terça-feira, agosto 26, 2008

Georgia On My Mind

Com a implosão da URSS surgiram no mapa político diversos estados cuja independência constituiu desde sempre uma possibilidade remota e difícil. São designadamente os três países do Báltico, Estónia, Letónia e Lituânia, e mais os três do Cáucaso, Azerbaijão, Arménia e Geórgia. Junto a eles e sentindo as suas inquietações há outros dois de maior dimensão, a Ucrânia e a Polónia, que olham com sobressalto a vida dos primeiros. Finge-se que existe ainda um outro, a Bielorússia, mas este não consta que ultrapasse a mera ficção.
Na verdade, ao olhar russo não se vislumbram sequer razões para ver diferenças substanciais de estatuto entre as repúblicas incluídas dentro das fronteiras reconhecidas da Rússia, como a Tchétchénia, e aquelas que imediatamente lhes são confinantes, do lado de fora dessa linha.
Os dados permanentes da geopolítica não se alteram com os regimes. A Rússia era uma potência expansionista no tempo dos czares, continuou a sê-lo com o comunismo soviético e prosseguirá sob Putin. As zonas de choque são as mesmas. O Cáucaso, com as três repúblicas que mencionei, é a zona de passagem da Ásia para a Europa, onde se concentram as linhas de abastecimento de energia de que vivem as economias ocidentais, e constitui também a ligação da grande massa continental russa com o Irão e a Turquia, e através destes para o Oriente Médio. O controlo sobre a zona constitui um objectivo estratégico permanente.
O culminar da operação sobre a Geórgia, ultrapassada a fase militar, situa-se já no plano político. Tudo leva a crer que o Presidente russo, conhecido por vezes por GazPutin, aguarda o momento de anunciar ao mundo que o povo georgiano se dotou de um novo Presidente, e que a escolha recaiu sobre um alto funcionário da Gazprom.