quinta-feira, abril 03, 2008

Um herói do nosso tempo

Uma das peças que o muito institucional Diário de Notícias dedica hoje a Jorge Coelho termina com uma tirada que, a não ser voluntáriamente humorística, constitui uma pérola do humor involuntário:
"Coelho é assim: vê mais longe do que muitos outros."
Tudo o resto é aliás muito engraçado. Aquela odisseia chamada "a longa marcha da UDP ao PS" (diga-se ao conselho de administração da Mota - Engil) é uma delícia. Está lá tudo. O avô dirigente da União Nacional, o jovem universitário militante de uns comités comunistas marxistas-leninistas qualquer coisa, os anos da UDP, a idade da razão e a entrada para o PS, a ascensão fulgurante, com passagem por Macau uns amigos e uns primos, a experiência governativa, a transição para a alta roda dos negócios (porque um homem não é rico e precisa de ganhar a vida).
Esclarece o jornal que se trata do herói das bases do PS. Acredito perfeitamente.
O relato biográfico, mais coisa menos coisa, servia perfeitamente para uma legião de personalidades que todos conhecemos.
O que não temos é um Camilo que os pinte.

2 Comments:

At 12:35 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A lata destas personagens da tragicomédia em representação contínua no País, não tem limites. Dantes dizia-se a brincar, que este tipo de gente tinha lata, lábia e linha, mas nessa época a corrupção era ainda uma brincadeira de crianças. Na peça em cena, porém, a lata e a lábia tornaram-se disciplinas obrigatórias dos políticos e já atingiram níveis de perfeição científica. Destas supremas 'virtudes' que lhes são intrínsecas e nas quais se englobam a mega corrupção e o elevadíssimo tráfico de influências, de que a corja presente (mas também a passada) foi exímia aluna e é excelente executante, só lhes falta a linha e não a possuem porque fìsica e moralmente são simplesmente horrendos, com particular destaque para os que se encontram no poder e os que os circundam. E o que é mais cómico, não fora terrìvelmente trágico, é o facto de que todos e cada um deles, os governantes òbviamente, as praticarem como actos triviais do seu dia-a-dia e isto vem-se mantendo ininterruptamente desde que tomaram d'assalto a governança há três décadas. Deste espécime, por exemplo, tivemos conhecimento de (quase) todos os crimes, tráficos de influência e corrupções escandalosas por ele levadas a cabo (a tragédia de Entre-os-Rios e o tabuleiro de xadrez são meros exemplos, aquele um CRIME com todas as letras, este último quase despiciendo se comparado com a ordem de grandeza de todos os outros, mas ainda assim suficientemente grave) através das primeiras páginas dos jornais, mas, curiosamente ou talvez não, passados alguns meses das ocorrências gravíssimas e respectivas denúncias públicas, primeiro os casos foram invariàvelmente remetidos a um silêncio sepulcral, depois e por pressão pública, passaram a dúbias investigações, a seguir os processos foram suspensos e passado algum tempo, para fazê-los entrar no esquecimento, foram sendo metódica e escandalosamente arquivados e o(s) protagonista(s) regressou(aram) à(s) sua(s) vidinha(s) regalada(s) - profissional e política - remeteu-se (eles remetem-se sempre, é a norma) temporàriamente a um conveniente e discreto recolhimento fora dos olhares de todos para afastar as atenções e passado o período de tempo achado por conveniente, voltou/voltam a aparecer em tudo quanto é sítio com o maior desplante e o melhor sorriso do mundo plasmado nos focinhos - sorriso aparentemente angélico mas na verdade diabólico, sabendo nós o que por detrás dele se esconde - em jantaradas e festanças, comícios e festarolas, manifestações disto e daquilo com milhares de mirones (pagos para lá estarem, à excepção dos habitués) onde sempre se posicionam na primeira linha a apoiar as reivindicações dos 'trabalhadores' mas que positivamente odeiam), têm presença obrigatórias em inaugurações pomposas e grandes acontecimentos nacionais, de que são parte integrante porque se fazem sistemàticamente convidados, integram faustosas comitivas ao estrangeiro a convite dos chefes de estado ou por eles enviados sendo recebidos com todas as honras, têm lugares cativos em cerimónias oficiais onde são anualmente agraciados com as mais altas condecorações do Estado Português a propósito de tudo e de nada ou, mais concretamente, pelas mega-corrupções, alta ladroagem, crimes económicos de centenas de milhões e até de sangue praticados por conta d'outrem (os favores pagam-se). No caso deste marau e outros da mesma igualha, para além de tudo o mais ainda lhes são 'oferecidas' participações, entrevistas e programas televisivos, pagos a peso d'ouro mas de gosto duvidoso e nenhuma valia, mas não obstante prolongam-se anos e anos a fio. E é com descaro e atrevimento máximos que eles se vão perpetuando no poder apesar dos escândalos que todos os dias vão rebentando, tal a poderosa protecção de que disfrutam, razão pela qual aliás actuam criminosamente com tanto à-vontade e despudor. Este farsante teve, ademais, o descaramento inaudito de hipòcritamente vir proclamar alto e bom som, dando pùblicamente ares de grande senhor, muito sério e muito honesto, pois concerteza, de que "a culpa não pode morrer solteira" (a fazer lembrar o outro grandessíssimo aldrabão que fugiu para a Europa dos ricos, aquela que lhe interessa agora, descartando-se cobardemente dos problemas do País e que também afirmou convictamente, repetindo a frase por diversas vezes aquando do rebentar do maior escândalo político de que há memória em Portugal, que os crimes de pedofilia iriam "ser investigados até ao fim, doa a quem doer"... viu-se e continua a ver-se), no mesmíssimo dia em que aconteceu a terrível tragédia de Entre-os-Rios na qual morreram dezenas de inocentes, sem contudo demonstrar a mínima compunção!!! E o que é mais extraordinário, os portugueses acreditarem neste mentiroso compulsivo. Pelo visto, contràriamente ao que peremptória e cìnicamente afirmou na altura e plenamente consciente de que estava a mentir com todos os dentes que tinha e tem na boca, a culpa continuou e continua a morrer solteiríssima e de óptima saúde já vai para 34 robustos anos. E os portugueses atónitos e sem saberem para onde se hão-de virar, perguntam-se a cada dia que passa como é que Portugal continua a consentir gangsters deste jaez à frente dos destinos da Nação e, pior, como é que crimes de tal magnitude podem continuar impunes?

Maria

 
At 12:19 da tarde, Anonymous Anónimo said...

um boçal, i.e., uma besta

 

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