Quando as línguas se desatam
Sob o título "A nódoa no cavaquismo", o director-adjunto do "Correio da Manhã", Eduardo Dâmaso, publica hoje o artigo que reproduzo a seguir. Notoriamente escrito à pressa, com erros de concordância e frases inteiras que o autor agora retiraria se pudesse, o pequeno texto é um documento notável. Eduardo Dâmaso é um jornalista que sabe muito. Receio, porém, que nunca chegue a dizer mais do que deixou agora escrito a quente. Pela minha parte gostava muito de saber, por exemplo, quem é que cobrava mil contos à cabeça "só para obter uma reunião de perdão da dívida". Apelo ao Dâmaso para que escreva um livro! Um jornalista que se prezasse também não teria medo de...
Oliveira e Costa foi detido pelos magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Seja qual for o resultado desta investigação, uma coisa é certa: foi detido o homem que metaforicamente corporizou uma das maiores nódoas no cavaquismo. Na Justiça, Oliveira e Costa responderá pelos actos ilícitos associados à gestão do BPN.
Perante os cidadãos e contribuintes com memória, Oliveira e Costa responderá pela forma como deixou estigmatizar a transição de regimes fiscais que a entrada de Portugal na CEE criou. Mandatado para negociar 800 mil casos de dívidas ao Fisco, nos anos 80, Oliveira e Costa deixou que este imenso poder se transformasse num mar de suspeição. Esta negociação era inevitável e foi um meio de salvar muitas pequenas e médias empresas. Mas foi também um dos maiores atoleiros políticos de que há memória, dando um impulso gigantesco ao que se chama hoje Bloco Central de Interesses. Esse banco informal de uma incalculável soma de milhões foi negociado de forma secreta, vampirizando recursos do Estado a favor de interesses muitíssimo particulares.
Em nome do financiamento ao PSD constituiu-se fortunas e bancos. Havia quem cobrasse mil contos à cabeça só para obter uma reunião de perdão da dívida. Isto pode ser arqueologia, mas um Parlamento que se prezasse procuraria apurar toda a verdade!
Oliveira e Costa foi detido pelos magistrados do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Seja qual for o resultado desta investigação, uma coisa é certa: foi detido o homem que metaforicamente corporizou uma das maiores nódoas no cavaquismo. Na Justiça, Oliveira e Costa responderá pelos actos ilícitos associados à gestão do BPN.
Perante os cidadãos e contribuintes com memória, Oliveira e Costa responderá pela forma como deixou estigmatizar a transição de regimes fiscais que a entrada de Portugal na CEE criou. Mandatado para negociar 800 mil casos de dívidas ao Fisco, nos anos 80, Oliveira e Costa deixou que este imenso poder se transformasse num mar de suspeição. Esta negociação era inevitável e foi um meio de salvar muitas pequenas e médias empresas. Mas foi também um dos maiores atoleiros políticos de que há memória, dando um impulso gigantesco ao que se chama hoje Bloco Central de Interesses. Esse banco informal de uma incalculável soma de milhões foi negociado de forma secreta, vampirizando recursos do Estado a favor de interesses muitíssimo particulares.
Em nome do financiamento ao PSD constituiu-se fortunas e bancos. Havia quem cobrasse mil contos à cabeça só para obter uma reunião de perdão da dívida. Isto pode ser arqueologia, mas um Parlamento que se prezasse procuraria apurar toda a verdade!
1 Comments:
"constituíram-se" òbviamente. Lapso certamente, como disse e bem.
"... um Parlamento que se prezasse...", mas este jornalista deve estar certamente a ironizar, só pode. Conhecendo-os ele melhor do que muitos de nós - e nós já os conhecemos de sobejo - o que é que ele acha dos políticos em presença?! Destes que estão e dos que já estiveram?! Tudo - roubos monumentais aos bancos, tráficos de influência gravíssimos, assaltos escandalosos à fazenda pública, etc. - foi feito desde o início, isto é, desde o dia 26 de Abril de 1974, para decorrer com a limpeza com que tem decorrido e até à data em que nos encontramos tudo lhes tem corrido às mil maravilhas e sem escolhos de qualquer espécie no caminho. Quer dizer, houve dois ou três que os fez tremer, mas com a perícia que lhes é habitual, aqueles foram sàbiamente ultrapassados.
E neste trabalho de sapa, de que vamos tendo conhecimento, só parcial, a pouco e pouco, colaborou TODA a classe política, ou melhor, a máfia política (e os seus múltiplos associados ou bando de ladrões) que desde então até hoje tem percorrido as alas do poder. E que vai do senhor Oliveira e Costa, que por mero acaso está neste momento na berra, passando por todos os que o precederam, os que com ele colaboraram, aqueles que dele dependeram, até ao/s que nele mandaram, sendo este/s porventura o/s grandes culpado/s dos crimes por ele praticados. O resto da podridão, da muita que está ainda encoberta, deduz-se fàcilmente. Muitos deles, particularmente dois ou três, que vêm desses tempos recuados, vêmo-los aparecer quase diàriamente nas primeiras páginas dos jornais ou a abrir os noticiários das televisões. Todos eles com cara de quem não parte um prato, ar respeitoso, impoluto e íntegro, debitando discursos carregados de jactância e sapiência, apelando para a moral e ética dos portugueses... Se a hipocrisia e principalmente o crime (económico, político, de sangue, ou outros igualmente gravíssimos) matassem, todas as criaturas que têm passado por todas as áreas do poder, mais os grandes empresários, banqueiros, administradores, etc., estes com a total conivência daqueles, que à custa do povo português se tornaram multi-bilionários em menos tempo do que um avião leva em horas daqui à Austrália, estaríam mortos há pelo menos duas dezenas d'anos.
Está a decorrer mais uma exposição das Jóias da Coroa no Palácio d'Ajuda até final do mês. Lá vamos nós daqui a algum tempo - depois delas passarem a outra exposição no estrangeiro... - verificar, novamente, que mais algumas delas irão ser "roubadas" num "espectacular assalto" de cujos "assaltantes profissionais" e "destino" das mesmas ninguém mais saberá o que quer que seja. Naturalmente.
Políticos que roubam em muitas centenas de milhões os bancos do seu país e assaltam o seu próprio Estado em outro tanto com o maior dos desplantes, roubar objectos preciosos pertença desse mesmo Estado, mas que valem sómente umas dezenas milhões... é nada. Eles são capazes de muito mais e melhor. Como se sabe e há bastas provas. Nem é preciso procurá-las, elas estão todas à vista.
Maria
Enviar um comentário
<< Home