segunda-feira, dezembro 08, 2008

Questões de estilo

"Vale mais uma página de qualquer discurso de Salazar do que toda a obra de Saramago. Estilisticamente. O autor de cabeceira do Salazar era o Padre António Vieira. Se ler qualquer dos discursos de Salazar lê português. Que é uma coisa que já raramente se encontra. É um clássico."
António Barahona, Revista Ler, Dezembro de 2008, p. 34.

1 Comments:

At 8:24 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Completamente d'acordo. O que se ouve nas televisões e lê n'alguns jornais, revistas e livros, é de se nos partir a alma. O português, uma das línguas mais bonitas e mais bem estruturadas do mundo, está desde há 30 anos a ser vilipendiada até um ponto em que já ultrapassou o limite do suportável. Pede-se encarecidamente a alguém com saber, poder e suficiente patriotismo que ponha cobro a este crime vergonhoso de lesa-pátria. Porque, como bem disse um dos nossos maiores, a nossa Pátria é (também) a língua portuguesa. E se não aparecer esse alguém, então que os portugueses em peso o exijam nas ruas do país.
Chegámos ao extremo escandaloso de verificar que a maior parte do discurso oral e escrito, por quem deveria ter mais responsabilidade no que escreve e diz, mas sobretudo mais vergonha, estar a ser feito 'à brasileira' como se fossemos brasileiros e não portugueses! Em consequência das novelas (propositadamente introduzidas em quantidades industriais nas televisões com esse fim) mas principalmente devido ao facto de termos como governantes e ministros, pessoas incultas e apatriotas que fazem o jogo dos poderes exteriores e ocultos em que uma das suas finalidades, uma vez introduzidas as democracias nos países, é, primeiro inverter completamente a ordem estabelecida e em seguida abastardar a língua respectiva, deste modo, como povos, é-lhes retirado o sentido de pertença à comunidade e simultâneamente a própria identidade - porque sem referências sólidas, aquela e esta acabam por diluir-se mais cedo ou mais tarde - uma vez estes dois objectivos conseguidos, qualquer povo deixa inclusivamente de se importar se o seu território for ocupado pacìficamente por outros povos e pode até vir a fixar-se, ou melhor, pode vir a ser removido 'à força' de um espaço territorial para outro, que isso lhe será totalmente indiferente; o esquema foi bem estudado e melhor introduzido nos países e está, como se sabe, em franco progresso em todo o mundo.
Agora ninguém, salvo honrosíssimas excepções que devem ser exaltadas, conjuga o verbo PRINCIPAL/predicado das orações/frases, seguindo a boa norma brasileira... (e aqui há que ressalvar os brasileiros cultos que, honra lhes seja feita, não a praticam) seja a falar ou a escrever e isto nas televisões, nos jornais e até na literatura que se diz prestigiada. Já para não mencionar o degradante ensino escolar em todas as áreas e no português nem é bom falar. Trata-se de um crime a ser perpetrado diàriamente contra o nosso património histórico, de proporções inimagináveis já num futuro próximo, que tem de ser travado seja lá como for. É completamente inadmissível que num discurso oral ou escrito se veja/ouça uma frase em que o sujeito esteja no plural e não haja concordância com o predicado e/ou complemento directo (como uma única vez o Miguel Sousa Tavares o referiu e bem na televisão, para nunca mais voltar ao tema...)! Estas são regras gramaticais básicas simples, que se aprendiam há pouco mais de 30 anos logo no primeiro ano do Liceu e nunca mais se esqueciam. Repito, isto É UMA VERGONHA NACIONAL. Está-se a querer nivelar por baixo tudo o que diga respeito a Portugal, ridicularizando e mesmo ostracizando quem não professe a mesma 'ideologia' paralinguística e apatriota. Eles sabem que uma coisa está intrìnsecamente ligada à outra. Já destruíram a Pátria, agora só lhes falta acabar de destruir a língua - que aliás começaram a fazer com denodo há mais de 3 décadas com os bons resultados que hoje se podem constatar.
É insuportável a quem aprendeu o português com regras e normas precisas, ouvir dizer ou, pior ainda, ver escrito em jornais, subtítulos de programas televisivos e em algumas obras literárias, não esquecendo inacreditàvelmente os livros que abrangem todo o ciclo escolar - dos primeiros anos de escolaridade à Universidade; aqui há poucos anos um dos meus filhos veio mostrar-me os erros ortográficos por ele detectados num livro da autoria do seu próprio professor de informática... de bradar aos céus - erros monumentais de sintaxe e gramaticais escandalosos, abstraindo aqui os de ordem estilística, erros esses que ainda não há muitos anos só eram concebíveis e consequentemente desculpáveis em pessoas analfabetas e por vezes, por estranho que pareça, nem nestas tal ocorria. Está-se a adulterar o português de uma forma criminosa que deve ser travada o quanto antes, sob pena de daqui por alguns anos nem língua-mãe já possuirmos, isto depois de havermos perdido tudo o que nos restava de País.
