segunda-feira, março 09, 2009

Eastwood como John Wayne

Clint Eastwood aproxima-se dos 79 anos. Não é pouco, e faz pensar no vigor com que marcou o ano cinematográfico. Duas obras de autor, os filmes que ficaram conhecidos como "a troca" e "gran torino", oferecidos para a discussão interminável sobre os méritos do actor/realizador. Nesta altura, todavia, parece um dado adquirido que o nome de Clint está definitivamente inscrito entre os grandes do cinema. Lembra-me constantemente John Wayne. Uma longa carreira de actor, a tarimba feita em filmes menores, a desconfiança quanto às suas qualidades dramáticas - e a resposta feita de persistência, de trabalho, de convicção. Depois, a consagração ao fim da estrada. E a insatisfação. O fascínio da realização (De Wayne, ficam "o Álamo" e "os boinas-verdes", de Clint, há que reconhecê-lo, ficará muito mais. Mas em ambos houve este impulso de mostrar que tinham algo para mostrar, do outro lado das câmaras.)
Em ambos, a dureza ("feo, fuerte y feroz") a que muitos chamaram inexpressividade. Em ambos, um reaccionarismo insubmisso, contra a corrente, por vezes desafiante, como em "Dirty Harry" ou em "Boinas-verdes". Em qualquer deles, personalidades singulares, que ficam a marcar o seu, e nosso tempo. Dois heróis do nosso tempo.