Greves
Hoje deu-me para pensar na greve, essa famosa arma dos trabalhadores.
Por causa de um facto cada vez mais constatável nas sociedades contemporâneas: é que na prática só têm hipóteses de fazer realmente greves, e sobretudo greves eficazes, aqueles sectores que, de acordo com a imagem romântica da figura, não precisariam disso.
Por outras palavras: grupos sociais que já são dos mais privilegiados, comparativamente aos que constituem a grande massa economicamente desfavorecida e desprotegida que constitui a base da pirâmide social.
Os que são na verdade mais desfavorecidos são os que não têm trabalho ou só têm trabalho precário (para não falar na multidão dos pensionistas), e nem podem pensar em fazer greve. São esses todos que ocupam hoje o escalão mais mal tratado das nossas sociedades, a camada mais desprotegida, e a mais numerosa, e também aquela com menor capacidade de reacção e autodefesa.
Hoje em dia quem pode fazer greve nas sociedades contemporâneas são grupos sociais que se caracterizam por um lado pelo seu pequeno número e por outro lado por se situarem num qualquer ponto estratégico, numa actividade essencial, que lhes dá uma insuperável capacidade de chantagem. Aqueles que sendo poucos podem afectar milhões, e causar prejuízos de dezenas de milhões. E nenhum Estado tem força para agir contra esses grupos: não é viável despedir todos, seja por falta de base legal, seja por falta de autoridade política, seja simplesmente por falta de força.
Nesta situação a greve torna-se um instrumento que contribui para agravar as diferenças sociais e as injustiças na distribuição dos rendimentos, e não para as eliminar.
Por causa de um facto cada vez mais constatável nas sociedades contemporâneas: é que na prática só têm hipóteses de fazer realmente greves, e sobretudo greves eficazes, aqueles sectores que, de acordo com a imagem romântica da figura, não precisariam disso.
Por outras palavras: grupos sociais que já são dos mais privilegiados, comparativamente aos que constituem a grande massa economicamente desfavorecida e desprotegida que constitui a base da pirâmide social.
Os que são na verdade mais desfavorecidos são os que não têm trabalho ou só têm trabalho precário (para não falar na multidão dos pensionistas), e nem podem pensar em fazer greve. São esses todos que ocupam hoje o escalão mais mal tratado das nossas sociedades, a camada mais desprotegida, e a mais numerosa, e também aquela com menor capacidade de reacção e autodefesa.
Hoje em dia quem pode fazer greve nas sociedades contemporâneas são grupos sociais que se caracterizam por um lado pelo seu pequeno número e por outro lado por se situarem num qualquer ponto estratégico, numa actividade essencial, que lhes dá uma insuperável capacidade de chantagem. Aqueles que sendo poucos podem afectar milhões, e causar prejuízos de dezenas de milhões. E nenhum Estado tem força para agir contra esses grupos: não é viável despedir todos, seja por falta de base legal, seja por falta de autoridade política, seja simplesmente por falta de força.
Nesta situação a greve torna-se um instrumento que contribui para agravar as diferenças sociais e as injustiças na distribuição dos rendimentos, e não para as eliminar.
4 Comments:
Ideia interessantíssima. Nunca tinha pensado na greve como uma birra de uma classe privilegiada, o que no fundo é inteiramente verdade.
Embora reconheça que hoje em dia as greves só são feitas por trabalhadores que podem suportar o seu custo - onde pararão os famosos fundos de greve dos sindicatos - não haja dúvida que é a sociedade em si, por falta de coragem, organização política, movimento sindical enquadrado pelos partidos, escolaridade deficiente, falta de poder reivindicativo e muita falta de solidariedade, que é e será, a principal culpada deste 'status quo'.
Tenho conversas q.b. com jovens que passam a vida a debitar a frase - já não estás no teu tempo - para concluir que não fazem da greve um instrumento de pressão, porque nas escolas, e em casa, a falta de educação séria e competente, os atirou para uma pavorosa competição 'inter pares' de onde parece não conseguirem sair.
O egocentrismo, é a pedra de toque da sua formação, e o País é que paga.
Disso não falam os professores, nem os pais, nem os politólogos, nem os pedagogos, nem a restante cambada que sobrevive dos pequenos incêndios que graçam por aqui e por ali, e que são a parte menos interessante dos negócios de um País.
Basta olhar para as notícias que nos entram em casa, diariamente, para nos apercebermos que o importante é o jogo entre Brasil e Portugal, as 'gaffes' dos políticos, as audições de um grupo de malfeitores conotado com uma vetusta associação, as eleições nos USA, a doença da artista X, ou a plástica do cantor Y, os contentores a tapar a vista aos alfacinhas, que não querem saber do rio para nada - basta olhar para ele, e ver que utilização lhe é dada na ocupação de tempos livres - e outras trivialidades do mesmo jaez.
Agora, discussões sobre o futuro do País, tais como, o caminho a seguir pela indústria, ou pelo comércio, a renovação do parque florestal, a defesa do património nacional, o reequilíbrio das cidades, a reestruturação das forças armadas e o seu reequipamento, a alteração dos 'curricula' educacionais, a integração social das minorias, o crescimento demográfico, o combate à droga e ao crime, a protecção à infância e às vítimas, as condições dos idosos, e tantas outras, parece não terem necessidade de serem efectuadas, nem tampouco interessarem ao vulgo, que neste momento prefere é pão e circo e os que vierem atrás que fechem a porta.
Confirmo a constatação mas discordo da conclusão. Manuel, parece-me que não está provado que uma classe média mais forte e interventiva ponha em maus lençóis os mais desfavorecidos.
Um abraço,
Francisco Nunes
Tipicamente, o discurso do invejoso. Se nem os que têm condições para fazer greves as fizessem então é que seria bonito ver os direitos que os outros tinham. Nunca ninguém ficou melhor por os outrs perderem direitos.
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