segunda-feira, junho 16, 2008

Quando regeneração se escreve com d

As eleições autárquicas de 2009 ameaçam tornar-se uma apoteose no combate pela moralização e credibilização da vida política em Portugal...
Em Marco de Canavezes, Avelino Ferreira Torres anunciou que é de novo candidato à Câmara local.
Ao que diz, havia milhares de marcoenses a pedirem o seu regresso (e como se compreende o homem tem um coração de manteiga, é incapaz de dizer que não).
Mais ou menos o mesmo já tinha anunciado Narciso Miranda, em relação a Matosinhos. Nem que Cristo venha à terra a pedir-lhe que não (ou que Sócrates lhe transmita idêntico pedido, pessoalmente ou por intermediário credenciado), Narciso será candidato.
Como todos concordaremos, são inevitáveis também as candidaturas de Fátima Felgueiras, de Isaltino de Morais e de Valentim Loureiro, nos respectivos feudos (já se ouvem todos em coro, a cantar eu daqui não saio, eu daqui ninguém me tira).
Tudo porque os povos não podem viver sem eles, é claro.
Até na Guarda já se ouviu a voz quase esquecida de Abílio Curto a recordar que ele é que é (será) o Presidente da Câmara...
Não é possível percorrer o país e esgotar a lista desta galeria de horrores que se faz anunciar triunfalmente com a antecedência de quem se sabe firme e seguro - receia-se que ainda apareçam muitos mais...
Uma coisa é certa: as chefias dos partidos políticos do arco governamental não têm a autoridade necessária para se oporem eficazmente a esta avalanche. Os conselheiros até lhes vão lembrar que ou ganham com eles ou perdem contra eles.
A captura dos poderes locais por este tipo de cacicagem (captura total, dos poderes político, económico, cultural, desportivo, associativo, etc.) coloca problemas ao regime que podem começar a perfilar-se como inultrapassáveis.
Com toda a facilidade, ainda poderemos ver um dia destes os governos reféns de algum ou alguns desses influentes (a chantagem da Madeira ainda vai aparecer como um problema menor, dos tempos em que era só essa).
E a regionalização, alguém quer avançar com a regionalização sem que ao menos um sobressalto lhe agite o ânimo?