sexta-feira, maio 15, 2009

Levantar hoje de novo

O que surpreende qualquer analista não é a gravidade da situação portuguesa, seja qual for o ângulo de visão. Essa já é conhecida há muito, e está ampla e generalizadamente diagnosticada. O que surpreende é a passividade e a indiferença dos portugueses. Quase todos se limitam a sobreviver (para muitos não é fácil), e todos a encolher os ombros. Muitos contam anedotas, e vão-se rindo com a desgraça. Uns poucos aproveitam, e perante a apatia geral devoram avidamente o que resta.
O que choca não é, portanto, ver o estado a que isto chegou. É constatar o consentimento, a cumplicidade, daqueles de quem seria de esperar a reacção. O que custa não é a presença do inimigo, é a ausência dos amigos.
Portugal é um problema dos portugueses. E os portugueses são o problema de Portugal.
Em outras épocas, nas horas críticas houve sempre quem marcasse encontro com a História. Não duvido que fossem poucos, certamente uma minoria decidida, mas houve gente para levedar a massa e erguer triunfantes as bandeiras que ameaçavam perder-se no chão do esquecimento.
Na hora que passa, parece que somos já apenas uma massa amorfa que se sentou a ver a história pela televisão. E o pior de tudo é ver tantos e tantos com responsabilidades a reservarem para si lugares de espectador. Não posso conformar-me, não compreendo, não aceito.

3 Comments:

At 12:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Como eu o compreendo...
Mas fazer o quê?
A única coisa decente que me ocorre é votar no PNR, que é o que vou fazer.
Assim muitos fizessem o mesmo. Outro galo cantaria.

Zé da Lezíria

 
At 12:37 da tarde, Blogger cristina ribeiro said...

Os radicalismos nunca deram bom resultado. Tem de haver outro caminho...

 
At 2:04 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"..., não compreendo, não aceito". Também eu não.
Passa-se qualquer coisa de muito grave com a postura amorfa e a falta d'indignação dos portugueses perante o estado lastimoso em que o nosso país se encontra.
Quando um povo assiste impávido e sereno às maiores corrupções e traficâncias a que esse mesmo povo jamais assistiu em toda a sua longa História e isto praticado durante dezenas d'anos e com provas dadas por testemunhas insuspeitas, não se revoltando para pôr cobro a todo esse desaforo, então estamos mesmo perto do fim de um país. Pensar que isto está acontecer ante os nossos olhos sem que movamos uma palha para o travar, é mau demais para ser verdade. Portugal está profundamente doente e vê-lo neste estado e sem recuperação aparente, causa uma mágoa e uma infelicidade difíceis de traduzir por palavras.
Mágoa e infelicidade que atingem os portugueses física e espìritualmente. Grande parte dos cancros que estão a surgir na população em números cada vez mais assustadores, têm a sua real origem no estado deprimente em que se encontra o nosso país. Sem que se vislumbre solução. Para gáudio dos governantes diabòlicamente sádicos. Os mesmos que desde há quase quatro décadas, têm vindo passo a passo a destruir Portugal. Afinal este mais não é do que o epílogo daquele trágico destino que, num dia já muito longínquo, um bando de traidores vaticinou para o bom e crente povo português.
Maria

 

Enviar um comentário

<< Home