quarta-feira, novembro 05, 2008

Mente Vertical - uma questão de atitude

Destaco hoje um blogue recente, já que, surgido em Agosto último, completará amanhã três meses em linha. É o Mente Vertical, de Simão Salgado. Pode dizer-se para já que é um blogue diferente, e que não receia o desafio de ser diferente. Não receia o difícil, nem ama o fácil.
É uma esperança para uma blogosfera outra, longe da futilidade e do imediatismo que o modelo favorece. O tempo demonstrará se também neste meio a densidade e a solidez são trunfos decisivos. Entretanto, a persistência será a única forma de lhes dar a oportunidade de afirmação.
Passo a palavra ao "Mente Vertical", isto é, a Simão Salgado, que prontamente respondeu às minhas impertinências.

a) Qual a razão que trouxe o "Mente Vertical" para o frenesim blogosférico?
- O país degrada-se a passos largos e um dos aspectos mais notórios é a falta de segurança interna, a qual é acompanhada por uma desagradável sensação de injustiça. Esta praga criminosa de que somos vítimas afasta os turistas e dá a sensação que estamos a viver uma espécie de incipiente guerra civil por enquanto ainda tímida, mas, cujas condições para que se agudize estão já reunidas: 500 mil desempregados; 80 mil dos quais licenciados; imigração crescente tomando contornos de colonização e que trucida os portugueses mais pobres; redução do PIB de ano para ano; mau funcionamento da justiça; recessão económica; endividamento familiar (alguém terá que pagar); ensino nada educativo e tremendamente medíocre onde reina a bandalheira total; etc... Portugal estagnou motivado pela igualdade rasca que não favorece os mais competentes e os mais inteligentes e nem deixa expandir os mais audazes e destemidos pequenos e médios empresários. É imperativo que os portugueses sejam avivados e conduzidos de volta à auto-estima e autodeterminação que merecem e a que têm direito por herança. Os nossos antepassados tanto sangue, suor e lágrimas verteram que temos o dever moral de os honrar dando continuidade à sua força criativa. Os nossos filhos legitimamente merecem o legado que com tanto sacrifício esses bravos nos deixaram. Imaginem se D. Afonso Henriques pudesse voltar do reino dos mortos e visse o estado em que está este povo e este país…
b) O "Mente Vertical" tem dado primazia a textos algo longos, e de densidade pouco habitual em blogues. Parece-lhe compatível essa orientação com as exigências deste tipo de comunicação, em geral caracterizada pela brevidade e superficialidade da mensagem?
- Na internet há lugar para toda a variedade de textos e para toda a forma de comunicação. O texto longo, não sendo o mais cómodo, é por sua vez o mais completo, surge assim, da necessidade de explicar aos leitores a coerência, a solidez e a alternativa efectiva e sustentável que representa a corrente idealista. Obviamente, para aqueles que se deleitam com telenovelas, para os espíritos mais passivos e que apenas procuram algum lazer, esses serão afugentados pelo comprimento das ideias, mas, os mais resistentes, os que procuram a verdade saberão tirar daí o devido proveito. A superficialidade desperta a atenção das pessoas para a realidade mas só o texto profundo demonstra que há outros campos, há outra interpretação da vida e do cosmos, onde não é possível o espaço para o caos, para a demagogia e para a corrupção, a que entretanto fomos habituados.
c) Existe um projecto de intervenção cultural e cívico que se exprime através do "Mente Vertical"?
- O problema essencial resume-se à questão da Ética. O "Mente Vertical" surge como uma alternativa à imoralidade e à decadência inculcada através dos órgãos de comunicação social com a conivência do ensino público. É um projecto apartidário, contudo não apolítico, que visa apresentar à sociedade portuguesa uma nova forma de organização social que gire, não em torno do nefasto materialismo, mas sim, ao redor do ideal, isto é do melhor bem possível para toda a comunidade nacional. O imobilismo não produz civilização, é preciso, pois, um dinamismo, um inconformismo prático que devolva a satisfação e a esperança aos portugueses. Há a necessidade de mudar, de corrigir os erros do passado. Desde o séc. XIX que a sociedade se concentra unicamente no indivíduo, desprezou-se a família, introduziu-se o erro absurdo de que a razão da vida é o próprio indivíduo e o seu máximo prazer. Mas, a história diz-nos o contrário, os povos que apostam na fertilidade, no amor ao próximo e que se entregam ao bem-comum acabam por dominar os povos obscenos. A razão da vida tem pois que estar na entrega para um valor mais elevado, esse valor mais elevado encontra-se na Família, na Comunidade, na Pátria e em Deus que é o Supremo Bem, o Todo-Poderoso. Repare-se que o materialismo, apesar de todo o conforto que tem para oferecer aumentou dramaticamente o número de pessoas abandonadas e outras tantas infelizes, muitas dessas pessoas acabam nos consultórios de psiquiatria e outras ainda acabam por cometer o suicídio, recordo que o suicídio em Portugal é a oitava causa de morte.
