terça-feira, fevereiro 17, 2009

Moralismo e hipocrisia

A mesma esquerda que andou décadas a caricaturar até à exaustão a ideia de um Salazar misógino ou homossexual anda agora a babar-se de gozo com a imagem de um Salazar insaciável coureur de femmes.
Não é novo este impulso nas hostes sinistras: a esquerda foi sempre constante na condenação dos moralismos alheios, adorando esticar o dedinho condenatório a fulminar as hipocrisias que nos outros detecta, enquanto se esquece prudentemente de olhar para o espelho.
A novidade desta exploração da falada "vida privada" de Salazar nem está na tendência mórbida para andar a espreitar pelas fechaduras das portas para dizer que se faz História (afinal, o conceito de "vida privada" é algo estranho para a formatação mental da esquerda ortodoxa).
O que há de novo é uma mudança que o tempo trouxe: agora seriam politicamente incorrectas as anedotas envolvendo Salazar e Cerejeira, e ridicularizar a homossexualidade seria inaceitável, com efeitos muito desagradáveis nos sectores afectos à causa.
Salazar ficou assim condenado a ser apontado pelos excessos - mas dentro do padrão heterossexual. Se tivesse pecadilhos homo, corria-se o risco de parecer muito progressista.