os que imaginam que lá seja possível salvar a alma e a humanidade. Hoje, afirmado o poder em Angola e garantida a extracção de petróleo e o comércio de tudo, dos diamantes às obras públicas, todos, esquerdas e direitas, militantes e exploradores, retomaram os seus amores por Angola e preparam-se para abrir novas vias e grandes futuros. Angola é nossa! E nós? Somos de quem?
9 Comments:
"Angola é nossa!". Não, Angola foi nossa. E, não fora a alta traição cometida, deveria ter continuado a ser até ao dia em que os seus habitantes determinassem de outro modo. Angola era Portugal, as suas gentes eram tão portuguesas quanto as que residiam em território europeu e, mais, queriam continuar a sê-lo. As provas são tantas que são difíceis de serem descritas. Um só exemplo. Conheci uma rapariga angolana humilde, originária de Cabinda e empregada numa loja e que um dia, por volta de 1978/9, me perguntou com lágrimas nos olhos: "Mas quando é que aquela guerra acaba, quando é que os portugueses voltam para Angola?" (por estranho que possa parecer aos traidores, estas foram as suas exactas palavras e para que fique claro, os angolanos NÃO queriam ser independentes). Os crimes monstruosos praticados em Angola e nos outros territórios portugueses d'Além-Mar, são Crimes contra a Humanidade, com maiúscula. Os criminosos que praticaram tão selváticos crimes, directa ou indirectamente, são os maiores facínoras que Portugal jamais viu nascer por engano no seu Chão Sagrado. Alguns criminosos e traidores terá Portugal tido ao longo da sua História, mas tantos e tão diabólicos nunca houve. Os ainda vivos pagarão, de uma forma ou de outra, pelos actos sanguinários praticados. Se houver Justiça na Terra. Agostinho Neto, talvez por ser casado com uma Senhora branca ou talvez por possuir ainda alguns resquícios de bondade na sua alma, foi assassinado por não pactuar com parte das injustiças e crueldades que já se verificavam e que ele sabia irem aumentar de forma descontrolada - e por ele, talvez, em parte evitáveis - como de facto veio a acontecer naquela que foi (e havia sido também a sua) Pátria Portuguesa. A violência bruta e gratuita que se verificou em Angola, mas igualmente por todo o Ultramar Português, não tem perdão possível, seja qual fôr a perspectiva por que seja observada.
Tivesse Gorbachov subido ao poder quinze ou dezasseis anos mais cedo e nada deste tremendo horror se teria verificado. Infelizmente para os portugueses, isso não aconteceu.
Os traidores e criminosos que lhe estão na origem, se nunca prestarem contas perante a justiça dos homens, devido às salvaguardas poderosas de que beneficiam, prestá-las-ão perante a Justiça de Deus. E o que se pede a Esta, que é Justa e implacável como se sabe, é que eles não tenham um minuto de descanso na Terra e que remorsos excruciantes os atormentem enquanto vivam e que, se alma tiverem o que se duvida, o mesmo lhes aconteça depois de mortos. Ou, os que ainda têm tempo para o fazer, que peçam perdão a Deus e às almas de milhões de inocentes que mandaram assassinar e a todos aqueles que sobreviveram às sevícias indescritíveis neles perpetradas. Como já aconteceu com alguns, poucos, que se penetenciaram antes de entregar a alma ao Criador, talvez pelo medo aterrador do que lhes pudesse vir a acontecer na outra vida.
Honra seja feita a todos quantos revelarem, a tempo, os horrores por que passaram em Angola, antes e após 1975, bem como nos outros territórios ultramarinos. Para que fique registada para sempre na História de Portugal, a malignidade de que são feitos certos seres, que de humanos nada têm excepto o invólucro e a designação científica, capazes que foram de levar à morte violenta milhões de seres humanos inocentes e bons, cujo único crime foi terem nascido portugueses e amarem a sua Pátria.
