Atavismos vocabulares
Leio nas notícias de hoje que "Isaltino Morais regressa ao banco dos réus".
Fico impressionado com o desfasamento dos nossos jornalistas em relação à realidade processual-penal: agora já não há réus (a palavra foi banida do CPP), e dos tribunais também desapareceram há muito esses bancos. Isso eram resquícios de outros tempos, definitivamente abolidos pelas leis que progressistamente nos regem, com o louvável propósito de evitar efeitos estigmatizadores. Agora só há arguidos. Quando muito o referido senhor, que temos que presumir inocente por injunção legal, poderá ocupar o lugar reservado aos arguidos, se resolver comparecer em sua defesa, como é seu direito e foi convidado a fazer se for essa a sua vontade. Não é obrigado, e provavelmente terá outras coisas para se ocupar. Se decidir estar presente, também não é obrigado a falar, a lei garante-lhe o direito ao silêncio. Logicamente, é capaz de preferir exercê-lo em casa, ou noutro sítio qualquer.
Creio que a linguagem dos jornalistas é mais agressiva para o prestigiado autarca do que a abordagem judicial.
Creio que a linguagem dos jornalistas é mais agressiva para o prestigiado autarca do que a abordagem judicial.
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