Em PORTUGUÊS SÓ NÃO SE CONJUGA O VERBO (OU PREDICADO) QUANDO O SUJEITO É INDEFINIDO OU ABSTRACTO, caso contrário ELE (PREDICADO) TEM QUE OBRIGATÒRIAMENTE CONCORDAR COM O SUJEITO - esta é a regra gramatical básica instituída desde há muito tempo por linguísticas da mais alta craveira intelectual e profissional e di-lo expressamente qualquer boa gramática de há 30 anos, ou um bom dicionário também da mesma altura. Independentemente da evolução normal de uma língua viva que, como todas as outras, foi sofrendo alterações, sempre para melhor, acrescente-se, não para pior, ao longo dos séculos, processo este superiormente conduzido pelos mais probos especialistas na matéria. Se o sujeito (substantivo) disser respeito a mais do que uma coisa ou pessoa, estando portando no PLURAL, então o predicado (verbo) TEM que concordar com ele, isto é, TEM que estar igualmente no PLURAL. Mesmo quando o verbo auxiliar é o HAVER, ou outro qualquer (e o verbo auxiliar, qualquer que ele seja, NÃO SE CONJUGA quando integra uma ÚNICA oração - se no mesmo período ou parágrafo houver DUAS orações, então na segunda oração o verbo principal conjugar-se-á òbviamente e só este, mais uma vez NUNCA o auxiliar, se este existir) o verbo principal tem forçosamente que ser conjugado, ou estaremos perante um fraseado atabalhoado ou de uma fraseologia mal atamancada sinónimo d'outra língua qualquer que não de certeza a portuguesa. E, incrìvelmente, ouvem-se ministros, doutores e engenheiros tropeçarem constantemente neste erro crasso! Belos ministros, doutores e engenheiros... não haja dúvidas. E também alguns jornalistas, articulistas e outros especialistas que escrevem em jornais.
Repetindo-me - porque nunca é demais - só se o sujeito/substantivo for INDEFINIDO ou ABSTRACTO é que não há concordância nos termos, ficando o verbo/predicado na 3ª pessoa do singular, ex.: vão acontecer/haver (o verbo principal/predicado conjuga-se, o auxiliar fica no infinitivo) diversos debates, etc. Por amor de Deus não digam ou escrevam VAI HAVER/ESTAR/APARECER/ACONTECER, ETC., PESSOAS/PASSAGEIROS /AUTOMÓVEIS/COMBOIOS/ALUNOS/REPROVAÇÕES, o que quer que seja, em que o SUJEITO esteja no PLURAL e depois coloquem o PREDICADO no SINGULAR... POR AMOR DE DEUS!!! - se trocarmos os termos da oração, o que se deve fazer sempre que haja dúvidas sobre se esta está correctamente elaborada, ver-se-á que é IMPPOSSÍVEL escrever-se doutro modo sem que se incorra em falta verbal grave e portanto NÃO podemos escrever a frase deste modo: pessoas "VAI" aparecer na festa; ou, passageiros "VAI" naquele avião; ou, poucos alunos "VAI" aparecer nas aulas... etc., mas sim, vão haver, vão aparecer, vão estar, etc. Mas no entanto já se escreve: "vai haver" recepção e baile após a conferência (sujeito abstracto por conseguinte, aqui sim, o predicado fica no singular, se porém o sujeito for definido e plural o verbo "IR" tem que concordar com o sujeito obrigatòriamente; ouviu-se (sujeito indefinido/abstracto, verbo no singular) qualquer coisa naquele dia; ouviram-se ruídos (verbo no plural porque o sujeito o está e ambos têm que concordar) e NUNCA "ouviu-se" ruídos, simplesmente porque se trocarmos os termos da oração não iremos escrever nunca na vida RUÍDOS OUVIU-SE; sabe-se (sujeito indefinido, predicado na 3ª pess. do singular) quantas pessoas formavam o corpo de baile (se alterarmos os termos da oração o verbo mantem-se na mesma pessoa) e portanto não se escreve ou diz "sabem-se"... Nas televisões ouvem-se ('ouvem-se' porque o sujeito é definido e plural) os ministros, doutores e engenheiros proferirem estas e outras calinadas constantemente.
Que apareçam linguístas de prestígio, tem que os haver, que se imponham e façam respeitar e honrar a língua de Camões, presentemente o nosso maior Bem. E que digam basta. Que façam frente aos poderosos mas promíscuos poderes instituídos e ponham cobro a este escândalo sem nome. Afinal os verdadeiros portugueses mandam mais no seu país do que meia dúzia de traidores à Pátria e à Língua, os quais
sempre viveram à margem delas. Não deixemos que eles levem a melhor, roubando-nos o último e único bem sagrado que ainda nos é dado possuir. Quem não possui língua-mãe não tem Pátria e quem não tem Pátria não tem nada que o ligue ao mundo nem às pessoas, é um pária da sociedade onde quer que viva, ainda que o faça no solo onde nasceu. Como estes que nos desgovernam, que são por natureza e sem excepção apatriotas.
A todos quantos acarinham e dignificam a língua portuguesa - e ainda vão sendo bastantes graças a Deus, sinal de que nem tudo está perdido - honra lhes seja feita. Este será um legado sem preço que deixaremos aos vindouros. Afinal o único Bem verdadeiramente sagrado - à parte o solo pátrio do qual fomos bàrbaramente amputados - que perdurará pelos séculos, porque da nossa Pátria amada então já quase nada restará.
Maria

 

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