Em paralelo, sobretudo e também, que seja decantada a Grandeza de Alma e sublimados os actos heróicos de tantos outros portugueses, milagrosamente supérstites, que sofreram igualmente na carne e no espírito, crueldades e indignidades sem nome. A estes Homens e Mulheres que defenderam tantos irmãos de sangue, pretos e brancos, com uma coragem e bravura sem limites, as mais das vezes com risco das próprias vidas, ser-lhes-ão prestadas as homenagens devidas no dia em este pequenino pedaço de Terra bem amada em que nos encontramos, expurgados que forem todos quantos a traíram ignòbilmente, voltar a ser o Portugal de sempre, Pátria de Heróis, Nação Valente e Imortal. Todos eles serão devedores da nossa eterna gratidão. Que toda a Glória do mundo lhes seja concedida.
Maria
Gostaria que o que vou escrever a seguir fosse publicado.
Mas, infelzmente, não tenho a certeza.
Maria,
Tudo quanto escreve é, creio, o que a grande maioria dos Portugueses pensa. Se calhar, estou a fazer uma afirmação de boa vontade pois que o nosso Povo está a ser enganado pelos sucessivos governos que nos couberam em sorte deste o 25 de Abril.
Hoje, não sabemos bem qual é a noção que o Povo tem da desgraça que lhe caiu em cima. Sei, sim, quando visito aldeias - e passo por muitas... -, o que acabam por me confessar e me deixam cheio de espanto: para eles, Portugal continua a ser enorme e, no fundo, desejam a Monarquia de volta; para eles, a revolução escangalhou a vida de todas as suas famílias, de toda a gente e, no presente, não sabem como se governar nem o que o futuro lhes pode trazer.
Depois de dois copos e alguma conversa simpática, admitem que foram muito enganados e não sabem como voltar para trás.
A tristeza é muita por este Portugal fora e os desgovernos que se sucedem vão dizendo que o problema é o Portugal "interior" não fazendo literalmente nada para estancar a desertificação e dar melhores condições de vida. Pelo contrário, o Zé Povo está cada vez pior.
Curiosamente, toda a gente sabe quem foram os criminosos que nos destruiram, a nós e ao ultramar. Mas, também curiosamente, ninguém põe os nomes aos bois nem faz nada para os chamar a juízo. Pelo contrário, até os enchem de proveitos e benesses, como ao Mário Soares e ao seu clã. Entretanto, alguns tiveram o seu destino, morrendo como nos acontecerá a todos. Porém, há por aí imensos igualmente à solta, como o Almeida Santos e tantos outros, que ninguém chama a prestar contas - exactamente por que herdaram deles o poder e sinecuras. Para cúmulo, dão-se ao luxo de manter um relacionamento cordial com os actuais governos das províncias que deixaram na guerra fratericida e na pior das misérias, para aumentar o pecúlio próprio com negócios vergonhosos.
Os prosélitos aceitam e continuam a tirar proveitos pessoais.
Todos os que estão atentos aguardam a oportunidade de dar uma volta a tudo isto. Mas a coisa não é fácil: a primeira coisa que o maldito MFA fez foi acabar com a tropa justamente para impedir que o feitiço se virasse contra o feiticeiro.
Há uma expressão velhinha: "tarde piaste!"
Não foi fácil despejar os Filipes. Agora é bem mais difícil pôr na rua estes bandidos comuno-socialistas.
Aliás, nem há gente na politiquice que nos "representa" capaz por que apenas têm interesses pessoais e, para quem está no parlamento, Portugal, como Pátria, não interessa.
Ao mesmo tempo, a comunicação social e as máquinas de propaganda dos partidos, vão enchendo os ouvidos do Zé Povo que, periodicamente, lá vai depositar o seu voto sem saber exactamente em quê - embora a abstenção seja imensa e cada vez maior.
Cumprimentos,
Nuno
Peço desculpa pela minha dúvida que atrás referi.
O texto anterior deveria ter sido publicado ontem e hoje não estava cá.
