Guénon, sim e não
O autor da "crise do mundo moderno", o crítico do "reino da quantidade", posso lê-lo com admiração sincera. Posso, e não me inibo de recomendar a leitura aos amigos. Todavia, importa esclarecer que nunca passarei daquilo que qualquer adepto chamaria "uma leitura profana" de Guénon. Não posso acompanhar o restante (que é muito). V. g., a crença na sobrevivência a Oriente de uma Tradição que se perdeu irremediavelmente a Ocidente.
O caminho de Guénon levou-o ao islamismo, convencido que aí tinha encontrado uma espiritualidade superior. Julgo que se tratou de um equívoco, do tipo "pensamento desejoso". Tanto queria encontrar, que julgou encontrar. O Islão, como certos resquícios de civilizações do Oriente, recebeu com atraso o choque de uma modernidade que há muito triunfou a Ocidente. Olhando quase há cem anos, admito que aquilo que me parece a mim simples atraso cronológico tenha surgido aos olhos de Guénon como algo de mais substancial. Porém, não é tal. Muito do que podemos ver hoje em dia confirma, do meu ponto de vista, que os efeitos do contacto com a modernidade serão muito mais devastadores no mundo islâmico do que o foram para a antiga sociedade ocidental.
Costumam retorquir-me que na actualidade o Islão é, de entre as grandes religiões, aquela que cresce. Estatisticamente é verdade. Porém, parece-me mais verdadeiro do que a fria estatística o que se pode ver com outras observações. O Islão cresce nas franjas, expande-se - mas sobretudo em África. A missionação constante, e o abundante dinheiro do petróleo, e a paralisia mental do cristianismo (onde se passou a condenar o proselitismo!) explicam facilmente esse crescimento - feito num terreno onde a produção autóctone nunca originou senão formas primitivas de espiritualidade. O Islão cresce também na Europa, no Ocidente rico e vazio - mas como não compreender que isso acontece devido à deserção das Igrejas, sobretudo da Igreja Católica, que deixaram de satisfazer as necessidades espirituais das gentes?
O Islão cresce, nas franjas. A cabeça vai apodrecendo, e o corpo estremece, em estertores violentos que se prolongam e previsivelmente se prolongarão não se sabe até quando. No final, todavia, o resultado surge-me como inevitável. Sociedades "ocidentalizadas". Ainda será no nosso tempo que veremos um McDonalds a ladear a Caaba. Ah, e o Irão potência nuclear, é claro. É tudo a mesma coisa.
O caminho de Guénon levou-o ao islamismo, convencido que aí tinha encontrado uma espiritualidade superior. Julgo que se tratou de um equívoco, do tipo "pensamento desejoso". Tanto queria encontrar, que julgou encontrar. O Islão, como certos resquícios de civilizações do Oriente, recebeu com atraso o choque de uma modernidade que há muito triunfou a Ocidente. Olhando quase há cem anos, admito que aquilo que me parece a mim simples atraso cronológico tenha surgido aos olhos de Guénon como algo de mais substancial. Porém, não é tal. Muito do que podemos ver hoje em dia confirma, do meu ponto de vista, que os efeitos do contacto com a modernidade serão muito mais devastadores no mundo islâmico do que o foram para a antiga sociedade ocidental.
Costumam retorquir-me que na actualidade o Islão é, de entre as grandes religiões, aquela que cresce. Estatisticamente é verdade. Porém, parece-me mais verdadeiro do que a fria estatística o que se pode ver com outras observações. O Islão cresce nas franjas, expande-se - mas sobretudo em África. A missionação constante, e o abundante dinheiro do petróleo, e a paralisia mental do cristianismo (onde se passou a condenar o proselitismo!) explicam facilmente esse crescimento - feito num terreno onde a produção autóctone nunca originou senão formas primitivas de espiritualidade. O Islão cresce também na Europa, no Ocidente rico e vazio - mas como não compreender que isso acontece devido à deserção das Igrejas, sobretudo da Igreja Católica, que deixaram de satisfazer as necessidades espirituais das gentes?
O Islão cresce, nas franjas. A cabeça vai apodrecendo, e o corpo estremece, em estertores violentos que se prolongam e previsivelmente se prolongarão não se sabe até quando. No final, todavia, o resultado surge-me como inevitável. Sociedades "ocidentalizadas". Ainda será no nosso tempo que veremos um McDonalds a ladear a Caaba. Ah, e o Irão potência nuclear, é claro. É tudo a mesma coisa.
2 Comments:
Muito bem observado! E concordo: há que ler Guénon "cum grano salis".
Obrigadissimo.
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