quinta-feira, outubro 23, 2008

A Dona Banca

Com a devida vénia ao Terra Portuguesa:

Nos idos anos 80 saiu a notícia de que havia uma senhora conhecida como Dona Branca, a banqueira do povo, que há dezenas de anos recebia depósitos e oferecia juros maiores que a banca do Estado. Os governantes da altura, alarmados pela situação, também vieram à televisão falar sobre o assunto. Os ditos clientes pretenderam levantar o seu dinheiro e o esquema dos «produtos tóxicos» faliu. Alguns colaboradores aproveitaram-se da situação desviando para o seu bolso elevadas quantias em «prémios». O resultado foi a falência do banco privado e Dona Branca passou inúmeros cheques sem cobertura para tentar ressarcir os clientes. Se fosse hoje poderia ter beneficiado de um plano de 20 mil milhões de euros para cobrir o buraco que ela própria tinha criado. Pelo contrário, foi detida e acusada de inúmeros crimes, incluindo associação criminosa. Hoje essas associações são perfeitamente legais, recomendadas e diz-se oficialmente reguladas, e os seus dirigentes são livres de se auto-atribuir chorudos prémios e reformas. O esquema é parecido mas, hoje, quem paga somos nós.

1 Comments:

At 11:37 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Exactamente como escreveu. O que estes 'sin vergüenza' (como uma amiga nossa espanhola chama aos políticos de lá - os políticos espanhóis são irmãos gémeos dos de cá em tudo, estudaram todos pela mesma cartilha, a única diferença é que o país deles é maior e talvez por isso se note menos a qualidade dos mesmos) precisavam, sabemos nós.
O Costa, por exemplo, deve estar a fazê-las frescas e boas no que respeita às contas da Câmara. Mas que é que isso interessa a ele e aos dele, se é sempre o povo quem acaba por pagar tudo com língua de palmo? E o que é trágico, sem sequer lhes pedirmos contas.

Este homem, A. Costa, tem uma particularidade, ou um tique, estranha e enigmática. Está-se sempre a rir ou a sorrir mesmo quando debate ou fala de assuntos de Estado que presumìvelmente requereriam uma postura séria. Isto evidentemente se eles levassem os assuntos de Estado a sério, o que claramente não acontece nem nunca aconteceu. Por exemplo, na "Quadratura" ele está sempre com um permanente ar de gozo, do princípio ao fim do programa. E um ar de gozo porque, é notório, ele e os outros estão a representar uma farsa e portanto fazem o frete de estar a fingir que debatem assuntos importantes para o país, mas o que verdadeiramente lhes interessa são os balúrdios que estão ali a ganhar. O facto de se contradizerem, discutirem, desmentirem, indignarem, escandalizarem, desconversarem (aqui a arte estava mais do lado do predecessor, o insuportável Magalhães) etc., faz parte do jogo e aquele debate todas as semanas não é mais do que um episódio paralelo a juntar à farsa de que se reveste a actuação de todo o governo e o sistema que o suporta.
Este A. Costa só apresentou um ar ligeramente menos sorridente no dia da conferência de imprensa de que fez parte, aquando da detenção de Pedroso. Nesse dia foi um pouco mais comedido, convinha colocar a máscara da integridade para a fotografia. Mas foi sol de pouca dura. É como o irmão Ricardo, se o governo é do PS faz os debates com ar muito compostinho, se é do PSD goza alarvemente com todos os políticos deste partido que tem à frente e sempre com a tacha arreganhada.
A propósito deste espécime, alguns Blogs de excepção muito oportunamente andam a colocar o vídeo em que A. Costa e Ferro falam ao telefone sobre Pedroso, integrado na tal famosa 'urdidura'- que aliás pelas palavras trocadas soa a tudo menos a uma urdidura, antes pelo contrário parece aquilo que realmente é: a verdade pura. É bom que isso aconteça muitas vezes e que nunca deixem de passar o vídeo, até à eternidade se preciso for, para ver se a Justiça mostra alguma vergonha na forma como anda a conduzir este processo repugnante. De parabéns, repito, estão todos Blogs que têm passado este vídeo com frequência. Erro grosseiro, dizem eles. Erro grosseiro e muito, é esta indigna justiça estar submetida ao poder político. Erro grosseiro e muito, é este inqualificável sistema que os portugueses têm a fatalidade de ir suportando sabe Deus como, sem se revoltarem.
Maria

 

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