Nuno
Nuno, só hoje e neste preciso momento acabei de ler o comentário que teve a gentileza de me dirigir. Não sei porque duvida que o seu comentário pudesse ser publicado. Do que conheço deste Blog, não estou a ver o Manuel a omitir escritos do teor do seu. E permito-me sugerir, substituindo-me ao Manuel a quem peço desculpa, que não tenha o Nuno ideia contrária.
Quanto ao que escreve, há muita verdade nos episódios que cita. Nos nomes, igualmente. Já se sabe muito sobre os traidores, mas muito ainda está por saber. Só se pede a quem sabe que escreva e fale. Alto e bom som. É sob o regime do terror que têm conseguido calar as testemunhas de tanto horror, durante tanto tempo.
Sobre aquela rapariga angolana, de que falo acima, faltou acrescentar os horrores porque passou e porque se encontrava em Portugal. Disse-me que viu assassinar selvàticamente à sua frente toda a família e ela própria escapou à morte por milagre. Quando lhe perguntei se odiava os portugueses - antes da frase com que se despediu e que cito acima - depois do que tinham feito à família, a resposta foi esta: "Como é que posso odiar os portugueses se foram eles que me salvaram a vida e me trouxeram para Portugal? Eu e toda a minha família sempre pensámos que éramos portugueses, eu creci como portuguesa e de repente alguém chegou e disse que não éramos e desatou a matar toda a gente, nós não tínhamos feito mal a ninguém, porquê que nos queriam matar?"
Quantas centenas de milhar de crimes monstruosos como este foram cometidos em Angola? E quem são os criminosos que os mandaram cometer? Alguns nomes são por demais conhecidos e os outros? E quando é que haverá Justiça Justa no nosso País?
Maria
Maria,
Agradeço muito a sua atenção.
O meu tempo é pouco e vou resumir:
1. A minha dúvida baseou-se no facto de ter escrito um comentário que, sabe-se lá porquê, não foi publicado.
2. Quanto aos nomes dos traidores e criminosos que arruinaram a nossa Pátria, ninguém os menciona limitando-se a dizer que os houve mas os nomes ficam escondidos. Por onde passo, digo quem eles foram e nomeio-os, o que é bem diferente.
3. O acontecimento que relata, sem dúvida verídico, é semelhante a inúmeros que a "esquedalhada" omitiu e branquou.
Hoje, o Povo Português não tem o menor conhecimento - e até duvida - de que tenha havido tanta maldade.
A propaganda intensa depois da "abrilada" fez desaparecer da memória de quase todos o pouco que então souberam.
O trabalho de recuperação de Portugal é enorme e, francamente, não sei se algum dia conseguiremos atingir esse objectivo que tanto desejamos.
Cumprimentos,
Nuno
Obrigada Nuno, pelo seu comentário. A esperança é a última a morrer. Muito já se vai sabendo e muito mais se saberá. As verdades impensáveis de serem reveladas há poucos anos, agora, pelo contrário, exige-se absolutamente que o sejam. Enquanto os traidores e criminosos estão vivos. Confiemos nos muitos Heróis que há por aí. E, sobretudo e principalmente, em que Deus não dorme.
Maria
Maria,
É preciso lutar. Por esta via e por todas as que nos levem ao objectivo - se necessário for, há mãos e armas, sobretudo a força que tantas vezes foi indispensável para salvarmos a Pátria.
Creio que nunca foi tão necesário gritar "às armas".
Neste sítio, neste blog, bem poderia manter-se aceso um debate no sentido de levantar Portugal. Debate que leve à acção muito para além das palavras que o vento leva.
Tal depende de quem traça a sua estratégia - que julgo ser o Manuel Azinhal.
Fico na expectativa.
Cumprimentos,
Nuno
Vim aqui, uma vez mais, para insistir na necessidade de continuar o debate sobre este tema que pode e deve ser muito alargado e que envolve tudo quanto é de mais importante - e sagrado - para Portugal.
Outros, se calhar de relevo semelhante, vão sendo publicados. Porém, quer-me parecer, não têm tanta carga nem são tão susceptíveis de levantar o ânimo da Pátria.
Cumprimentos,
Nuno
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