d) Na actual cultura de massas há lugar para a reflexão e para a fundamentação, ou haverá razões para pensar que a filosofia morreu?
- A verdade é que não temos alternativas, acabado o sonho de que “os homens nascem todos iguais”, cujas consequências são um pesadelo, de que afinal nem tudo é peace and love, e da constatação de que o mundo hippie só produziu mediocridades e desgraças com muito sofrimento à mistura, só nos resta encontrarmos uma saída através da profunda reflexão. A vida melhor só é possível quando o pensamento está em sintonia com a realidade. O mundo da ilusão, da fantasia e do fantástico só serve para retirar às pessoas a capacidade de se governarem de forma adequada. Depois, temos de observar que aquilo que foi destruído pela filosofia só pela filosofia pode ser reedificado. A Idade Moderna ofereceu à humanidade o presente envenenado do empirismo, do positivismo, do materialismo, da sociologia e são estas correntes que ajudaram à desconstrução civilizacional que agora no séc. XXI se tornou insuportável. Pensar cansa e desgasta mas viver sem pensar é vegetar e é permitir que outros conduzam as nossas vidas.
e) Pensa que a blogosfera pode consolidar núcleos de resistência, e pode ser o campo de partida para um combate eficaz ao "pensamento único"?
- A blogosfera é a única forma eficaz de corrigir a lavagem cerebral a que os cidadãos foram submetidos com a intenção maléfica de os levar a um hiperconsumismo e de os embrutecer espiritualmente para a partir daí mais facilmente serem manipulados para fins contrários os seus próprios interesses. As pessoas agem agora contra si próprias, desprezam o espaço colectivo, endividam-se, desleixam-se, tornaram-se agressivas e insolentes de onde só o isolamento e a miséria lhes resta como destino. Na blogosfera é agora possível ver que há outras formas muito diferentes de estar em sociedade e de fazer política. Há 10 anos atrás vivíamos completamente nas trevas do pensamento único, não era possível ao cidadão comum sair da ignorância imposta. Hoje os cibernautas têm à sua disposição um mundo maravilhoso que propugna pela ordem e pela verdadeira liberdade para crescer onde se repugna veementemente a vigente liberdade medíocre que só destrói.
f) Uma vez que as paixões são contagiosas, o que gostaria de transmitir aos leitores do "Mente Vertical", e já agora aos do "Sexo dos Anjos"?
- Primeiro que tudo há a registar que a esperança deve ser a última a morrer, embora não seja fácil lidar com o número elevadíssimo de crimes de toda a espécie com que somos bombardeados diariamente. A decadência avança de tal forma rápida que parece que tudo está perdido, mas por outro lado, e validando aquilo que defendo, posso dizer que a questão da verdade dos valores é indesmentível. A verdade está gravada no coração de cada homem. O homem pode andar confuso, pode adoecer mentalmente, mas, há sempre uma força interior que o puxa para a verdade e essa força é mais forte do que os homens. Por outro lado, há ainda a questão dos ciclos, tudo tem um princípio e um fim, penso que o fim deste ciclo tenebroso está próximo, há uma grande insatisfação que cresce todos os dias. Os leitores do "Mente Vertical" não devem esperar encontrar nesse espaço lugar para a preguiça mental, os novos desafios não nos permitem facilidades, se queremos ser melhor do que eles, temos que o provar e essa tarefa não é fácil dado que o ambiente cultural em que estamos mergulhados está totalmente contaminado por falácias, mentiras descaradas e outras camufladas. Em relação ao "Sexo dos Anjos", tenho a dizer que há muito que o acompanho diariamente, é um blog consagrado no meio alternativo, de grande reputação e indispensável para o combate político-cultural. Merece por isso apoio de todos e reconhecimento público por aqueles que se encontram oprimidos com a bandalheira instalada pela totalitária, danosa e repugnante cultura de esquerda de cariz marxista. Recomendaria aos leitores que enviassem os melhores textos via e-mail para os endereços das suas listas de contactos.

2 Comments:

At 4:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Gostei muito da entrevista. Tudo o foi dito é a pura realidade. Não conheço este Blog, vou já visitá-lo.
Maria

 
At 6:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Agradeço a oportunidade que o Manuel Azinhal deu para que se produzisse esta entrevista e também a divulgação e promoção do "Mente Vertical. Agredeço também à comentadora Maria pelas palavras simpáticas em relação à parte que me toca.
Cumprimentos.

 

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