Como Joaquim Paço d'Arcos sentiu o 25 de Abril
(Transcreve-se um poema de Joaquim Paço d'Arcos, que muito provavelmente não constará das selectas oficiais).
25 de Abril de 1974
Duzentos capitães! Não os das caravelas,
Não os heróis das descobertas e conquistas,
A Cruz de Cristo erguida sobre as velas
Como um altar
Que os nossos marinheiros levavam pelo mar
À terra inteira!
(Ó esfera armilar.
Que fazes hoje tu nessa bandeira?)
Ó marujos do sonho e da aventura,
Ó soldados da nossa antiga glória,
Por vós o Tejo chora,
Por vós põe luto a nossa História!
Duzentos capitães! Não os de outrora...
Duzentos capitães destes de agora,
(Pobres inconscientes)
Levando hílares, ufanos e contentes
A Pátria à sepultura,
Sem sequer se mostrarem compungidos
Como é dever dos soldados vencidos.
Soldados que sem serem batidos
Abandonaram terras, armas e bandeiras,
Populações inteiras
Pretos, brancos, mestiços
(Milagre português da nossa raça)
Ao extermínio feroz da populaça,
Ó capitães traidores dum grande ideal
Que tendo herdado um Portugal
Longínquo e ilimitado como o mar
Cuja bandeira, a tremular,
Assinalava o infinito português
Sob a imensidade do céu,
Legais a vossos filhos um Portugal pigmeu,
Um Portugal em miniatura,
Um Portugal de escravos
Enterrado num caixão d’apodrecidos cravos!
Ó tristes capitães ufanos da derrota,
Ó herdeiros anões de Aljubarrota,
Para vossa vergonha e maldição
Vossos filhos mais tarde ocultarão
Os vossos apelidos d'ignomínia...
Ó bastardos duma raça de heróis,
Para vossa punição
Vossos filhos morrerão
Espanhóis!
10 de Junho de 1975 (antigamente Dia da Raça).
Joaquim Paço D'Arcos
6 Comments:
Belíssimo poema. E premonitório.
Maria
Tranquilos, una vez más. Portugal -afortunadamente- no será nunca España.
Siendo malo que los hijos de los portugueses murieran españoles hay cosas infinitamente peores. Como que mueran europeos. O musulmanes. O cosmopolitas.
Rafael Castela Santos
É a poesia...
Para além das necessidades da rima, era precisa uma imagem forte, carregada de simbolismo e significado: só mesmo os espanhóis...
Como poesia, entre outros e além de Paço d'Arcos, temos por cá Camões que tem uma força de que Cervantes se aproxima.
Como é evidente, não podemos esquecer Pessoa, também superior.
Muitos de nós, senão a maioria, nunca morrerá espanhol. Tal é impensável quaisquer que sejam as voltas que a UE nos obrigue a dar.
Espanha, essa, nunca será Portugal; tão-só por que, e creio poder afirmá-lo por todos nós, Portugueses, não estamos e nunca estivemos interessados.
Se se der o caso, veremos.
Nuno
Por que será que o Rafa Castela não contesta?
Se calhar anda por aí a fazer o papel de toupeira...
O tonto está em total dissonância com toda a sociedade dita "espanhola" que conheço - e é muita.
Nuno
Voltei apenas para perguntar se alguém neste blog sabe quem é este Rafael Castela Santos.
Tanto quanto sei é um rapazola que aparece nos blogs que se dedicam à defesa da Igreja Tradicional - que será seguramente muito respeitável - a debitar textos copiados e a ofender todos os que se lhe opõem. No mínimo, são todos apóstatas.
Os seus anfitriões, um Sarto e um(a) gdr, proferem as mesmas ofensas e, claro, corroboram as diatribes do Rafael Castela Santos que aparece agora com uma faceta nova como se pode ler no comentário que aqui deixou.
O sujeitinho que se preocupe com a sua "Espanha" e já terá muito com que se entreter.
Aliás, basta entrar em desacordo com aquela gente nos respectivos blogs para ficarmos a saber que estamos todos em pecado... e mortal.
Nuno
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