segunda-feira, novembro 24, 2008

"A RTP é a lavandaria do regime"

Crónica de Manuel António Pina no Jornal de Notícias, com o título "Minha querida lavandaria". Generaliza-se a chacota em relação ao caso BPN. A acompanhar a sensação de que tudo isto é ridículo, e vão: na banca tradicional, por onde anda o dinheiro velho, ou com mais mundo, as práticas não são muito diferentes - mas tudo feito com muito mais perfeição. Fica uma espécie de número de revista, a queda do capachinho à banca pimba, que ficou com a careca à mostra. Não a outra, que até se está a rir com indisfarçável gozo.

A RTP é a lavandaria do regime. Não há vítima de cabala que não lave a consciência naquela espécie de Santa Casa da Misericórdia dos aflitos.
Desde a entrevista a Carlos Cruz lavado (o termo é apropriado) em lágrimas, os queridos telespectadores já não choravam como choraram com Dias Loureiro (talvez com excepção da entrevista a outra perseguida, a dolorosa mártir Fátima Felgueiras).
Dias Loureiro, um homem, como aquele Malaquias, de Manuel de Lima, barbaramente agredido, foi aos estúdios de baraço ao pescoço e sem bigode, confessando que, sim, era administrador da SLN, mas, enquanto aconteciam no BPN as trapaças que têm vindo a público (e as que hão-de vir), calhou sempre de estar a olhar para outro lado. Assinava as contas sem as ler, pois só lê biografias e romances policiais (as contas do BPN eram um romance policial, mas como podia Dias Loureiro sabê-lo?). Por isso está, obviamente, de consciência limpa.
Eu acredito em Dias Loureiro (que diabo, é um conselheiro de Estado!) e não em cínicos como Stanislaw Lec, para quem a melhor forma de manter a consciência limpa é não lhe dar uso.

1 Comments:

At 3:29 da tarde, Blogger Waco said...

Por falar em lavandaria, BPN, etc:

http://dragoscopio.blogspot.com/2008/11/tabu.html

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