quinta-feira, agosto 14, 2008

Contos

Não sei como se distingue um conto de uma novela e esta de um romance, rejeitando o critério do tamanho. Compreende-se porém a dificuldade de aceitar esse critério, como apontam todos os teóricos da literatura: se assentamos no princípio de que um conto é uma narrativa curta, uma novela é uma narrativa um bocado maior e um romance é uma narrativa ainda maior, fica sempre a dificuldade insuperável de dizer qual é o tamanho limite, ou padrão, de cada espécie. A partir de quantas páginas (ou palavras) um conto deixa de ser conto para passar a ser novela, e uma novela passa a ser romance? Eu não sei, e estou muito bem acompanhado, já que pelo que julgo saber não há ninguém que saiba, mesmo entre os que normalmente sabem de tudo e entre os que especialmente sabem dessa matéria.
De modos que ao falar de contos falo daquilo que os respectivos autores crismaram assim, para evitar incómodos. Nos dias mais recentes ocupei-me de contos, para compensar o resto do ano. Li-os de Pirandello, de Papini, de Tomaz de Figueiredo, de Joaquim Paço d'Arcos, de Domingos Monteiro, de João de Araújo Correia, de José Rodrigues Miguéis, até uma breve "antologia do conto ultramarino" em tempos reunida por Amândio César e que junta contributos variados. Um conto tem a vantagem da sua compatibilidade com a vida moderna, pode ler-se no metro, no autocarro, no café, na praia, na casa de banho, e não faz doer a cabeça, nem mesmo uma daquelas só habituada a literatura de supermercado.

1 Comments:

At 11:05 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Um dos nossos mestres contistas é Branquinho da Fonseca, demasiado esquecido hoje em dia. Ao contrário de Torga, outro mestre da narrativa curta.

 

Enviar um comentário

<< Home