quarta-feira, novembro 19, 2008

Socratismo forever?

Diferentemente do que parecem indicar certos alaridos, a sensação que eu tenho é que se está a instalar brandamente na sociedade portuguesa a conformação perante a continuidade do que está. Enquanto se aproximam as legislativas, está generalizadamente digerida e interiorizada a inevitabilidade da governação socialista, mesmo entre muitos que vão esbracejando ritualmente. Os sectores que podiam fazer a diferença já não estão dispostos a essa guerra. Preferem guardar anéis e dedos, como sempre foi norma em Portugal.
Com o esboroar da oposição partidária à direita, e a óbvia irrelevância da oposição à esquerda (por razões históricas, insusceptíveis de ser alteradas por transitórias agitações), o Partido Socialista corre o risco de ficar numa situação semelhante ao seu defunto antepassado, o Partido Republicano Português. Havia um partido dominante, e havia uma diversidade de outros partidos, caracterizáveis sobretudo como cisões ou dissidências no regime, que nunca lograram apresentar-se como alternativa real de poder.
Ironias da história: já houve um tempo em que se falou abertamente num "sonho mexicano" do PS. Já houve outra altura em que se falava na ressurreição hodierna do rotativismo do tempo da monarqua, protagonizado pelo duopólio PS/PSD. Agora, com a aceitação passiva do socratismo por mais quatro anos e as perspectivas de autodestruição do PSD, o que se vislumbra é novamente o espectro do regime de partido dominante.

1 Comments:

At 2:22 da tarde, Blogger PR said...

Infelizmente, é mesmo isso que se passa.
Mas julgo que esse conformismo só acontece por falta de pessoas novas, com novas ideias, e que tragam algo de novo para o País.

 

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