As ricas casinhas da Câmara, e os segredos deste Estado
Sobre a questão das mais de três mil habitações que desde há muito estão ao serviço da nomenklatura agenciada pelos poderes políticos alfacinhas, desde funcionários a familiares, amigos, jornalistas, simples apaniguados ou grupos que interessa ter na mão, escreve o jornalista José Júdice, no "Metro":
"António Costa prometeu que iria divulgar a lista de arrendatários de favor, desde que autorizado pela Comissão Nacional de Protecção de Dados. A intenção é boa, mas a precaução é suspeita. Não é para isso que serve a protecção de dados - serve para impedir que informações pessoais dos cidadãos recolhidos por uma qualquer entidade sejam tornados públicos ou transmitidos a outros sem autorização judicial. Um contrato de arrendamento de uma casa que é propriedade pública não é segredo, nem de Estado nem pessoal. Se as Finanças não precisam de autorização para divulgar quem é que lhes deve dinheiro, ou o Governo para divulgar quem é que recebe subsídios, por que é que a Câmara toma esta precaução antes de dizer a quem é que deu, sem concurso nem atestado de pobreza, o património de todos nós?"
José Júdice tem razão, mas a observação é ingénua. Ente nós cultiva-se muito a transparência mas só quando não há nada para ver, ou o que se vislumbra não tem importância. Lembro só que apesar de todos os esforços de alguns teimosos ainda não foi possível obter os dados referentes aos gastos do Estado com os grandes empórios da advocacia - um negócio que se situa num patamar muito mais elevado do que o tráfico das habitações disponíveis na bolsa de reserva da Câmara lisboeta, espécie de saco de rebuçados para fixar a clientela que se julga necessária para efeitos eleitorais. Pela sua expressão económica, e pela sua relevância nos jogos de poder ao mais alto nível, este é um escândalo bem maior do que as ricas casinhas da clientela da classe política lisboeta. Mas nessa matéria... black-out, total.
"António Costa prometeu que iria divulgar a lista de arrendatários de favor, desde que autorizado pela Comissão Nacional de Protecção de Dados. A intenção é boa, mas a precaução é suspeita. Não é para isso que serve a protecção de dados - serve para impedir que informações pessoais dos cidadãos recolhidos por uma qualquer entidade sejam tornados públicos ou transmitidos a outros sem autorização judicial. Um contrato de arrendamento de uma casa que é propriedade pública não é segredo, nem de Estado nem pessoal. Se as Finanças não precisam de autorização para divulgar quem é que lhes deve dinheiro, ou o Governo para divulgar quem é que recebe subsídios, por que é que a Câmara toma esta precaução antes de dizer a quem é que deu, sem concurso nem atestado de pobreza, o património de todos nós?"
José Júdice tem razão, mas a observação é ingénua. Ente nós cultiva-se muito a transparência mas só quando não há nada para ver, ou o que se vislumbra não tem importância. Lembro só que apesar de todos os esforços de alguns teimosos ainda não foi possível obter os dados referentes aos gastos do Estado com os grandes empórios da advocacia - um negócio que se situa num patamar muito mais elevado do que o tráfico das habitações disponíveis na bolsa de reserva da Câmara lisboeta, espécie de saco de rebuçados para fixar a clientela que se julga necessária para efeitos eleitorais. Pela sua expressão económica, e pela sua relevância nos jogos de poder ao mais alto nível, este é um escândalo bem maior do que as ricas casinhas da clientela da classe política lisboeta. Mas nessa matéria... black-out, total.
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